Nunca me abandone

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Seis meses se passaram, muita coisa ocorreu e os dois ficaram bastante próximos. Enfrentaram muitas coisas juntos, como uma travessia perigosa pelo rio de águas vermelhas. Aprenderam a dormir em árvores e logo construíram um pequeno refúgio em uma. O garoto passou a estudar os costumes e a biologia dos vários insetos e animais exóticos do lugar. Ele também anotava em um pequeno bloco de notas os alimentos que comiam e quais os que fizeram passarem mal. Assim como as propriedades medicinais que encontrou em animais e plantas de lá.

Mas algo os assustava. Com o passar dos dias e meses eles não sofreram mudanças, não envelheceram nem um pouco, nem pelos e barba cresceram.

- Acho que estamos realmente mortos. - Disse a garota.

- Por quê? - Perguntou o garoto.

- Não envelhecemos nem um pouco.

- Mas os cortes se cicatrizaram.

- Sim e isso é estranho.

- Bom, nós também não temos sombras. Então nem as leis da física nem as da biologia parecem funcionarem aqui.

- Isso é verdade.

- Vamos não fique aí pensando nisso, me dê aqui um beijo.

- Claro.

Eles se deitaram juntos e se beijavam intensamente, o clima ia ficando cada vez mais quente as mãos já estavam bobas quando a garota o empurra.

- O que foi? - Indagou William.

- Não acho que seja à hora. - Disse Viollet, pondo as duas mãos sobre o rosto.

- E quando será?

- Não sei.

- Ok.

- Não fique zangado.

- Não estou. Está tudo bem. Você tem o direito de fazer quando achar que é certo.

- Eu não acho que não é certo. Eu só...

- Você só?

- Só não sei o que será de nós. Você quer voltar?

- Quero.

- Por quê?

- Porque eu tenho uma família preocupada comigo, e uma faculdade para terminar. Digamos que eu tenho uma vida lá.

- E o que você tem aqui?

- Aqui eu tenho você.

- E o que eu sou para você?

- Uma pessoa que gosto muito e tenho um enorme carinho.

- Eu também gosto muito de você. Mas se você voltar o que será da gente?

- Talvez tenhamos que dá um tempo.

- Sério isso?

- Eu não vejo outra solução.

- Mas tem uma.

- Qual?

- Você me levar contigo.

- Não posso.

- Por que não?

- Porque não é simples assim. Eu enfrentaria muitas perguntas às quais não poderei responder e não tenho tempo para isso. Eu prometi a mim mesmo que não iria deixar nem uma garota atrapalhar meus estudos.

- Então é isso que você acha que eu sou? Um estorvo?

- Não disse isso.

- Disse sim.

- Olha, ainda estamos presos aqui. Não sabemos se algum dia vamos voltar. Então não vamos brigar por isso, não faz sentido fazer isso. Temos que nos mantermos juntos.

- Não! Você me machucou. Saia daqui!

- Como é?

- Saia daqui porra!

- Ficou louca? Para aonde eu vou?

- Não me interessa, sendo longe de mim.

- Olha...

- Vai se ferrar! Sai logo daqui!

- Você voltou a ser aquela garota.

- Pelo menos não sentia essa dor quando era ela.

- Eu...

- Sai!

- Está bem.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora