Prova de fogo

556 53 35
                                    

O Aroma convidativo do café da manhã sendo feito me fez despertar com a barriga roncando, segui o cheiro com a boca salivando, ao entrar na cozinha me deparo com Bill de costas fazendo omelete, ele estava usando uma camisa fina branca, tão fina que eu conseguia ver o desenho de seus músculos se contraindo até a suas covinhas na cintura. Bill se vira e me pega o observando, ele apenas sorri cínico pra mim e me cumprimenta.

— Bom dia, dorminhoca. — serviu meu prato. Eu nunca ia entender essa mudança de humor dele.

— Bom dia. — digo fria, ainda estava chateada com o que ele havia dito pra mim.

— Acho que alguém caiu da cama, porque acordou com um péssimo humor. — provocou.

— O que você esperava? Que eu ficasse com a cara aberta depois de tudo que você me falou?

— Eu apenas fui sincero com você, não pensei que ia levar pro lado pessoal. Pensei que teria maturidade.

— Vai se ferrar Bill! Não comece com essa merda para que eu me sinta culpada, porque a culpa é sua! — explodi com sua cara sonsa.

— Você definitivamente não está em um dia bom. — sentou de frente pra mim. — Nem agradeceu o café que eu fiz com todo carinho pra você.

— Ah, que gentil da sua parte, não é mesmo? — digo debochada. Comi em silêncio, evitei a todo momento olhar pra ele.

— Sobre ontem, eu espero de verdade que não tenha se chateado com o que eu disse. — começou a falar. — Mas é a verdade, eu não quero me relacionar com ninguém.

— Havia outras maneiras de você abordar o assunto, mas você escolheu a maneira mais rude. — respondi sem o encarar. — Mas você está na sua razão, é como diz o ditado: plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

— Isso não é um ditado popular Nora, é Shakespeare.

— Me admira que você conheça ele. — digo surpresa.

— Claro que conheço, assim você me ofende. — me encara ofendido. — Qualquer um que teve uma boa educação estudou Shakespeare na escola.

— Me desculpe. — olho ele. — Sabe, quando era mais nova e planejava ter filhos, William seria o nome do meu filho.

— Por causa do escritor? — perguntou de boca cheia e eu confirmo com a cabeça.

— E você, já pensou nisso? — Bill se engasgou com minha pergunta, tossiu até conseguir falar.

— Em ter filhos? — confirmo com a cabeça. — Não, e nem quero. Não me imagino sendo pai.

— Mas e se acontecesse? Hipoteticamente, qual nome você escolheria?

— Bom, hipoteticamente eu gostaria de ter uma filha, na minha família só tem homens e seria legal cuidar de uma garotinha, Anabelle seria um bom nome.

— Não me diga. — seguro o riso. — Sua filha teria o nome de uma boneca diabólica?

— Ei, eu não te julguei na sua vez, e sim, esse é meu filme favorito e o nome é bonito. — disse óbvio e eu ri. — Ah, antes que eu esqueça, a sua geladeira tá vazia, precisamos fazer compras.

— É, precisamos. — volto a comer.

{•••}

BILL

Encarava meu reflexo no espelho, eu estava com um semblante cansado, no entanto, exibe mais cansado que meu semblante apenas a minha mente.

Estava tudo bagunçado. Eu não conseguia fazer nada por completo e também não estava conseguindo realizar meu trabalho corretamente, com a essência de sempre, era isso que eles esperavam de mim. Não que eu ligasse pra eles e para suas opiniões, mas era uma cobrança que eu havia de ter comigo mesmo.

Behind Blue EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora