Behind Blue Eyes

Emboscada

Bill não estava contente, era nítido sua insatisfação em seu olhar, como se fosse um castigo estar ao meu lado. Quando Bianchi me contou sobre o programa de proteção, me senti aliviada, mas no momento que ele me disse que o detetive Skarsgard seria meu protetor fiquei com um pé atrás. De início eu tentei convencê-lo de que não precisava de guarda-costas mas Bianchi me recordou sobre minha atual situação que é delicada, e que não estou em condições de protestar, visto que preciso de sua ajuda. Mesmo que isso signifique conviver com o Bill.

Não era tão ruim ficar ao lado do Bill, a maior parte do tempo ele ficava calado, e como eu sou uma pessoa muito comunicativa sempre puxava assunto com ele para quebrar a tensão entre nós, mas Bill não se esforçava nem um pouco para manter uma relação cordial. Eu cheguei a cogitar que sua frieza comigo era por conta do comentário que eu tinha feito quando nos conhecemos, mas acredito que ele não seja homem de se ofender facilmente, talvez ele só esteja sendo frio por está fazendo um trabalho contra sua vontade, o que só torna tudo mais complicado.

Ter a experiência de Skarsgard como meu guarda-costas foi constrangedor, eu devia me sentir segura ao seu lado, mas era como se eu perdesse minha liberdade e privacidade, ele literalmente seguia meus passos, analisava tudo o que eu fazia, vigiando como uma águia com suas orbes azuis, desconfiando de todos e mantendo sua postura e o semblante sério para qualquer um que o encarasse.

Bill tem algo que me atraí, não sei ao certo se é seu jeito misterioso e conservador ou se é a maneira em como seu olhar me deixa intimidada ao ponto de sentir minhas bochechas queimarem de vergonha por tal atrevimento. Ele possui um charme diferente de todos os rapazes que eu já conheci, e quanto mais próxima eu estava dele, mais eu queria descobrir.

O Detetive me acompanhou desde o meu trabalho até na cremação do meu irmão, onde me despedi dele pela última vez, depois seguimos para minha casa, aliviada por não estar voltando sozinha.

Na primeira noite em que Bill estava vigiando minha casa, estava devidamente equipado, tinha até uma moça junto com ele, que eu já tinha visto algumas vezes na delegacia mas a mesma não ficou a noite toda. Quando estava indo me preparar pra dormir espiei pela janela para observa-lo, já se passavam da meia-noite e Skarsgard estava sozinho do lado de fora, confesso que fiquei com pena dele, geralmente a noite fazia frio.

— Você não quer entrar um pouco? Está frio aqui fora. — digo ao abrir a porta mas ele nem ao menos olhou pra mim.

— Não é necessário, volte para dentro. — disse autoritário.

— Tem certeza que não quer nem um café? Eu fiz bolo. — tento ser gentil apesar da resposta.

— Não, obrigado. Estou em horário de trabalho. — continuou de costas.

— Então vai ser assim? — digo indignada. — Não podemos fingir uma relação amigável para tornar nossa relação pelo menos agradável?

— Em primeiro lugar, não tenho interesse em ser seu amigo. — disse virando-se para mim. — E em segundo, essa situação está longe de se tornar agradável algum dia. Agora, volte pra dentro por favor, não costumo usar essa palavra mais de uma vez, então não me force a fazê-la entrar.

— Tosco. — fecho a porta com certa brutalidade para descontar minha frustração.

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BILL

Ontem o dia havia sido muito corrido e cansativo ao extremo, aquela mulher era o próprio capeta em pessoa, não parava um segundo. Dirigia tranquilamente até a empresa, teria que passar mais um dia com a presença daquele ser humano chato na minha cola, quando ela estava com a boca fechada era de total atração, desde o jeito que mexia em seu cabelo ou como mordia o lábio enquanto pensava. Assim que ela entrou no carro não trocamos palavras que não fossem o necessário, ela apenas me informou o que iríamos fazer, que no caso seria pegar o material no escritório de seu irmão que ainda não havia sido retirado, Nora não demonstrou nenhum tipo de reação quando falou sobre o assunto, acho que ela havia superado bem mais rápido do que todos estavam falando que superaria.