Capítulo 02

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Pérola



Entrei em casa com o coração em tempo de sair pela boca.Me joguei no sofá, esgotada, e me peguei pensando no deus Grego dos olhos intensos que vi a pouco. Com preguiça de preparar qualquer coisa, decidi ligar para a padaria da esquina e pedir algo. Tudo que tem naquele lugar é delicioso. Às vezes penso em namorar com o filho do dono, que não é de se jogar fora, só para comer de graça. Eu adoro cozinhar, aprendi com minha avó, mas não é todo dia que estou a fim. 

Pérola:  Está bom, obrigada, beijo -  me despedi do atendente para confirmar meu pedido, e antes da ligação ser finalizada minha cara queimou de constrangimento quando percebi que mandei beijo. Quem nunca passou essa vergonha, de se despedir no automático e mandar beijo para pessoas nada a ver? Eu já havia mandado beijo para um dos revisores da editora várias vezes.  Eu sou a rainha das vergonhas. Eu não tenho culpa! É meio que automático essa coisa. O " não pode ver uma vergonha que já quer passar" se encaixa perfeitamente em minha definição.

Apesar da noite de merda que passei, não posso deixar de procurar alguém que me ajude com meus direitos. O safado do meu ex se recusa a pagar meus direitos. Além de traidor ainda é um explorador! Ele só se esqueceu que posso ter sido cega em relação a ele, mas não rasgo dinheiro. Carol. minha amiga de longa data, me aconselhou a procurar um advogado e pelas vias legais enquadrar o meliante. Tenho umas economias guardadas, mas o dinheiro que ele me deve é meu direito e não vou deixar por isso. Aquele traidor já ficou com alguns anos de minha vida que não terei de volta e ainda quer me foder financeiramente? Nem a pau!

Depois de tomar meu delicioso café, já estou pronta e com o endereço do escritório na mão. O namorado de Carol nos indicou um advogado trabalhista que conheceu na faculdade. Roberto é um assistente social e adora ajudar os outros. No caso a boa ação da vez é a chifruda aqui. Vou aproveitar esse dia para procurar emprego e no final da tarde conversarei com o advogado que ele me indicou.


(...)


Desci do táxi e pude ver a enorme placa Gustavo Porto & Advogados Associados. Agradeci mentalmente o favor que Roberto estava me fazendo. Ele tinha conseguido que esse amigo pegasse minha causa a preço de banana.Se bem que o preço da banana tinha dado uma valorizada ultimamente.  Contratar um advogado levaria metade de tudo que economizei em anos e não estava disposta a viver na incerteza. Afinal nem emprego tinha mais e a minha procura hoje não havia dado em nada além de muitos " entraremos em contato".  Já estava suspeitando que isso tinha o dedo daquele traidor. Não sei como me enganei tanto tempo com aquele sapo disfarçado de príncipe. Agora parando para pensar eu vejo o quão burra fui. Foram pequenos atos que mostravam seu verdadeiro caráter. A forma como ele se incomodava com o meu eventual sucesso profissional. As vezes que me colocou para baixo fingindo apenas está preocupado comigo. As noites em que me deixou esperando e justificou com o crescimento da editora. Minha mãe sempre diz que o enganado é quem se deixa enganar e vendo tudo agora sei que está certa. 

Assim que entrei fui pedir informação para a recepcionista. Com tantos advogados de diversas áreas ali, ficou meio confuso para mim. Desastrada como sou é capaz de sair desse lugar com um processo de invasão de privacidade para responder.

Pérola: Boa tarde! - falei e ela me olhou simpática. - O Dr. Vicente Arruda, por favor.

Recepcionista: Segundo andar, sala 202. - falou me entregando um crachá. - Agradeci e fui em direção aos elevadores. Quando cheguei no andar indicado, avistei a secretária conversando com um homem de meia idade. 

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