The Librarian

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Crowley olha o seu reflexo na porta de vidro e arruma o cabelo, respirando fundo antes de entrar na biblioteca. Ele carrega um livro debaixo do braço e segue para o balcão de atendimento, onde se encontra um rapaz que aparenta ter a mesma idade que ele. 

O jovem estava sentado em uma cadeira enquanto digitava alguma coisa no computador. Ele tinha cabelos platinados e usava óculos de leitura na ponta do nariz. Em seu crachá estava escrito Aziraphale.

Crowley se aproxima e o rapaz desvia o olhar para ele e sorri. A essa altura já eram bem conhecidos, pelo menos de vista. Durante as últimas duas semanas, Crowley ia de dois em dois dias buscar um novo livro na biblioteca da cidade. Como ele lia tudo tão rápido? O segredo é: ele não lia! 

Tudo começou quando ele foi obrigado a ir à biblioteca pegar um livro para um trabalho da faculdade. Chegando lá, se encantou pelo rapaz que estava fazendo um estágio ali. Dando uma de Joe da série You — sem a parte da psicopatia, lógico — ele descobriu as redes sociais de Aziraphale. Desde então, pesquisa os gostos do rapaz, principalmente com livros, para tentar chamar sua atenção. 

Gênero literário favorito? Fantasia e, às vezes, romance young adult. Lugar preferido da cidade? Além da biblioteca, uma cafeteria vintange que fica no centro. O safado parece ter saído de alguma publicação do Pinterest com a hashtag book aesthetic.

Agora, Crowley coloca o livro no balcão.

— Bom dia! Vim devolver. Anthony J. Crowley.

Aziraphale olha para ele, acena com a cabeça e volta a teclar no computador. Então ele para e olha para o livro. Em seguida, pousa seu olhar em Crowley.

— No sistema diz que você pegou esse livro há dois dias — ele comentou.

— Sim... Algum problema? — Crowley questionou confuso.

— Nenhum! É só que o livro tem quase 1000 páginas. —  Aziraphale franziu o cenho enquanto olhava em seus olhos.

Crowley suava frio. Se ele fosse um robô, nesse momento, em algum lugar do seu software, uma sirene estaria soando o aviso "ALERTA! ALERTA! FOMOS DESCOBERTOS!". 

— E-eu... leio rápido. A leitura foi tão boa que simplesmente... fluiu — e o prêmio de maior mentiroso vai para...

Aziraphale volta novamente para a tela do computador.

— Você não lê rápido, você é basicamente o Flash. 

Crowley, agora, respirava mais aliviado.

— Sabe — o loiro prosseguiu —, esse livro é um dos meus preferidos. Claro que eu não li tão rápido quanto você, mas eu simplesmente perdia a noção do tempo enquanto lia. O início é um pouco parado, admito, mas o capítulo quinze... eu realmente não esperava por aquilo — Crowley concordava com a cabeça — Qual a sua parte preferida?

"Nenhuma, eu não li"

— O capítulo quinze foi realmente muito bom!

— Viu?! Finalmente alguém que concorda comigo — Aziraphale sorri — Vai levar algum outro livro?

— Ainda não me decidi — afirmou Crowley.

— Posso fazer uma sugestão?

Aziraphale tira um livro de uma das gavetas ao seu lado. 

—  Esse não é da biblioteca. Eu trouxe para ler durante o trabalho e depois ficou jogado na gaveta. Pode levar se quiser.

Crowley analisa a capa, que revelava por alto a idade do livro. As folhas eram amareladas e tinha um enorme morcego na capa.

—  Drácula? — ele questiona.

—  Já leu? —  Crowley nega com a cabeça — É muito bom! Um dos meus clássicos favoritos. Ah! Já ia me esquecendo.

Aziraphale pegou um post-it da sua mesa e escreveu algo. Ele abriu o livro e colocou o papel dentro.

—  O que era? —  Crowley pergunta.

—  Meu número, caso queira conversar sobre o livro quando terminá-lo — O loiro sorri para ele.

—  Ah, claro... sobre o livro. 

Aziraphale dá uma risada, como se percebesse que Crowley entendeu o recado. 

Enquanto isso, o ruivo criava coragem para chamar o outro para sair.

—  Tem uma ótima cafeteria no centro da cidade. Não sei se você já ouviu falar — mente que nem sente — Talvez a gente podia se encontrar lá, você sabe, para discutir sobre o livro.

Aziraphale morde o lábio, como se estivesse decidindo se deveria aceitar ou não o convite. 

—  Está livre sexta? — ele pergunta.

—  Sexta, pode ser — Crowley sorri.

—  Combinado, então. Já tem meu número.

Crowley dá um leve aceno enquanto caminha de costas até a saída. Ele esbarra em uma menina que estava entrando na hora e pede desculpas. Aziraphale ri observando a cena. 

Ele volta ao trabalho no computador, mas Crowley tomou conta de seus pensamentos pelo resto do dia.

One shots - Ineffable HusbandsOnde histórias criam vida. Descubra agora