Abstinência

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Minha cabeça estava explodindo, eram muitas preocupações para dar conta, de fato, óbvio que não quero permitir que levem meu filho de mim, mas no momento não tenho opções. Porra! Eu preciso de estratégias, estou correndo contra o tempo. Enfadado, suspiro forte e fecho meus punhos acertando a mesa de madeira, o que chama atenção de quem estava próximo.

Foda-se os curiosos.

— Com licença detetive. — pronúncia Zayn de frente a porta.

— O que é? — digo impaciente.

— Aqui está a ordem judicial que você pediu, para investigar a empresa Speed Tech Company.

— Obrigado. Pode deixar sobre a mesa.

Encarei o papel, peguei meu bloco de anotações logo que fiquei sozinho, verificando meus últimos registros. Talvez não seja o momento certo para me aprofundar nos mistérios dessa empresa, minha intuição diz que existe muita sujeira escondida por baixo desse tapete, mas nada irá ficar despercebido por mim. De agora em diante, toda minha atenção tem que ser dobrada em relação a Nora, acho que essa ordem judicial pode esperar por um tempo.

                         {•••}

NORA

O clima estava tenso na delegacia, outra vez estava sendo alvo das conversas alheias, só que o assunto desta vez era minha gravidez, sendo sincera, não me incomodo com o que dizem ao meu respeito, contanto que não prejudiquem a minha gestação.

Durante o dia quase não tive contato com Bill, e muito menos com Melanie. Depois do ocorrido no karaokê procuro evitar encontra-la, e sinto que ela fazia o mesmo, talvez seja melhor do jeito que está, mas ainda não consigo esquecer o que ela fez, o que ganharia em troca por querer me humilhar?

De qualquer forma, não mudará nada ficar remoendo essa situação. Se eu confiei nela em algum momento, com toda certeza não cometerei o mesmo erro novamente.

Em meio aos meus pensamentos, deixo um sorriso bobo brotar nos meus lábios, toco em meu ventre ainda imperceptível, eu não imaginava que ficaria tão feliz com uma gravidez inesperada.

De noite, quando estávamos em casa, Bill se prontificou em preparar uma sopa para o jantar. Ele estava tão dedicado, era admirável e fofo ao mesmo tempo o seu cuidado comigo.

Algo não estava certo, ele estava introspectivo demais, apenas o som dos nossos talheres era audível na mesa, além dele também evitar me olhar.

— Está tudo bem? Você parece distante...

— Estou bem. — respondeu simplesmente.

— Tenho a impressão de que você não está.

— Impressão errada. — continuou comendo sem dar a devida atenção.

— Ok, está de mau humor, não vou perguntar mais nada.

Não trocamos mais uma palavra se quer, Bill conseguia ser impossível quando quer, não havia nada que o persuadia. Ou talvez poderia?

                            {•••}

BILL

Enxugo meu rosto de frente ao espelho, encarando meu reflexo, passando minha mão entre meus cabelos molhados.

"Quando a criança nascer, ela não ficará com vocês."

Aquela maldita voz ecoava em minha mente, mas infelizmente é compreensível até certo ponto, eu não vou poder dar o melhor que posso para essa criança, não enquanto a bagunça não for resolvida; uma criança viver como fugitiva não é o que ninguém quer para o próprio filho, muito menos se for pelo simples fato dela nascer. Agora tenho mais um motivo para acabar com isso de uma vez.

Saio do banheiro e vou para o sofá, deitado de barriga para cima, processando os fatos, até que vejo de soslaio uma silhueta, de primeira não me chama atenção até ela parar na minha frente. Nora estava diante de mim, vestindo uma lingerie vermelha provocativa, vermelho é minha cor favorita, mas não estava no clima para sexo, então fechei meus olhos ignorando inutilmente sua presença, se eu não corresponder talvez ela desista e vá embora, péssima ideia.

Sinto um calor entre minhas calças e um certo peso sobre minhas pernas, abro os olhos e tenho a visão dela sentada sobre meu membro.

— O que você está fazendo? — questiono depreciativo.

— Estou tentando te relaxar. — respondeu naturalmente. — Você está tenso demais, acho que sei do que você precisa.

Nora começou a rebolar em cima de mim, me instigando, apesar de estar coberto por minhas calças, eu conseguia sentir sua carne quente e convidativa, que consequentemente fez meu pau endurecer. Seus seios estavam mais avantajados e fartos do que antigamente, e aquela lingerie só a deixava mais sedutora. Ela avança para meus lábios e eu correspondo, estava quase me deixando levar pela maciez de suas mãos enquanto desabotoava meu zíper, até o momento da minha razão gritar; não posso permitir que ela me controle outra vez, ela está tomando tudo de mim, me deixando louco, fora dos trilhos, eu não vou me entregar a essas sensações.

Para... — peço entre o beijo, mas ela me ignora. — Eu mandei parar!

Segurei suas mãos com certa força e assim que tenho sua atenção a solto imediatamente, confusa mas ainda no meu colo ela questiona.

— O que aconteceu?

— Nada, eu... só não estou no clima, saí de cima de mim, por favor.

— Eu fiz alguma coisa?

— Não, mas quero que saia. — continuei irredutível. Emburrada, ela se põe de pé.

— O que tá acontecendo com você?

— Estou normal, não tá vendo?

— Não, você claramente não está bem! Você tá me achando gorda, é isso? 

O que? Então é com isso que ela está preocupada? Perder meu tesão por ela? Ah, se ela pudesse ler meus pensamentos.

— O que? — quis gargalhar — Não tem nada haver com seu corpo, só não vai rolar.

— Mas por que não? O que eu fiz de errado?

— Não tem nada de errado com você, são seus hormônios por conta da gravidez. — expliquei mas Nora continuava com cara de paisagem. — Eu li sobre isso uma vez, a gestação aumenta o desejo sexual na mulher, mas não vai acontecer, não tô afim.

— Esse seu discurso é ridículo!

— Interprete como quiser, só quero que me deixe sozinho. — cobri minhas pálpebras com o braço.

Completamente frustrada sem ter o que quer, ouço Nora bater a porta de seu quarto furiosa, não me importando com seu drama, tento dormir um pouco. 

— Obrigado. — digo sozinho comigo mesmo.

Behind Blue EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora