Maratona - cap. 1/6Vila Reinhart ainda dormia quando atravessei suas ruas, rumo à estação. Parei um momento, em frente ao palacete do teu pai. Súbito, tive consciência de que realmente um mundo novo começava. Eu, o menino pobre e órfão, tinha forçado uma abertura. Era por minha causa que o imenso casarão havia cerrado as portas. A família mais rica e influente do lugar fugira para não enfrentar o rapazinho da beira do rio. Eu era forte. Senti isso naquele instante.
Peguei a minha maleta e andei para a estação. O trem apitou e partiu. Vila Reinhart foi ficando para trás e, logo, desapareceu, engolida pelas curvas dos morros.
São Paulo. A estação, gente, vozes, sons. Fiquei atordoado.
Meu terno de formatura me pareceu desajeitado. Me senti um caipira a mais na grande cidade. A verdade é que ninguém reparava em mim.
A tarde estava quente, em breve, escureceria. Um pouco de pânico quando deixei a estação e enfrentei o movimento das ruas. As luzes se acenderam. Eu não sabia para onde ir. Letreiros anunciavam hotéis e pensões " familiares". Eu me dei conta do quanto era só e inexperiente. Tive medo da cidade imensa e desconhecida. Meus propósitos - tão firmes e adultos na minha cidadezinha - pareciam agora tolos e ridículos.
Parei, na frente da estação, pensando no que fazer.- Precisa de carregador?
Um velhinho simpático sorria pra mim. Tinha um rosto Franco, aberto.
- Não, senhor. Preciso é de uma informação. O senhor conhece alguma pensão barata onde eu possa alugar um quarto?
Ele me olhou, em silêncio. Depois:
- De onde você é?
- De Vila Reinhart.
Ele franziu a testa.
- Nunca ouvi falar.
- É uma cidade pequena e sem importância.
- Por que não se hospeda com algum amigo?
- Não conheço ninguém.
- Parentes?
- Não tenho ninguém. Minha mãe morreu.
Ele coçou a cabeça.
- Acho que posso ajudá-lo. Perto daqui tem uma viúva que aluga quartos para estudantes. Ela não aceita qualquer um. Pede referências. Mas você tem uma cara tão inocente que talvez a convença. Vamos até lá.
Fomos andando pelas ruas apinhadas. As pessoas caminhavam apressadas, sem olhar para os lados, fisionomias cansadas e tensas, vincos na testa e nos cantos da boca.
Meu guia contava a sua vida, viera do Nordeste, quarenta anos atrás, também perseguindo seus sonhos.- Cheguei de pau-de-arara. Tinha 20 anos e muita fome no lombo. São Paulo era a terra da promissão. Tive um primo que veio e voltou rico. Isso me decidiu. O máximo que consegui foi ser motorista da Prefeitura. Vivi modestamente. Me aposentei e hoje carrego malas, para melhorar o feijão com arroz. Chegamos. É no segundo andar.
O edifício era cinzento e triste. Subimos a espreita escada de cimento. Ele tocou a campainha. Uma senhora miudinha, de óculos e cabelos grisalhos presos num coque, olhou pela portinhola. Só depois é que abriu a porta.- Como vai, Seu João? Trouxe a roupa mais cedo esta semana?
- Não, senhora. Trouxe pensionista para a senhora.
Ela me examinou detidamente.
- De onde ele vem? - perguntou.
- De Vila Reinhart.
- Tem carta de recomendação?
Antes que eu abrisse a boca, Seu João respondeu:
- Não, senhora. Mas ele é filho de uma prima da minha mulher. Só não vai lá para casa porque não temos lugar.
Ela pensou uns momentos.
- Bem, se é um parente de Dona Joana, o caso muda de figura. Tenho uma cama vaga, num quarto com mais dois rapazes. O primeiro pagamento é adiantado.
- Está bem.
E estava mesmo. O que eu mais desejava era tomar um banho e dormir. A viagem tinha me deixado exausto. Levei Seu João até a porta. Agradeci a ajuda e quis dar-lhe uma gorjeta. Ele recusou.
- Guarde o dinheiro, rapaz. Vai precisar dele. Vejo você daqui a dois dias, quando trouxer a roupa para Dona Maria. Boa sorte. E tenha cuidado.
- Obrigado por tudo. O senhor foi muito bacana.
Subi. Dona Maria tinha arrumado minha cama.
- Você está com cara de fome e sono. Jantamos às 7 e meia. Mas vou lhe preparar um lanche enquanto toma banho.
Sorri, agradecido.
- A senhora adivinhou.
- Seus companheiros de quarto ainda não chegaram do trabalho. Pedirei que não façam barulho.
Meu cansaço me salvou das explicações quanto ao parentesco com a tal de Dona Joana. E foi bom. Sempre fui um desastre na hora de mentir. Tomei um café com leite reforçado, me joguei na cama, e não vi mais nada até a manhã seguinte.
* E que comece a maratona ❤️🤭
* Espero que gostem❤️.
* Se gostarem favoritem e comentem ❤️.
*Bjs bjs ❤️
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~❤️𝑈𝑚𝑎 𝐻𝑖𝑠𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎 𝐷𝑒 𝐴𝑚𝑜𝑟❤️~ Adaptação Sprousehart ❤️
Любовные романыÉ uma dessas histórias em que há sempre alguém querendo atrapalhar a felicidade de quem se ama. Cole é o grande herói- seu amor por Lili faz com que ele supere o sofrimento e as barreiras da vida. Mas, ao final espera, uma verdade se insinua: todos...