Capítulo 7 - O Encontro

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Me virei e lá estava ela, a garotinha loira, parada perto do Bryan, não possuía olhos, mas eu pude sentir como se ela me encarasse, como se ela conseguisse ver não só meus olhos, mas toda a minha alma, meus segredos mais profundos, meus piores pesadelos, meus medos mais ocultos, minhas ânsias, minhas vontades, meus temores.

-Louren?

-Quem é você?

-Meu nome é... Era Sarah, - ela pausa e da um sorriso meio psicótico - Sarah M... - ela se interrompe - Não importa ainda.

-Isso é um pesadelo?

-Não Louren, dessa vez é real, esse é o nosso... Pode chamar de encontro... - ela sorri sarcástica - Eu estou aqui!

-O que quer de mim?

-Eu quero você Louren! Só você pode me ajudar, eu quero a minha mãe.

Sua voz, ainda que infantil, soava extremamente madura, e principalmente, soava ameassadora.

-Eu não sei como ajudá-la!

-Você vai descobrir Louren, falta pouco.

Ela começou a caminhar em direção a saída do quarto e eu a chamei:

-Espera!

Ela apenas continuou e antes de atravessar a porta desapareceu, como em um passe de mágica, como um... Um fantasma... Estremeci. Me virei e encontrei o Bryan acordando.

-Com quem você estava falando?

-Com a garotinha que estava aqui. Você não a viu?

Ele me olha preocupado.

-Loure, o que está acontecendo com você? Você anda vendo e ouvindo coisas, eu já percebi, quer me contar?

-Não quero falar disso Bry, vamos dormir.

Apenas me deitei e fingi que estava dormindo, assim que ele pegou no sono tentei chamar pela garota, mas ela não apareceu, muito tempo depois consegui pegar no sono.

Acordei e o Bryan não estava mais em meu quarto, fiz a minha rotina matinal e depois sai em direção a cozinha, assim que cheguei vi meus pais e o Bryan conversando, mas eles pararam imediatamente quando me viram.

-Do que estavam falando? - perguntei.

-Nada querida, estavamos apenas colocando o papo em dia, como vocês adolescentes dizem. - minha mãe sorri.

-Porque pararam de falar quando cheguei? - a olho desconfiada.

-Impressão sua querida. O assunto apenas acabou.

-Se você diz. - tento parecer sincera mesmo sem acreditar na história da minha mãe.

Tomamos café juntos e depois o Bryan teve que ir embora, fiquei pensando sobre quando os peguei na cozinha, tenho certeza que falavam de mim.

...

-Louren? Mate-a! - ouvia esses sussurros se repetirem enquanto ajudava a minha mãe a cortar os legumes.

Levei as mãos aos meus ouvidos na intenção de não escutar aqueles sons assustadores, apertava com muita força na intenção de fazer parar.

-Eu não quero! Para! Por favor...

Nos últimos tempos comecei a ouvir coisas horripilantes, sussurros suicidas e homicidas, eu não conseguia fugir de nada disso.

-Filha? - minha mãe vem rápido até mim - Louren, o que está acontecendo?

Ela retirou as minhas próprias mãos do meu ouvido e me abraçou. Ela falou algumas coisas, mas não consegui prestar muita atenção.

-Vem querida, vamos pro quarto. - ela me levou de volta ao meu quarto e eu me deitei na cama.

Mais tarde ouvi minha mãe e meu pai conversando na sala, eles tentavam falar baixo, acredito que pra eu não ouvir, mas não tinham muito sucesso nisso.

-Amor, desde aquela vez que o Bryan nos contou sobre a Loure, ela está piorando. Hoje estavamos na cozinha e acho que ela estava ouvindo... - ela fez uma pausa - Coisas.

Então era sobre isso que falavam aquele dia, sobre mim, sobre o que eu estava ouvindo, sobre o que eu estava vendo, o Bryan não consegui ver, mas eu não estava louca. Eu não estou louca!

-Como assim querida? - ele continou a conversa.

-Não sei explicar amor, precisamos levá-la a um psicólogo ou algo assim.

-Calma amor, vamos esperar passar o aniversário da Loure que é daqui a alguns dias e aí a gente conversa com ela. Pode ser?

-Tem razão meu bem! Falamos com ela após o aniversário.

Fiquei tão surpresa com a conversa que demorei um pouco a raciocinar, a ficha demorou de cair, meus pais achavam que eu estava louca, mas eu não, eu não sou louca, não, não pode ser coisa da minha cabeça. Não é possível.

-Eu... Eu não... Não... Não... Não estou... Não estou louca... Não estou louca... - murmurei até pegar no sono.

...

A porta estava a minha frente e mais uma vez eu tentava abrí-la em vão. Alguém me perseguia, minha única saída era ela, mas era muito difícil, a porta não se abria de forma alguma.

Comecei a esmurrá-la e forçá-la, algo estava atrás daquela porta e eu precisava descobrir o que era. Olhei pra trás e finalmente a vi, era a garotinha loira quem estava atrás de mim, era dela que eu tentava fugir, porém, seu rosto antes um pouco mais inocente, agora assumia um caráter diabólico, seu rosto inclinado como se seu pescoço estivesse quebrado, seu sorriso largo e cruel que invadia meu subconsciente me atormentando de medo.

Eu olhava sua face e não conseguia acreditar que existia tanta maldade no rosto de uma criança, ela se aproximava cada vez mais rápido, carregava algo em sua mão, o que antes eu achava que pudesse ser um brinquedo agora eu conseguia ver, era um machado.

Era tudo muito horripilante, eu suava frio, a tenção e o medo tomavam conta do meu corpo e pairavam no ar, trazendo um sentimento que eu jamais iria querer sentir outra vez na vida. Me virei para o lado, eu queria mais uma vez tentar forçar a porta, foi quando percebi o espelho no canto da sala e então vi que não era eu.

Vi meu reflexo no espelho, uma mulher mais velha, possuía alguns traços muito parecidos com a garota e com isso me assusto. No susto noto que a porta se abriu.

Olho para todos os lados e não encontro mais a garota e isso me assusta mais, a primeira coisa que vem a minha cabeça é entrar no quarto e ver o que havia ali dentro, não penso duas vezes e termino de empurrar a porta atravessando o batente da mesma.

Estava tudo muito escuro, procuro pelo interruptor para ligar a luz do quarto, mas não estava próximo à porta. Quando finalmente o encontro acendo-o e uma iluminação fraca surge na lâmpada que ficava exatamente no centro do quarto.

Olho em volta, era um cômodo empoeirado e parecia muito velho, a mobília remetia ao século XIX ou XX, havia duas camas, um guarda roupa, uma poltrona, e mais alguns móveis, parecia um quarto feminimo e na parede principal do comodo um grande espelho se destacava do resto do quarto por estar completamente limpo, sua moldura ainda brilhava e faltava-lhe um pedaço na parte esquerda inferior.

Me aproximei do mesmo...

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⏰ Última atualização: Sep 02, 2019 ⏰

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