Amargo Sabor Do Amor [EM ANDAMENTO]

Família Carvany

•Mellany•

A recepção foi calorosa e apesar de tudo, papai se comportou muito bem com a presença de Patrick e com toda a revira-volta que nossas vidas tomaram até chegar aqui. Fiz questão de contar tudo a eles!

Agora Patrick e eu estamos no meu antigo quarto, arrumando as coisas da viagem.

- Quem é esse tal de Evandro, e por que não me contou sobre ele?
- Ele não é da família, quer dizer, não biologicamente falando. - Patrick arqueia a sobrancelha e eu reviro os olhos.
- É exatamente por isso que não fui com a cara dele.
- Evandro é filho de um dos melhores amigos do meu pai, há três anos ele se mudou pra cá afim de trabalhar como assistente dele. Não seja bobo, Evandro não tem nenhum interesse em mim.
- A forma que ele te olhou mostra outra coisa. - Abraço seu corpo por trás adorando o seu ciúme infantil.
- Ele é apenas protetor, você deveria entender, homens costumam fazer isso com suas irmãs mais novas... - Patrick se vira e tenho que olhar pra cima na tentativa de acompanhar o seu semblante inquisidor.
- A diferença é que ele não é o seu irmão. Bom, o mais importante é que seus pais não pareceram se incomodar tanto com a nossa volta. Já é meio caminho andado. - Sorrio, ele realmente estava preocupado com isso.

Mamãe bate na porta avisando que o almoço já está a mesa então descemos juntos para almoçar.

- E aí, o que anda fazendo da vida Patrick?

O interrogatório começou!

- Abri um escritório de engenharia civil no Rio e estou pensando em abrir outro em São Paulo caso a demanda aumente mais naquela área, só dando um tempo para amadurecer mais essa ideia.
- Bom muito bom. O que pensa para futuro? - Olho para minha mãe que já entende o recado.

Isso não é só um meio para puxar conversa, ele quer saber se Patrick me enxerga no seu futuro e isso é mais que constrangedor, nós ainda nem conversamos de futuro um com o outro!

- Porque não falamos sobre coisas mais atuais, querido? Mel, recebemos o convite da sua apresentação no próximo mês! Está animada meu amor? - Minha mãe sempre sabe como dar o fim a uma conversa e na mesma hora começar outra quase que naturalmente. - Claro mamãe! Estamos ensaiando há vários meses a mesma coreografia, até agora já foram vendidos mais de quinhentos convites.

- E porque eu não recebi? Você quebrou meu coração Peppa. - Evandro brinca usando o antigo apelido que me dera há alguns anos.

- Talvez porque os lugares exclusivos são só para família. - Dessa vez quem fala é Patrick e minha cara quase cai no chão de tanta vergonha. Lanço um olhar de desaprovação que não parece surtir efeito algum no meu belo namorado.

Quando a tensão se instala, a campainha da casa toca quebrando o gelo. Agradeço silenciosamente aos céus por isso. Um amigo e sócio de papai se junta a nós e por hora, tudo volta ao normal.

Já é noite e apesar de estar animada com toda a conversação, meu corpo implora por descanso. Antes de dormir faço uma ligação para Stella, apenas para saber como ela está.

- Parece que não esqueceu completamente de mim. - Reviro os olhos, ela é sempre tão dramática.
- Oh, eu acabo de perceber que disquei o número errado, acredita nisso? - Seguro o riso, mas a sua risada do outro lado da linha me faz acompanha-la.
- Como está sendo tudo aí? - Fico triste por não poder falar sobre TUDO de verdade para ela, apenas um dia se passou, mas já fizemos tantas coisas... Conto tudo o que fiz, fazendo o possível para não deixar escapar nada sobre Patrick.

- Parece divertido, bom, preciso ir agora. Falamos-nos amanhã?
- Eu te ligo. Stella volto no domingo, não precisa se preocupar. - Nos despedimos e noto a presença de Patrick atrás de mim.
- Stella? - Evito falar sobre Stella com ele por não querer escutar todos os insultos que vêm em seguida, apesar de ser uma cabeça dura, eu amo a minha amiga.
- Sim, eu liguei pra saber como ela estava. Já vai dormir?
- Seu pai me chamou pra jogar sinuca na sala de jogos, tudo bem se eu vir para cama mais tarde, né? - Sorrio, não é todo homem que se importa com esses detalhes.
- Claro que não, só não faça barulho quando entrar, por favor, se eu acordar não sei se consigo recuperar o sono. - Patrick me beija e deixa o quarto, não demora muito e o sono me alcança forte e pesado.

♡♡♡

Acordo com vozes masculinas ecoando alto pela casa. Reconheço a voz de Patrick e do meu pai, porém percebo que parece ter mais alguns dois ou três homens com eles. Papai é juiz, o que faz dele um homem muito influente e conhecido, é normal receber visitas, mas hoje é sábado, não é dia de trabalho.
Mamãe bate na porta e eu peço para que entre.

- Trouxe seu café da manhã. Imaginei que você iria acordar tarde, estava tão cansada. - A senhora Melissa Carvany é a mulher mais carinhosa e inteligente que conheço na vida, não digo isso apenas por ser a minha mãe, ela realmente merece o título como pessoa. Seus cabelos negros e olhos castanhos são como uma floresta escura, bonita e misteriosa, e apesar de parecer intimidadora, tem uma aura acolhedora e pacifica. Ela é incrível.

- Você é a melhor, mãe. - Como tudo o que trouxe, sob seu olhar atento. Sei que quer me perguntar alguma coisa. E é claro que tem muito que perguntar.
- Tem certeza que fez a escolha certa? - Sei que fala de Patrick então respirando fundo, aliviada por finalmente conversar sobre isso com alguém, explico da forma mais sincera que poderia.
- Eu não sei mamãe, apenas estou seguindo o meu coração. Não faço a mínima ideia se foi a escolha certa e nem sei como descobrir isso. - Ela percebe a minha inquietação e me abraça no mesmo instante.
- Não se preocupe tanto querida, era exatamente isso que eu queria saber. Você gosta dele e quando se trata de amor, todo o resto é imprevisível. Só espero que ele não te machuque de novo, senão eu quem darei uma lição nele pessoalmente. - Rimos as duas e ela esperou até que eu fizesse a minha higiene e trocasse de roupa para descermos juntas. - Não se doe totalmente antes de ter certeza sobre o que sente. Você em primeiro lugar, Mellany.

Ela temia que eu me afunda-se como da ultima vez quando me deixe levar pelo sentimento de abandono, eu sei que sim, seus olhos diziam isso.

- Estamos indo com calma mamãe, não somos os mesmos de alguns anos atrás. Não se preocupe ok?

Descemos as escadas e o primeiro que vejo é o meu namorado, que bem sei, segurava o sorriso para soltar uma de suas piadinhas.

- Achei que iria hibernar!
- Cala a boca Patrick, para o seu governo, eu estava muito cansada, e nem preciso explicar em voz alta o porquê né? - Ele me belisca e gargalho com a sua atitude medrosa.

A campainha toca e Cecilia, a governanta de mamãe abre a porta, dando espaço para a visita mais inesperada entrar.

Radiante e alegre, até que seus olhos capturam a pessoa ao meu lado.

O sorriso de Stella some na mesma hora que bate o olho em Patrick, o mesmo acontece com ele.
Não sei se fujo ou se chamo a polícia para evitar que qualquer coisa aconteça aqui, mas sei que ficar parada não é uma opção.