Amargo Sabor Do Amor [EM ANDAMENTO]

Prelúdio

•Stella•

Enquanto esperava no carro do lado de fora do escritório em que o maldito Patrick Presley trabalhava, fiquei revisando tudo o que aconteceu nas últimas semanas, infelizmente perdi uma das apresentações da minha doce Mel.
É claro que não foi por escolha minha, tive que resolver alguns contratempos na antiga fazenda no interior de São Paulo da minha família. Organizando tudo para a chegada de Mellany, chegada essa que está mais próxima do que nunca.

Ainda não a vi para conversar sobre o nosso pequeno atrito em Brasília, mas isso é o de menos agora.
Observo a entrada da assistente tonta entrando no edifício e só depois que a perco de vista, saio do carro.
Entro no elevador e escolho o andar do escritório de engenharia que o idiota trabalha.

Mas que lugar meia boca hein. Não dava pra esperar menos se tratando daquele imbecil. (Penso fazendo a minha pior cara de nojo).

Assim que a porta do elevador se abre, vou em direção á mesa da secretária onde escuto uma conversa dela pelo telefone que julgo ser com seu patrão.
Decido esperar, já que ela não me conhece e se caso eu viesse a falar, o idiota do outro lado da linha reconheceria a minha voz.

Ela termina a conversa e após desligar, volta a sua atenção a mim.

— Bom dia! Em quê posso ajudar?

Seu sorriso amigável só me faz ter ainda mais pena da coitada. O que está prestes a acontecer vai com certeza destruir a carreira dela.

— Eu não consegui marcar uma hora pelo telefone. Ninguém me atendeu ontem por isso tive de vir pessoalmente, represento a empresa Zembrac e vim pegar alguns documentos pendentes que ficaram pra vocês assinarem. – Esses documentos realmente existem só a empresa que não, mas pelo visto eles não pesquisaram a fundo sobre. É claro que como uma grande vigarista que sou, sempre dou um jeito de fazer com que as coisas pareçam ser o que os olhos dos tolos querem enxergar. Meus contatos me ajudam com essa parte.

— A senhora se importa em aguardar apenas um instante? Eu já volto.

A tolinha sai em direção à sala que acredito ser a de Patrick onde meu pessoal deixou os documentos e assim começo a colocar meu plano em prática.

Uso o computador para alterar algumas datas para o dia em que preciso e também cuido para mudar o destino. Rasgo também a folha de sua agenda com as datas originais afim de que ela pense que apenas se esqueceu de anotar.

Faço tudo em cinco minutos.
Se eu pudesse me ver agora, teria certeza de que ultrapassei o nível 'missão impossível'.

Antes que ela volte trazendo os papéis já estava sentada na minha cadeira de origem, fingindo retocar o batom.
Ela me lança um sorriso e eu faço o mesmo, exceto que o meu tinha chacota por detrás.

No momento em que avança para me entregar a papelada, consigo ver uma espécie de tatuagem na sua mão direita, e na hora me recordo de onde vi uma exatamente igual. Era um desenho da metade de um coração com uma inicial dentro, P.

Por dentro meu corpo chamuscava raiva, mas por fora mantive a expressão leve e neutra, como uma bela atriz que sou.

— Pode me dizer o seu nome?
— Ahm, claro. Sou Laura. Sinto muito pelo transtorno de ter de vir aqui. Provavelmente a senhora deve ter ligado após o fechamento do escritório. Aqui nós fechamos às 18h, vou deixar o cartão da empresa com as informações de contatos via mensagem eletrônica para que você tenha outras formas de nos contatar, por e-mail estarei sempre disponível mesmo fora do expediente. –
Constatei o que já sabia e fiz questão de dar um fora logo daquele bueiro, até o ar daquele lugarzinho me enojava, sem contar que a qualquer momento Patrick poderia aparecer pondo tudo a perder.

♡♡♡

— Por quanto tempo achou que poderia esconder isso de mim? – Sentada na cama da suíte de um hotel em que venho dormindo por algumas semanas, questiono o idiota de Piedro que acaba de entrar no quarto.
— Eu te trago um presente e é assim que você me recebe? Quase fiquei magoado. – Ele se inclina para me beijar e quase vômito com a sua atitude, viro o rosto abruptamente.
— Ei, qual o problema?
— Laura. Esse nome te lembra alguma coisa, imbecil?!

Sua feição mudou e a pele que é morena agora estava pálida.

Respiro fundo tentando controlar a minha fúria. Esse idiota pode acabar colocando tudo a perder se é que já não colocou. Seguro o seu braço e olho em direção ao pulso, e lá estava a outra metade do coração com a inicial 'L'. Provavelmente inventou alguma mentira sobre essa tatuagem para Mellany, já que ela nunca tocou no assunto comigo.

— C-como sabe dela?
— Isso não é da sua conta, ou achou que eu não ia acabar esbarrando com a secretária de Patrick em qualquer momento do plano? Você tem dois minutos para se explicar.

Ele foi contando e a minha raiva só crescia, além de inútil ainda por cima é um maníaco espancador.

— E você realmente é um drogado?
— Claro que não! Mas eu já fiz alguns serviços do tipo. Sabe, vendas e entregas. Eu apenas queria que ela acreditasse nisso para que não se metesse nas minhas fugas e sumiços.
— Tem ideia do que pode te acontecer se for pego? Os tempos mudaram, e a sociedade em um todo não vê com bons olhos homens violentos. Espero que nem tente qualquer gracinha comigo porque antes que o faça eu já terei te matado. – E não menti, agora meu nojo por esse idiota só se intensificou, olhando por esse lado foi bom que Mellany não tenha se apaixonado por ele.

— Eu nunca tentaria algo assim com você querida, eu te amo. Só fazia tudo àquilo com ela porque seu jeito me irritava e também para que sentisse medo de mim, era mais fácil de controlá-la, ela fazia tudo o que eu queria, me bancava e era distante da família, ou seja, presa fácil.

— Tanto faz, agora mais do nunca preciso apressar o andamento do plano. Se por acaso essa idiota souber quem é você na história, nós dois teremos problemas. E se isso acontecer, você dará um jeito nela.

Piedro é um idiota, mas vou precisar dele por mais um tempo, ele ainda pode ser usado como laranja em todo o meu esquema e claro, depois que eu atingir o meu objetivo, não vou mais precisar dos seus serviços.

Uma semana Mel, só mais uma semana e você estará em meus braços.