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Um segurança alto e extremamente forte adentrou o quarto hospitalar quando o Dr. Longford se retirou. Embora tivesse uma expressão intimidadora e não aparentasse ser tão paciente quanto o rapaz de cabelos noturnos, a jovem não se incomodou com a sua presença, contanto que o silêncio permanecesse. E permaneceu.

Os pensamentos de Destiny tentavam retirá-la daquela situação que estava vivenciando, levando-na a uma parte de seu cérebro que estimulava as confabulações. Porém, a jovem se negava a confabular momentos bons, afinal, eram irreais. Kish estava numa situação de merda e, antes do que pudesse prever, seria testada e, muito provavelmente, manipulada. Não poderia viver em sua imaginação enquanto a realidade amarga estivesse diante de seus olhos. Negava-se a mentir para si mesma. 

Horas a fio se passaram, mas a menina não conseguiu descansar. Suas veias borbulhavam o sangue como água fervente, não sabia ao certo se pela dor da costela que se alastrava ao restante do corpo ou se pela raiva. Precisava se recuperar o quanto antes. Ansiava não pelas torturas que sofreria, mas sim, para ir embora o mais rápido possível do laboratório. 

Seus olhos, fixos no teto branco, fitaram a porta quando foi aberta. Esperava ver Brenner ou Longford, mas quem adentrou o cômodo foi uma mulher. Era esguia e tinha os cabelos castanhos presos num rabo de cavalo firme. Usava calças e uma blusa preta coladas ao corpo. Suas botas produziam um barulho irritante quando o pequeno salto ia de encontro ao chão.

— Vaza — disse a mulher balançando a cabeça em direção a saída do quarto, se posicionando no lugar do segurança, enquanto o homem alto e forte saía pela porta e a fechava em suas costas. 

A jovem reconheceu aquela voz. Não demorou mais que alguns segundos até se recordar de onde a conhecia. 

— Misericórdia só é pedida por àqueles que merecem o que lhes aguarda — entonou Destiny, tornando a encarar o teto e sentindo o gosto amargo do típico tom austero na língua. 

— Misericórdia só é pedida por àqueles que sabem que merecem o que lhes aguarda — corrigiu. Sua voz era estridente e arrogante. 

O olhar de ambas se encontraram. Destiny concluiu que a feição da mulher era muito semelhante á de Brenner. Os lábios carnudos esboçando um sorriso virtuoso e os olhos esverdeados queimando em uma luxúria displicente. 

— Eles não deveriam ter feito isso com você, Twenty Eight.

Destiny cerrou os olhos e inspirou o ar profundamente, sentindo sua costela esquerda estremecer em dor, deixando o contorno de seus lábios seco. 

— Claro. Porque eu sou um experimento muito importante para vocês, não é? — questionou retoricamente. A mulher rio. Uma risada ácida e sem um pingo de empatia. 

Ficarei assim se passar muito tempo neste inferno? - refletiu, mas afastou este pensamento.

— Não. Ninguém aqui é importante o bastante para ficar vivo. Quanto mais rápido aprender isso, melhor — seu pé foi de encontro a parede as suas costas, deixando seu corpo apoiado apenas em um par de botas. Seus olhos, antes fixos em Destiny, agora fitavam suas unhas, tirando a sujeira de baixo delas com uma navalha. 

— Mas, com certeza, sou importante o bastante para fazer Brenner matar dois homens por terem me machucado. 

A mulher desviou o olhar novamente para Kish. Sua expressão, inicialmente, fora de desdém. Mas, em seguida, se desfez em satisfação. Achou engraçada a conclusão que Twenty Eight havia chego. Novamente, riu. O sangue de Destiny estava em ebulição. 

— Oh, pobre garota... — disse sorrindo — Acabou de chegar aqui e acha que está em posição de saber mais do que nós? — ela se divertia com a expressão de severidade de Kish — Brenner não suja as próprias mãos em nenhum momento. Acha que foi ele quem empunhou o revólver? Pois saiba que seu achismo está errado! — seu tom de voz e sua face ficaram austeros de uma frase para outra. 

Push me Harder ✧ Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora