Para Onde Vamos a Partir Daqui?

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NÃO! — caí em desespero ao lado do corpo do Bill. — O QUE VOCÊ FEZ?

Melanie expressava uma cara de êxtase, como se não acreditasse que fez realmente aquilo, na verdade, todos nós estávamos em choque.

— Tira as mãos dele. — apontou a arma pra mim. — Eu mandei se afastar, sua idiota!

Rapidamente, os capangas a surpreenderam por trás, a imobilizaram para não haver mais disparos.

Aplausos ecoaram por todo o ambiente tomando nossa atenção, minhas mãos tremiam, eu não conseguia me mexer, o sangue de Bill estava se espalhando muito rápido.

— Ora, ora. Vejam só, se não é realmente um show de horrores.

Meu Deus, essa voz! Não é possível, será que enlouqueci?

— Filho?

Eu não estava alucinando, meu pai também estava vendo Casper ali, não acredito que ele está realmente vivo!

— Não venha me chamar de filho, com essa sua boca imunda. — impõe meu irmão, todos estamos transtornados com essa revelação.

— Como? Meu Deus, você está vivo! Eu vi você morrer...

— Correção, você achou que me viu morrer. — direciona seu olhar para mim. — Aquele não era meu corpo, e isso querida irmãzinha, diz que realmente não nos conhecemos de fato.

— Todos nós sentimos a sua perda... e você estava brincando de deus? — rebateu nosso pai.

— Todos quem? Eu não vi ninguém lamentar, além da tonta da Nora, e quem realmente deveria estar sentindo minha perda, estava viajando com prostitutas em um iate! — afirma alterado.

— Como ousa?! — Nicolas tenta encaixar uma resposta mas falha. — Você, meu próprio sangue...

— Aprendi a ser um cafajeste com um cafajeste ainda pior. — diz esbanjando um sorriso maléfico.

— Por que? Por que você forjou sua morte? — questionei confusa. Nada parecia fazer sentido pra mim.

— VOCÊ ROUBOU TUDO DE MIM! — gritou mostrando sua fúria. — O meu pai, a empresa que deveria ser minha herança, você destruiu minha vida desde que passou a existir.

— Do que você tá falando? Eu nunca tive a intenção, eu admirava você, pensei que tínhamos um ao outro. Você era o meu herói, o único homem sensato da família.

— Herói? — riu debochando de cada palavra minha dita. — Nossa família nunca teve heróis, somos monstros. E do mesmo jeito que perdi tudo que eu tinha, vou tirar tudo de vocês, os seus bens mais preciosos, incluindo suas vidas.

— DIGA O SEU PREÇO! O QUE VOCÊ QUER? — implorou nosso pai.

— O meu preço é a sua destruição. — Meu irmão sorriu diabolicamente, eu conseguia ver a determinação e a libido em seus olhos.

— Eu passei anos querendo impressiona-lo, mas nada parecia ser suficiente, entrei na polícia, consegui o cargo mais importante, eu prendi um homem inocente por sua causa, e nunca tive o mesmo valor que você dava para essa vagabunda!

— Todos temos um limite, os bons também se corrompem em momentos de fraqueza. Quando comecei minha operação não imaginava no que estava por vir, me infiltrei na gangue e por um momento eu tive que escolher, ser por eles ou contra eles. Obviamente fiz a escolha certa, e desde então não me arrependo de nada, Mikhail me respeita e me trata como filho, tenho o devido valor que mereço.

Ninguém estava reagindo, a gangue não queria se envolver nos assuntos da família, meu irmão era realmente membro deles. Eu o perdi para sempre.

— Pois é papai, eu finalmente provei à você que sou capaz de fazer parte de algo grandioso. Olhe onde estou agora! — abriu os braços como se esperasse por sua devoção, entretanto, nosso pai cuspiu nele como reprovação.

Casper desferiu vários socos sem parar até nosso pai cuspir sangue. Eu não podia permitir, era violência demais.

— CHEGA, POR FAVOR! PAREM. — peço piedosamente correndo em sua direção. — Ele ainda é nosso pai.

Casper virou bruscamente e me acertou com um soco, cai imediatamente no chão, com o seu ato, ele partiu meu supercílio.

Bill levantou, me surpreendendo, e imediatamente atacou Casper com um mata leão, eles começaram a brigar ao ponto de se debaterem no chão. Ele ainda estava ferido, mas conseguiu forças para me defender.

— É A POLÍCIA, ABAIXEM AS ARMAS.

Em questão de segundos a polícia invadiu atirando para o alto, e instantaneamente rastejo procurando por um local seguro, quando começam os tiroteios por toda parte. Bill solta Casper e se joga em cima de mim, para me proteger.

Deitada, vejo toda a movimentação ao meu redor, estava a própria puta que pariu, diante daquele caos, tudo parece estar em câmera lenta, toda minha vida passava em minha cabeça, a cada disparo meu pavor aumentava, eu estava com medo de morrer.

E foi nesse momento de pânico e medo que Bill agarrou minha mão e encarou-me nos olhos, me prendendo naquela imensidão azul, fazendo-me ficar entregue a ele e acreditar que vamos sobreviver. Fecho os olhos e espero o transtorno acabar, me concentro apenas em seus braços que me apertam forte.

— ESTÃO FUGINDO! ATRÁS DELES.

Silêncio.

Após longos segundos de silêncio, ganho coragem para abrir os olhos e espiar, vejo outros polícias chegando, respiro aliviada e abaixo o olhar para Bill.

— Você me salvou. — sorri grata, não precisávamos mais nos esconder. — Bill? Amor, acorda.

Balanço seu corpo mas não obtenho resposta, não era justo, depois de todo o sacrifício, não era para acabar desse jeito.

Behind Blue EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora