Capítulo 01

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Márcio



Acordei sentindo todos os músculos de meu corpo em agonia. A presa da noite passada estava literalmente no cio. Não estou reclamando. Longe de mim dispensar uma boa foda, mas tenho que admitir que preciso pensar mais um pouco nas manhãs seguintes. Ultimamente tenho dormido poucas horas. Geralmente faço isso na parte da manhã, quando meu deleite da noite já está devidamente segura dentro de um táxi, indo para um destino que nunca procurei saber. 

Não tenho traumas de um coração partido ou medo de relacionamentos, só tenho convicção do quanto sou bom em dar prazer a uma mulher e não quero privar as outras disso. Dessa maneira sou de todas por uma noite e o prazer delas é garantido. 

Nos meus 25 anos de vida já vi de tudo. Morar em lares adotivos me fez compreender o valor de muitas coisas. Não foi fácil, mas pelo menos serviu para endurecer essa carcaça que me mantém de pé. Sei que minha vida poderia ter tomado outro rumo, sou um advogado em início de carreira, mas que teve a sorte de aos quinze anos conhecer sua verdadeira origem.

Lembro daquele dia com riqueza de detalhes. Tinha acabado de chegar do colégio com um olho roxo de mais uma briga e Ana, minha mãe adotiva número cinco, me esperava na cozinha na companhia de um homem em seu terno bem cortado. Tudo parecia como os outros dias. O cheiro da comida estava presente na casa, as outras crianças brincavam no quintal. Tudo igual, exceto pela presença dele. Não falei nada. Já tinha entrado e saído do sistema de adoção mais do que podia contar. Então sem falar me encaminhei para o quarto que ocupava naquela casa, junto com mais três crianças, a fim de jogar o pouco que tinha na velha mochila e encarar o próximo desafio. Antes que alcançasse o terceiro degrau da escada, escutei a voz de Ana pedindo um minuto da minha atenção.

Ela falava com uma voz doce, coisa que para mim era novidade, já que sempre me olhava como se eu estivesse tirando algo de seus legítimos filhos. Não a culpava, quem em seu estado normal de lucidez aceitaria dividir o pouco que tinha com um completo estranho? Mas para não parecer mais mal agradecido do que ela já me acusava, parei fingindo está interessado em suas desculpas por não ter dado certo. Já conhecia todo aquele blá blá blá que sucedia a minha "devolução".

Foi naquele momento que tudo mudou. Aquele homem que me olhava tentando descobrir tudo de mim em poucos segundos, não era alguém mandado pelo serviço social. ele era o meu pai. Um pai que eu desconhecia existir. Um pai que não sabia que tinha um filho, mas que assim que essa possibilidade se tornou real, não parou de tentar me encontrar.O resultado desse encontro eu vejo agora diante do espelho e agradeço ao meu velho todos os dias por não ter desistido de me encontrar e por não ter desistido de lutar por mim mesmo quando eu fazia questão de ferrar tudo.

Deixando as lembranças de lado, entro debaixo do jato forte de água fria. Banhos assim acordam até os pecados. Precisava estar com todos os instintos em alerta. O caso de hoje poderia alavancar minha carreira e eu estava ansioso por isso. 

Depois de devidamente vestido, peguei apenas uma maçã para aquietar o estômago. Não tinha tempo para um café mais farto e na verdade não gostava muito dessa ideia. Um dos poucos hábitos adquiridos na minha infância que ainda carregava. Tomei nota mentalmente de comprar vinho. A Cristiane, Cristina, ou seria Valentina? Bem, o nome não importa! A minha foda da noite passada era chegada nuns gorós e bebeu três garrafas entre um orgasmo e outro. Uma pinguça gostosa, diga-se de passagem. A imagem de seus olhos selvagens me olhando enquanto engolia todo o meu pau, me deixou excitado e tudo o que menos precisava nessa manhã era um pau duro no tribunal.

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