Libertada por você. (Imagine Park Jimin)

Nao aguento mais

Acordo com a luz entrando pela janela, segundos depois vejo o primeiro homem que conversei aqui entrar pela porta.

Ele me olha e depois percebe o desenho em cima da mesinha

-profundo. Percebo que não dormiu muito essa noite. Me contaram o que aconteceu e vamos observar suas próximas reações. Hoje teremos terapia em grupo as 10:00. Você aparece lá?

  Olhei o relógio que marcava 8:30.

-Sim. Estarei lá.
Ele sorri em aprovação e se retira.  Em seguida as duas enfermeiras entrar com o café da manhã.
-vamos comer?
-não....
- só um pouco, tente por favor.

Eu já sabia que iam insistir até eu comer.

Assenti com a cabeça e novamente as porções com coisas diferentes.  Me chamou atenção os morangos. Comi todos que tinham dentro do potinho e apenas isso novamente.

-obrigada princesa. Até mais tarde.
-até- digo fraco.

Me levanto com cuidado por conta da agulha em meu braço e me direciono ao banheiro. Lavo meu rosto, escovo os dentes e dou uma leve arrumada em meu cabelo.
Espero dar a hora de ir para o grupo e saio do quarto.
O doutor me acompanha até uma sala a parte. Iluminada naturalmente e com uma roda de pessoas e um terapeuta
-você deve ser a s/n
- sim...-digo baixo. Não me sentia bem com as pessoas me olhando.

-hoje vamos tentar descobrir a raiz dos nossos problemas por meio da conversa. Começando por s/n que começou hoje conosco. Conte-nos sua história a partir de quando os problemas começaram.
-........
-não vamos te julgar ou te expor. Pode confiar só queremos ajudar
Assenti com a cabeça
-foi a exatamente 365 dias quando......-contei tudo detalhadamente até chegar ao dia de ontem quando cheguei aqui.-é isso.- Falo limpando uma única lágrima que escorreu. -eu não tenho ninguém.
Xxx- você está sozinha por que quer!
-o que?
-você poderia ficar com sua mãe. Ela se preocupou com você e te colocou aqui!
-ela só queria se livrar de mim. Tanto que foi embora e não volta mais. Eu não tenho amigos nem família mais.
Xxx- pare de dramas s/n! Você poderia estar feliz agora!
Terapeuta-já chega
-realmente já chega- falei me levantando e indo em direção a porta.
- onde vai s/n. Ainda precisamos conversar!
- eu me recuso a ficar em mais um lugar onde julgam sentimentos alheios a drama.

Falo e saio da sala

Ando pelos corredores em direção ao meu quarto mas paro em frente à uma porta quando escuto meu nome. Eram médicos conversando
-nunca vi um caso como o de S/n
-não sei se vamos conseguir fazê-la melhorar
-não diga isso! Vamos fazer o possível!

Já bastou ter ouvido isso para começar a chorar novamente e correr para meu quarto
Cheguei, paguei a luz e sentei num canto do quarto. No chão frio sozinha novamente. Em um lugar onde novamente mais pessoas julgavam o que eu sentia a drama, ninguém se importava realmente comigo, novamente sozinha. A diferença é que se eu estivesse em casa estaria certamente com a lâmina.
Eu não queria comer, não queria me mexer, não queria ver ninguém
Já fazia 1 ano que eu só sabia sentir tristeza. Que eu não via motivos para sorrir
E para piorar a situação ouço aquela conversa desmotivadora entre os médicos
  Coloquei a mão sobre a agulha que injetava a medicação e a tirei. Joguei com força a bolsa com o líquido junto com a agulha. Empurrei o suporte fazendo cair no chão.
   Ouço batidas na porta e não me mexo ou falo algo apenas me encolhi mais no canto do quarto.
  Uma pessoa entra e acende a luz. Era o terapeuta de mais cedo. O olho de relance e novamente encolho minha cabeça entre minhas pernas
   -me desculpa
  -não foi culpa sua- digo com dificuldade
   -nem sua
O encaro com os olhos inchados 
  -pode me dar uma chance de falar com você?
Não respondi.
   -por que toda essa desconfiança de todos?- ele pergunta se agachando em minha frente
   Não respondi novamente. Eu não estava no melhor momento para me abrir com alguém
   -eu juro que te entendo perfeitamente e sei que é difícil confiar em alguém que nunca viu na vida.
   - infelizmente você não entende.
   -posso tentar entender?
   -não é um bom momento.
  -O que quer ser quando crescer?
  -Se eu crescer quero ser psicóloga.
  -Posso te ensinar, você quer fazer o que eu faço certo?