Ter sonhos é o que há de mais humano em nossa essência. O sonho de Lyli é trabalhar em uma grande Editora e suscitar sua paixão pelos livros e pela escrita. Ingressando em sua vida adulta a moça precisa de um emprego para se manter morando sozinha n...
❝CURIOSIDADE GERALMENTE TRAZ PROBLEMAS.❞ – Lewis Carroll
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•••O SOL ainda aparecia com timidez por detrás dos grandes edifícios. Impressionantemente Lyli já estava acordada antes mesmo do sol anunciar a chegada de um novo dia. Calçava seus tênis calmamente fazendo um perfeito laço que não desamarrasse facilmente. Lyli se aproximou da janela na beirada de sua cama conferindo se o táxi já estava aguardando-a. O carro sedã estava do outro lado da rua coberto de gotículas da chuva da noite passada. Lyli desceu suas duas malas com tudo que ela tinha e mais uma mochila com porções de livros, desceu pelas escadas com toda aquela tralha, por pouco não tropeçou em uma tábua solta pelo meio do corredor. Tecnicamente, seria mais viável se tivesse descido com cada coisa de uma vez, entretanto ela ignorou essa ideia por completo e se aventurou em descer pela escada de caracol com duas malas e uma mochila nas costas. Ao chegar na portaria descansou uma das malas no chão empoeirado e deixou sua chave em cima do balcão junto de um envelope com o dinheiro do aluguel do último mês. Não estava nem próximo do vencimento, mas sua integridade e honestidade a fez deixar o dinheiro pagando os dias que passara lá. Ela novamente pegou as malas e saiu tropeçando por todos os lados porque não conseguia enxergar o chão. Lyli olhou para o motorista do táxi e aguardou que ele a ajudasse, mas para sua fadiga ele nem notou sua presença por estar devidamente ocupado com um jogo de paciência em um aplicativo online. A moça precisou deixar tudo no chão para então abrir a porta do passageiro e colocar todas as malas lá dentro. Com custo e aperto ela conseguiu enfiar-se no pequeno espaço que restou para que pudesse se sentar no táxi. Lyli notou que ainda nem existia um grande tráfego de pessoas e veículos nas ruas, ainda era cedo, ela realmente esperava que Senhora Dora já estivesse acordada quando chegasse na grande mansão.
A moça reconheceu o portão de grades e a fonte de água centralizado no pátio da entrada. Pagou ao táxi e desceu de modo todo atrapalhado com as malas nas mãos. Esticou sua mão buscando alcançar o interfone para tocá-lo, a câmera da portaria já devia ter a identificado, então o portão apenas abriu permitindo sua entrada.
"Bom dia, deixe-me te ajudar. Você deve ser a Lyli." Disse o homem de meia idade pegando duas das malas de mãos da menina.
"Bom dia, muito obrigada." Ela agradeceu, o que a fez lembrar que ainda existiam pessoas gentis e simpáticas vagando por aí.
"Sou Benjamin, o jardineiro. Todos aqui me chamam de Ben." O senhor se apresentou.
"O senhor fez um belo trabalho. O jardim está incrível." Disse a moça enquanto entravam pelas portas dos fundos ainda deslumbrada com as lindas rosas amarelas espalhadas pelos canteiros da entrada.
"Obrigado, senhorita." Ben deixou trespassar um ar de satisfação por suas narinas.
"Bom dia, querida." Dora veio ao seu encontro e deu-lhe um abraço carinhoso, confirmando as teorias que a menina tinha sobre a senhora ser uma pessoa bastante agradável. "Venha, deixe-me te apresentar os outros funcionários." Dora colocou a mão nos ombros da jovem e a guiou. "Este é Maurice, chef de cozinha, faz os melhores pratos existentes."
