Furacão

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•Mellany•

Se me perguntassem há um mês se eu imaginava que as coisas chegariam a esse ponto, com certeza eu diria que não!

Os olhos de Stella se encheram de lágrimas e o meu coração quebrou por dentro. Jamais quis vê-la assim, eu amo a minha amiga e não consigo entender por que ela se importa tanto com o fato de eu estar com Patrick.
Se me faz feliz, ela deveria estar feliz também, não é? É isso que as amigas fazem. Elas apoiam, mesmo que não confiem nas nossas escolhas.

— Stella, deixe-me explicar.
— Não existe explicação para isso. Você mentiu para mim?!

Sua voz chorosa reverberou nos meus ouvidos como agulhas afiadas.
Patrick apertou minha cintura como se quisesse me proteger de algo, ou melhor, dela.

— Stella querida, porque não avisou que vinha? Acabamos de retirar o café da mesa. Cecilia, leve as malas para o andar de cima, por favor. – Mamãe chega a tempo de ouvir o início da confusão.

— Não precisa, não vou ficar. Acho que já tem gente demais ocupando o espaço. – Ela fita Patrick e não consigo reconhecer a pessoa à minha frente.

— Stella, podemos conversar a sós, por favor?
— Mel... – Patrick tenta falar alguma coisa, mas o interrompo imediatamente.
— Tá tudo bem Patrick. Stella vem comigo.

Ela passa a frente e fecho a porta do escritório de papai, fico pensando em mil formas de começar esta conversa.

— Quando ia me contar sobre a sua Lua de mel?
— Stella, por favor, é só uma viagem! Eu me sinto péssima por mentir, mas você não me deu outra escolha. Afinal, qual é o real problema aqui? É porque eu omiti sobre o Patrick? – Ela se vira de frente pra janela evitando o contato visual comigo.

— O que ele tem que eu não tenho?

Fico surpresa com a pergunta e ao mesmo tempo confusa.

— Quê? Como assim?
— Por cinco anos, cinco malditos anos, estive ao seu lado, cuidei de você. Tive que lidar com suas fantasias bobas, caprichos e até com o luto da vadia da sua irmã e tudo isso para quê? Para você retribuir ficando com esse merdinha?! Onde está a minha recompensa por ter sido uma boa amiga?

Suas lágrimas agora secas, nunca pareceram tão falsas. Sinto enjoo ao lembrar as palavras ditas há instantes atrás.

— Eu não te reconheço Stella, essa não é você. – Ela se aproxima de mim e recuo instantaneamente. Tudo vindo dela agora me dá nojo.

— Você e eu Mel, podemos ser infinitas. Não vê isso? Não vê como eu te quero? – Abro a porta em uma ordem silenciosa.

— Acho que você confundiu às coisas entre nós. Mas é claro que podemos conversar assim que eu voltar pro Rio. Eu vou entender tudo o que foi dito aqui como apenas um descontrole emocional, por enquanto.

Ela gargalha irônica, mas faz que sim com a cabeça entendendo o recado.

— Aproveite o paraíso, bebê.

Assim que sai do cômodo me debruço em lágrimas de decepção. Repito mentalmente: não posso acreditar, não posso acreditar, não posso acreditar.

♡♡♡

— Não quer mesmo falar sobre o que houve mais cedo? – Patrick entra na sala segurando taças e um balde com gelo e champanhe.

— Tudo o que preciso está aqui. Você, champanhe e sauna. Quer mesmo perder tempo falando? – Ainda estou mexida com todo o furacão de hoje mais cedo, mas não sinto a mínima vontade ou força pra ficar relembrando todo aquele desastre.

Papai e mamãe saíram para um evento anual de que não podiam faltar, deixando a casa apenas para nós dois, pela noite toda. Realmente preciso e quero aproveitar este momento.

Sua boca forma um sorriso sacana que faz setenta porcento da minha noite melhorar.

— Tem razão, prefiro gastar esse tempo com outra coisa.

Amargo Sabor Do Amor [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora