Capítulo 3.

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"A ridícula esperança no amor."

Assim que cheguei no escritório pedi para Lídia vir até minha sala. Passamos meus horários, compromissos para está terça-feira. 

Ouço minha porta se abrir, roubando nossa atenção. Então fixamos o olhar sobre a porta, Lorena adentra a sala em prantos. 

— Aí meu Deus, o que aconteceu? — Eu perguntei me levantando e indo até Lorena. 

— Vou deixar vocês sozinhas. — Disse Lídia saindo da sala. 

— Senta aqui! — Eu disse a guiando até a poltrona e buscando um copo de água no filtro. 

— bebe devagar e me conta o que aconteceu. — Dei-lhe o Copo. 

— O Augusto. O cara que eu conheci no bar, ele me chutou. Me prometeu tantas coisas, fizemos tantos planos. Pra ele simplesmente terminar comigo? 

— Espera. Mas vocês se conheceram a pouco tempo. Nem era um relacionamento. 

— Desde aquele dia, não nos separamos. Fomos em vários lugares juntos a passeio. Conheci até o irmão dele, eu achava que ele era o cara certo. Depois que transamos ele me deixou. 

— Meu Deus, Lorena. Você é muito carente e todo cara que conhece, já se enche de expectativa achando que é o cara certo. Não é assim que funciona, os homens merecem ser usados para diversão e só. 

— Espera... Eu nunca tinha reparado, mas quem foi ele? Quem foi o cara que te usou e fez você ficar fria desse jeito? 

— Que? Tá doida? — Eu disse levantando a sobrancelha em tom de surpresa. 

— Não. Me fala, me fala dele. 

— Tá. Tudo bem. Não foi nada comigo, eu nunca deixei que acontecesse. 

— Que? Como assim? 

— O cara é o meu pai. Eu cresci o vendo trair minha mãe, ela fazia de tudo por ele e mesmo assim nunca foi o suficiente. A traía com tudo que se mexia, passava noites fora de casa e depois voltava como se nada tivesse acontecido. Ele acreditava que as mulheres só serviam para serem usadas e para os afazeres de casa. 

— Nossa... Eu nem imagino como foi crescer presenciando isso.

— E fica pior. Ele me descriminava por ser mulher, tudo era pro meu irmão. Mesmo eu sendo a mais inteligente, ele só tinha olhos para o meu irmão. Como se não bastasse, ele ainda o fez a imagem dele. Uma vez ouvi os dois conversando e meu pai dizendo que tinha que manter as mulheres na coleira porque elas não sabiam viver sozinhas. 

— Então é por isso que você nunca deixou nenhum homem entrar na sua vida? 

— Sim. 

— Mas você sabe que nem todos os homens são iguais. Não é? 

— Você já esqueceu o que aconteceu com você? O cara te jogou fora igual papel higiênico. 

— Ei! — Disse irritada. — Mas não é por isso que vou perder a esperança no amor. Todos nós merecemos ser amados. 

— Eu amo você. Mesmo com essa esperança ridícula, mesmo que eu tenha que sempre catar os seus caquinhos.  — Eu disse sorrindo. 

— Também amo você. — Disse-a dando um toquinho em meu ombro.

— Eu tenho uma reunião agora. Você vai ficar bem? 

— Vou sim. — Disse-a limpando o rosto. 

— Pode ficar aqui e se recompor. — Eu disse sorrindo e pegando minha pasta e saindo da sala. 

No caminho da sala de reuniões, todas as lembranças da infância vieram à tona. Já faz tanto tempo que não vejo minha família, minha mãe não tinha culpa pelo jeito que sempre foi tratada. Mas não consigo ver razões para continuar com aquele cara — Não me atrevo chamá-lo de pai. 

— Doutora Fontes, a reunião será aqui! —Ouço alguém arrancar-me dos pensamentos. 

— Ah sim! Obrigada. — Eu disse enquanto adentrava a sala. 

— Oi. Você também vai fazer parte da reunião? 

— Eu disse ao ver Maurício. 

— Na verdade não tem reunião, eu que agendei esse horário com você. Queria te ver, hoje é meu último dia na cidade. Só volto daqui dois meses. 

— Você poderia fazer igual os cara normais e me chamar pra jantar? É só uma sugestão. 

— Ele sorriu, veio na minha direção, me deu um selinho. 

Meu celular começa a tocar. — Não atende. — Maurício disse enquanto me beijava. 

— Deixa só eu ver quem é. — Eu disse me afastando e pegando o celular na minha bolsa. Chamada da minha mãe. Pensei duas vezes antes de atender. 

— Alô? 

— Filha, sou eu. Preciso de você! — Disse-a em prantos. Fazendo meu coração apertar. 

— Você está bem mãe? 

— Não. Eu estou no hospital, preciso que venha até aqui. - Disse-a gaguejando e passando o endereço do hospital. 

— Estou a caminho. — Desliguei. 

— Eu sinto muito Maurício. Eu tenho que ir, minha mãe precisa de mim. 

A caminho do hospital mandei uma mensagem para Lídia, minha secretária. Pedindo para que cancelasse meus horários de hoje. 

Ao adentrar o hospital, fui até a recepção dar o nome da minha mãe. Mas não tinha ninguém com o nome de Vivian Fontes Salazar registrada.  — Será que ela passou o endereço errado? — Pensei enquanto passava os olhos sobre a sala de espera. Até reconhecer minha mãe. 

— Mãe? Já recebeu alta? — Perguntei enquanto me sentava ao seu lado. — Senti saudade. Que bom que está bem! — a abracei. 

— Filha, não sou eu que estou doente. É o seu pai. 

— Ah, é? E por que você me chamou aqui? 

— Ele precisa de um fígado. Eu e seu irmão não somos compatíveis. 

— Coitado. — Eu disse enquanto um sorriso amarelo se instalava em meu rosto. — Então tá. Eu tenho que ir, tenho que trabalhar. Bom ver você mãe. — Eu disse me levantando e dando dois toquinhos em seu ombro. 

— Luísa, você não entende? — Levanta e segura meu braço. — Eu quero que você doe um pedaço do seu pra ele. 

— Eu sorri. — Tá brincando não é? 

GENTE!!! Mais uma vez falhei na missão de segurar o capítulo kkkkk O que acharam do capítulo de hoje e dessa volta da Mãe da Luísa ?

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GENTE!!! Mais uma vez falhei na missão de segurar o capítulo kkkkk
O que acharam do capítulo de hoje e dessa volta da Mãe da Luísa ?

Burocracia - Mirian Costa.Onde histórias criam vida. Descubra agora