"A ridícula esperança no amor."
Assim que cheguei no escritório pedi para Lídia vir até minha sala. Passamos meus horários, compromissos para está terça-feira.
Ouço minha porta se abrir, roubando nossa atenção. Então fixamos o olhar sobre a porta, Lorena adentra a sala em prantos.
— Aí meu Deus, o que aconteceu? — Eu perguntei me levantando e indo até Lorena.
— Vou deixar vocês sozinhas. — Disse Lídia saindo da sala.
— Senta aqui! — Eu disse a guiando até a poltrona e buscando um copo de água no filtro.
— bebe devagar e me conta o que aconteceu. — Dei-lhe o Copo.
— O Augusto. O cara que eu conheci no bar, ele me chutou. Me prometeu tantas coisas, fizemos tantos planos. Pra ele simplesmente terminar comigo?
— Espera. Mas vocês se conheceram a pouco tempo. Nem era um relacionamento.
— Desde aquele dia, não nos separamos. Fomos em vários lugares juntos a passeio. Conheci até o irmão dele, eu achava que ele era o cara certo. Depois que transamos ele me deixou.
— Meu Deus, Lorena. Você é muito carente e todo cara que conhece, já se enche de expectativa achando que é o cara certo. Não é assim que funciona, os homens merecem ser usados para diversão e só.
— Espera... Eu nunca tinha reparado, mas quem foi ele? Quem foi o cara que te usou e fez você ficar fria desse jeito?
— Que? Tá doida? — Eu disse levantando a sobrancelha em tom de surpresa.
— Não. Me fala, me fala dele.
— Tá. Tudo bem. Não foi nada comigo, eu nunca deixei que acontecesse.
— Que? Como assim?
— O cara é o meu pai. Eu cresci o vendo trair minha mãe, ela fazia de tudo por ele e mesmo assim nunca foi o suficiente. A traía com tudo que se mexia, passava noites fora de casa e depois voltava como se nada tivesse acontecido. Ele acreditava que as mulheres só serviam para serem usadas e para os afazeres de casa.
— Nossa... Eu nem imagino como foi crescer presenciando isso.
— E fica pior. Ele me descriminava por ser mulher, tudo era pro meu irmão. Mesmo eu sendo a mais inteligente, ele só tinha olhos para o meu irmão. Como se não bastasse, ele ainda o fez a imagem dele. Uma vez ouvi os dois conversando e meu pai dizendo que tinha que manter as mulheres na coleira porque elas não sabiam viver sozinhas.
— Então é por isso que você nunca deixou nenhum homem entrar na sua vida?
— Sim.
— Mas você sabe que nem todos os homens são iguais. Não é?
— Você já esqueceu o que aconteceu com você? O cara te jogou fora igual papel higiênico.
— Ei! — Disse irritada. — Mas não é por isso que vou perder a esperança no amor. Todos nós merecemos ser amados.
— Eu amo você. Mesmo com essa esperança ridícula, mesmo que eu tenha que sempre catar os seus caquinhos. — Eu disse sorrindo.
— Também amo você. — Disse-a dando um toquinho em meu ombro.
— Eu tenho uma reunião agora. Você vai ficar bem?
— Vou sim. — Disse-a limpando o rosto.
— Pode ficar aqui e se recompor. — Eu disse sorrindo e pegando minha pasta e saindo da sala.
—
No caminho da sala de reuniões, todas as lembranças da infância vieram à tona. Já faz tanto tempo que não vejo minha família, minha mãe não tinha culpa pelo jeito que sempre foi tratada. Mas não consigo ver razões para continuar com aquele cara — Não me atrevo chamá-lo de pai.
— Doutora Fontes, a reunião será aqui! —Ouço alguém arrancar-me dos pensamentos.
— Ah sim! Obrigada. — Eu disse enquanto adentrava a sala.
— Oi. Você também vai fazer parte da reunião?
— Eu disse ao ver Maurício.
— Na verdade não tem reunião, eu que agendei esse horário com você. Queria te ver, hoje é meu último dia na cidade. Só volto daqui dois meses.
— Você poderia fazer igual os cara normais e me chamar pra jantar? É só uma sugestão.
— Ele sorriu, veio na minha direção, me deu um selinho.
Meu celular começa a tocar. — Não atende. — Maurício disse enquanto me beijava.
— Deixa só eu ver quem é. — Eu disse me afastando e pegando o celular na minha bolsa. Chamada da minha mãe. Pensei duas vezes antes de atender.
— Alô?
— Filha, sou eu. Preciso de você! — Disse-a em prantos. Fazendo meu coração apertar.
— Você está bem mãe?
— Não. Eu estou no hospital, preciso que venha até aqui. - Disse-a gaguejando e passando o endereço do hospital.
— Estou a caminho. — Desliguei.
— Eu sinto muito Maurício. Eu tenho que ir, minha mãe precisa de mim.
A caminho do hospital mandei uma mensagem para Lídia, minha secretária. Pedindo para que cancelasse meus horários de hoje.
Ao adentrar o hospital, fui até a recepção dar o nome da minha mãe. Mas não tinha ninguém com o nome de Vivian Fontes Salazar registrada. — Será que ela passou o endereço errado? — Pensei enquanto passava os olhos sobre a sala de espera. Até reconhecer minha mãe.
— Mãe? Já recebeu alta? — Perguntei enquanto me sentava ao seu lado. — Senti saudade. Que bom que está bem! — a abracei.
— Filha, não sou eu que estou doente. É o seu pai.
— Ah, é? E por que você me chamou aqui?
— Ele precisa de um fígado. Eu e seu irmão não somos compatíveis.
— Coitado. — Eu disse enquanto um sorriso amarelo se instalava em meu rosto. — Então tá. Eu tenho que ir, tenho que trabalhar. Bom ver você mãe. — Eu disse me levantando e dando dois toquinhos em seu ombro.
— Luísa, você não entende? — Levanta e segura meu braço. — Eu quero que você doe um pedaço do seu pra ele.
— Eu sorri. — Tá brincando não é?
GENTE!!! Mais uma vez falhei na missão de segurar o capítulo kkkkk
O que acharam do capítulo de hoje e dessa volta da Mãe da Luísa ?
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Burocracia - Mirian Costa.
RomansaAté onde uma mulher é capaz de ir para se sentir livre? Contra todas as probabilidades, Luísa vem mostrando que sabe se virar sozinha. Atraente e bem sucedida o que não falta são meios para conseguir tudo o que quer. Contando muita das vezes com su...