Capítulo 2 - Festival Sunflowers

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Em 1887, após perceber que os pais de Katerina jamais aceitariam seu relacionamento com o filho mais novo dos Miller's, Joseph Miller, os dois apaixonados decidiram fugir para que pudessem se casar e viver juntos sem o preconceito das duas famílias que viviam em pé de guerra... Foi assim que Katerina e Joseph encontraram um pequeno lugarzinho abaixo de uma
colina onde já havia alguns habitantes, eles decidiram se casar nos campos floridos que contornavam a colina e depois construíram sua casa no topo da mesma.

Assim, logo que se casaram reuniram as poucas pessoas que aqui moravam e deram o nome de Sunflowers Hill ao local, esse nome fazia relação a colina e ao campo de girassóis. Foram os Millers que construíram o primeiro mercadinho, e realmente fizeram de Sunflowers uma pequena cidade.

Hoje, o senhor Frank K. Miller ainda vive aqui em Sunflowers, no topo da colina, na casa construída por seus bisavós em 1887 e foi muito prazeroso para mim ouvir do senhor Miller um pedaço da nossa história.

Sunflowers Hill é um pedacinho do céu que caiu aqui na terra, você só precisa de um piquenique no pomar dos Valery's ou de um pôr-do-sol admirado do topo da colina para nunca mais querer ir embora desse local, é mágico, é magnífico. Obrigada senhor e senhora Miller (in memoriam) por nos presentear com 132 anos desse paraíso. Obrigada pai e mãe, por escolherem o melhor lugar do mundo para mim.

Eternamente grata!
Louren Jhones

Os aplausos começaram, eu agradeci e desci do palco, minha professora veio imediatamente falar comigo:

— Parabéns Louren! Foi muito emocionante – ela me cumprimenta com um aperto de mão e um sorriso no rosto.

— Obrigada senhora Cooper, foi uma honra ter o meu texto escolhido para apresentar aqui no festival e eu não disse nada que não seja verdade. Esse lugar é maravilhoso! – sorriu.

— Você é uma menina de ouro, Louren!

As pessoas vieram falar comigo, acho que elas realmente gostaram do meu texto, recebi até os cumprimentos do senhor Miller, eu quis perguntar a ele sobre o que ele tinha me dito no fim da ligação aquele dia, mas eu acabei não tendo tempo. Meus pais logo vieram falar comigo e acabaram
m

e arrastando para falar com mais algumas pessoas.

Eu tinha marcado de me encontrar com o Bryan, um amigo meu da escola, na floresta de pinheiros, então depois da minha apresentação e de receber os cumprimentos de alguns amigos avisei aos meus pais e saí da comemoração, atravessei a ponte e fui à floresta.

— Bryan? – o vejo sentado na beira do rio observando o mesmo.

— Louren? Que bom que veio. Que tal caminharmos um pouco pela floresta? – ele sorri. — Sei que gosta disso.

— Eu amo como a luz da lua fica entre as árvores, – digo enquanto caminhamos pela floresta – trás um tom um pouco mais sombrio e misterioso a esse lugar, mas também o deixa um pouco mais...

— Romântico? – ele me olha.

— Era o que eu ia dizer – sorrio.
A gente decide sair um pouco da trilha e entrar mas no centro da floresta, tinha uns lugares bem legais
para sentar e conversar.

— Louren? Você está bem?

— Você não está sentindo esse cheiro Bryan? É horrível! – olho para todos os lados procurando ver de onde vem o mau odor.

— Não! Do que você está falando? – me olha confuso.

— É como se tivesse algo estragado por aqui, alguma carne de um animal em decomposição. Ta muito forte! Como você não está sentindo? – começo a sentir ânsia de vômito.

— Não sei, talvez eu esteja com o nariz ruim, vem, vamos sair daqui.

Fomos caminhando, voltando pra trilha, aquele cheiro horrível reduziu um pouco, mas eu ainda o sentia muito forte. De repente vi algo brilhar no chão.

— Bryan, o que é aquilo?

Bryan e eu nos aproximamos do objeto, parecia um pedaço de espelho quebrado e quando o peguei notei que era idêntico ao que havia provocado o meu corte no pé, o mesmo formato, nem parecia quebrado por acidente, só que não podia ser o mesmo, pois o pedaço que me cortei eu havia levado
pra casa.

Fiquei observando o pedaço de espelho quando vi de relance um reflexo, era a garota... A garota do
meu pesadelo!

Eu entrei em choque, não entendia o que estava acontecendo, não conseguia nem respirar direito, o ar
foi ficando mais gelado, meu corpo tremia involuntariamente, a minha visão foi ficando embaçada e eu nem sequer via Bryan, tentei chamar por ele, mas era inútil, eu nem conseguia ouvir minha própria voz.

Aquele cheiro horrível voltou com tudo e o reflexo apareceu novamente no pedaço de espelho, mas dessa vez a garota se aproximava de mim, eu podia ver as larvas comendo sua carne, como se a garota não estivesse viva.

Quando consegui desviar meu olhar do espelho finalmente vi o Bryan, ele estava caído no chão da floresta, completamente branco, como se não houvesse uma gota de sangue em seu corpo e eu pude entender o porque assim que vi a poça vermelha que se formava debaixo dele...

Olhei novamente para as minhas mãos, eu segurava o pedaço do espelho que dessa vez estava todo ensanguentado, minhas mãos tremiam e também estavam cobertas daquele líquido avermelhado, eu não estava entendo nada, aquilo poderia ser o sangue do Bryan? Eu matei Bryan?

Eu queria gritar, mas não conseguia, tentei correr até ele, mas eu estava completamente paralisada, não conseguia me mover, não conseguia gritar por ajuda, eu não sabia o que fazer e a garota acabara de desaparecer do espelho, mas aquele mal cheiro estava ficando cada vez pior.

Sinto um arrepio que sobe pela minha espinha e ouço passos se aproximando atrás de mim, não
conseguia me virar para ver o que estava vindo, eu estava completamente desesperada.

Ouço um graveto se quebrar bem perto de mim e meu maior medo era não saber o que estava acontecendo, então uma mão completamente gelada toca meu ombro, não era como uma mão humana, era mais como um esqueleto.

De repente sinto meu ombro queimar como se tivesse derramado ácido sobre ele, posso sentir minha pele derreter com aquilo. Com meu corpo ainda em choque solto o pedaço de espelho no chão.

O Tormento Do EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora