Crowley encarava Aziraphale com seus olhos marejados enquanto o anjo repetia palavras que ele sempre temeu ouvir.
— Eu preciso ir, Crowley. — ele afirmou virando-se de costas para Crowley.
— Aziraphale, não me deixe — ele suplicava ao anjo —, por favor.
O ruivo correu em direção a Aziraphale, porém, ele parecia não sair do lugar, como se os seus pés estivessem enterrados na areia. O anjo se distanciava cada vez mais, até desaparecer totalmente na escuridão.
— Aziraphale! — esbravejou Crowley, pulando na cama.
Ele estava ofegante e suava frio. O demônio olhou ao seu redor e esfregou o rosto com a palma das mãos.
— Foi apenas um sonho ruim. — murmurou para si.
Ele esticou o braço até a cômoda ao lado da cama e pegou seu celular. Discando alguns números, ligou para Aziraphale, rezando para que ele atendesse.
— Crowley? — uma voz surgiu do outro lado da linha.
— Ei!
— Aconteceu alguma coisa? São duas da manhã. — Aziraphale questionou preocupado.
— Nada demais. — ele preferiu omitir o ocorrido de minutos atrás. — Me conta, como foi o seu dia?
— Você quer saber do meu dia...? Bem, um pouco caótico, eu diria. Um rapaz queria a todo custo comprar um dos livros que eu mais tive trabalho em conseguir. Edição de luxo com autógrafo do autor, produzido há décadas atrás. Tive de inventar uma desculpa qualquer, dizendo que ele já havia sido reservado. — o anjo comentou com um tom indignado em sua voz.
— Eu pensei que esse fosse o seu trabalho, sabe? Vender os livros. Esse é o intuito de ter um sebo.
Aziraphale se sentiu ofendido com o comentário de Crowley e passou aproximadamente dez minutos tentando lhe explicar o porquê de não querer vender os livros. Porém, nos primeiros minutos, o demônio já não prestava mais atenção no que Aziraphale dizia, mas em sua voz calma e suave, que lhe fazia esquecer de tudo ao seu redor. Ele já não se recordava mais do pesadelo que tivera momentos antes.
Quando terminou de falar, o anjo percebeu o silêncio de Crowley e chamou pelo seu nome algumas vezes até notar que ele havia caído no sono durante à ligação. Aziraphale ficou na linha por alguns segundos, ouvindo à respiração tranquila de Crowley enquanto dormia. Então, ele desligou o telefone.
O anjo se recostou em uma poltrona próxima e imaginou como seria estar com Crowley naquele momento. Os dois abraçados enquanto Aziraphale o acalmava após um pesadelo. Imaginou acordar todas as manhãs com a luz do Sol atravessando a janela e o ruivo ao seu lado.
Ele estava com um sorriso no rosto imaginando toda aquela situação. Então, ele balançou a cabeça, tentando dispersar aqueles pensamentos. Às vezes, sua imaginação podia ser um tanto quanto fértil demais para um anjo.
— Oh, céus... — murmurou Aziraphale como se alguém ao redor pudesse ouvi-lo. — Preciso parar de ler tanta fanfic.
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One shots - Ineffable Husbands
Fiksi PenggemarAlgumas one shots de Ineffable Husbands, da série Good Omens