•Patrick•
Chego em frente ao edifício em menos de 40 minutos, vejo o Sr. Mário, porteiro do recinto, e vou ao seu encontro perguntar se Laura já havia chegado.
— Dr. Patrick!
— Sr. Mário. Por acaso Laura, a minha assistente, já apareceu aqui? Talvez tenha subido?
— Não senhor, pensei que não trabalhavam a noite. Vocês não param nunca?Ele fala sorrindo simpático.
— Não é isso, acontece que Laura esqueceu um pertence no escritório, e como sou o único que tenho a chave... — Levanto o chaveiro em seguida.
— Ah sim! Por aqui não passou ninguém, mas pode deixar que quando ela chegar, peço que suba, Dr.Agradeço e entro no elevador.
Abro a porta do meu escritório e decido esperar que ela chegue para que ela mesma procure a sua carteira. Sento em um dos sofás e é impossível controlar meus pensamentos, que vão direto a Mellany. Aquela boca, seu cheiro, a textura dos seus cabelos...— Maldita.
Como ela pode ficar com aquele cara depois do que aconteceu mais cedo?!
Não esperava isso dela. Com certeza não é a Mellany que conheci há anos atrás.
— Espero que não esteja se referindo a mim.
Olho para Laura e a vejo sorrindo, seu olhar não tem o brilho habitual, mas ainda sim, seu sorriso é radiante. Quanto tempo já tinha passado desde que me sentei e me perdi nos pensamentos?
— Desculpe Laura, não te vi chegar.
Ela assente e vai em direção a sua mesa.
Enquanto remexe sua gaveta em busca da sua carteira eu puxo o assunto.— Notei que você está um pouco diferente... Triste talvez? Sei que não é da minha conta, mas não estamos em horário de trabalho, pode conversar comigo se quiser.
Ela para o que está fazendo e levanta a mão direita mostrando que finalmente achou o que procurava.
— Não pensei estar sendo tão óbvia.
Ela abaixa os olhos como se estivesse revivendo memórias.
— Sente-se aqui comigo Laura, por favor.
Indico o sofá e assim que se senta coloca os cotovelos apoiados no joelho e leva sua cabeça para baixo.
— Minha vida está um caos. É uma história tão longa, não sei por onde começar.
— Do início pode ser uma boa ideia, e quando quiser parar...Assente com a cabeça, vejo que está prestes a chorar. Sei que é horrível admitir isso, mas vejo ali, um motivo para fugir dos meus próprios problemas.
— Há dois anos conheci um homem, ele trabalhava em uma cafeteria que eu costumava frequentar bastante. Primeiro começamos com uma amizade que durou pouco tempo, pois acabamos nos envolvendo e então ele me pediu em namoro. Foram os oito meses mais incríveis da minha vida. Fui percebendo diferenças sutis de comportamento vindo dele. Não era mais tão atencioso, estava sempre com sono e cansado. Isso no início, depois as coisas pioraram...
Ele ficou violento e às vezes me agredia verbal e fisicamente, mas sempre me pedia desculpas depois. Então eu nunca tive coragem para denunciá-lo.
Quando descobri seu envolvimento com drogas pensei em terminar, mas ele não quis e me forçava a continuar nessa relação...Nesse momento ela me abraça e sinto o tecido da minha camisa molhar com suas lágrimas. Fico revoltado com o que ouço, mas contenho a vontade de falar o que penso sobre o infeliz.
— Já faz alguns meses que consegui me livrar dele. Fui embora de São Paulo e me desfiz de tudo o que pudesse me ligar a ele, em vão, pois ele me achou há uma semana. Desde então me ameaça, quer que eu dê a ele uma quantia de dinheiro alta, provavelmente para comprar drogas e eu não tenho como fazer isso. Tenho medo de denunciar e ele fazer algo contra mim, todo mundo sabe que a nossa justiça não é a melhor e nem mais rápida. Eu não sei o que fazer, não durmo direito e sempre tenho que estar em estado de alerta. Oh Deus, nem sei como tive coragem de contar tudo isso pra você.
Ela chora ainda mais e sinto que preciso confortá-la de alguma maneira.
— Ei, você não está sozinha. Pode contar comigo... Eu entendo que esteja com medo Laura, mas não pode deixar que ele controle sua vida para sempre. Você precisa denunciar, faremos isso juntos. Nada vai te acontecer... Nós não somos amigos de longa data, mas você trabalha pra mim, isso faz de nós um time. Ok?
Beijo a sua testa e eu mesmo me surpreendo com minhas promessas. Por que estou tão inclinado a ajudar uma mulher que além de ser minha funcionária, simplesmente não conheço nem duas semanas direito? Tudo o que disse é verdade, mas ainda assim, é estranho pensar sobre isso.
Ela volta a me olhar e agora vejo brilho em seus olhos mudar. Algo como esperança ou... Admiração?!
Leva as mãos até minha barba por fazer e apesar de todos os meus neurônios gritarem "NÃO", simplesmente não consigo me afastar, então sinto seus lábios molhados pelas lágrimas tocarem os meus em um beijo demorado e quente.
Lembro-me de Mellany e gemo em aprovação.— Mellany...
Foi quase um sussurro, mas ela ouviu então logo se afastou bruscamente.
Como sou idiota!Laura pegou sua bolsa e saiu quase correndo da sala.
Eu não fui atrás, achei melhor assim.
Não sei como vou fazer para resolver isso, mas sei que algo tem que ser feito. Por que me deixei levar pelo momento?!Como vou poder ajudar Laura com esse problema depois do que acabou de acontecer?
Vou para casa com esses e um milhão de pensamentos que me impediram de dormir tranquilamente. A essa altura o problema com Mellany já não parecia a pior coisa do mundo e depois do que também fiz, talvez não seja um inocente nessa situação. O beijo de Laura mexeu comigo, apesar de falar o nome de Mellany, eu sei que ela ascendeu algo em mim.O que diabos está havendo comigo??!
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Amargo Sabor Do Amor [EM ANDAMENTO]
RomansaMellany e Patrick são ex namorados que após cinco anos sem se ver, são unidos novamente pelo o acaso. Esse reencontro traz um vendaval de sentimentos, uma chama incontrolável, e situações perigosas que os fará reivindicar, fortalecer e blindar esse...