14. Você De Novo ( Edward Cullen)

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Capítulo 14 – Você de novo (Edward Cullen)
Eu não podia acreditar, era ela sim, ela em sua plena glória e beleza, vestindo roupas gastas e rasgadas. Estava ali parada bem na minha frente, era como se ela nunca tivesse partido.
- Senhor Cullen. — Ária disse pelo interfone. — O senhor McCarty está aqui.
- Pode deixar ele entrar.
Ela desligou e não demorou muito ele entrou, continuava igual. Ele sorriu quando me viu e veio caminhando em minha direção.
- É bom vê-lo. — Emmett disse, sentando na cadeira à minha frente.
- Também é bom vê-lo. — digo. — Mas tenho certeza de que não veio aqui só para dizer isso.
- Não. — Ele diz. — Acabou, tudo foi destruído. Não conseguimos salvar nada daquele mundo.
- Sinto muito.
- Você realmente sente? Você foi embora, Edward, nos deixou lá. Nem tentou achar o livro. Ele era o único que poderia salvar aquele local. — Emmett diz, me olhando magoado.
- Aquele mundo tirou tudo de mim. Não podia ficar lá.
- Mas poderia ter salvo aquele lugar. Poderia ter mudado a vida de muitos de nós.
- Eu não podia fazer nada, eu nunca soube onde ela tinha escondido o livro, ela morreu e não disse.
- Ela não morreu, ela se matou. — Emmett diz.
- E ninguém se importou a não ser eu.
- Não é verdade. — Ele diz. — Rosie se importou, ela sentiu a perda.
- Até descobrir que estava tão amaldiçoada quanto eu. — Eu digo.
- Você tem que entender, todos nós que estávamos naquele penhasco sofremos com a maldição dela.
- Acho que foi um carinho justo perto de tudo o que tiramos dela.
- Tiramos? — Emmett questiona, irritado. —  Ninguém tirou nada, apenas...
- Ajudaram. — Eu digo. —  Vocês sabiam de tudo sobre a Ordem, sobre o livro e sobre ela ser a única a saber. Você, Jasper e Alice, todos juntos sabiam a verdade e me usaram assim como usaram ela. Então acho que ela ainda pegou até leve, naquele dia ela podia ter nos matado.
- Não importa mais. — Emmett diz, levantando. — Você já fez sua escolha, além do mais só queria te dizer que estamos na cidade, pelo menos uma parte de nós. Charlie e Renée e mais alguns foram para perto do mar. Seu pai e minha mãe assim como Rosie, Alice e Jasper estamos na cidade.
- Acho que já entendi. — Eu digo. — Mais alguma coisa?
- Pelo visto você se adaptou muito rápido. — Emmett diz. — E construiu um império aqui.
- Acho que vocês precisam saber de uma coisa. — Eu digo. — A magia de vocês sumirá, com o tempo restará apenas a imortalidade.
- A gente já sabe. — Ele diz. — Alguns de nós já não possuem mais poderes.
- Você se acostumam depois de um tempo.
Ele não diz nada, apenas caminha para sair da minha sala e então ele para e me olha.
- Edward, sua mãe ainda não esqueceu sua traição. Ela acha que a culpa de destruírem a dimensão mágica é sua também. — Ele diz. — Deveria tomar cuidado, ela não é uma pessoa fácil de lidar.
- Você vai descobrir que ninguém é.
Então ele sai me deixando sozinho. Eu saí de lá antes de tudo começar a ruir. Tudo lá me lembrava ela. Ficar lá era como ser torturado todos os dias. Eu vim para o mundo humano porque esse era nosso plano, estávamos fugindo de lá quando Charlie junto com meu pai nos pegaram. Mas foi Renée que apagou as nossas mentes, que roubou nossas lembranças mais preciosas e então nos fez esquecer tudo e todos, principalmente o nosso amor.
(...)
A festa era para comemorar nosso sucesso, cada ano ganhávamos mais espaço no mercado competitivo de NY. As empreiteiras Cullen estavam ganhando o mundo, esse era o motivo dessa festa. Pelo menos para os meus funcionários era, para mim era a chance de revê-la. Se tudo desse certo meu funcionário mais fiel, John Clark, levaria sua adorável filha à festa. Eu estava contando com isso.
Naquela noite já havia cumprimentado várias pessoas. Uma coisa legal da imortalidade é que ao contrário da mente humana não esquecemos facilmente um rosto. Então lembrar para nós é muito fácil. Nome e rosto, lugares, tudo fica gravado em nossa mente.
Já era quase oito horas da noite quando eles chegaram, John e sua adorável filha. Ela usava um vestido simples e bastante discreto na tonalidade preta. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e seus brincos eram diferentes, bijuteria talvez... não, era bijuteria, e acredito que tenha sido escolha dela, já que pude notar que sua personalidade é bastante forte.
Fiquei observando ao longe ela em meio à multidão. Seu pai foi roubado assim que entrou na sala por alguns sócios. Ela pegou uma taça de champanhe e ficou circulando até ir parar na varanda.
Eu sabia que não era Bella, ela estava morta, eu vi seu corpo, eu fui ao seu funeral, eu chorei sobre seu corpo e eu morri junto com ela, pelo mesmo uma parte humana minha morreu.
- Parece que não está gostando da festa. — Digo, me aproximando.
- Na verdade não. — Ela diz, sem olhar com quem falava. — Não é o tipo de lugar que costumo frequentar.
- Por que?
- Não acho que seja da sua...
Ela ficou muda assim que me viu, ela piscou os olhos algumas vezes e então tentou verbalizar alguma coisa mas voltava a fechar a boca sempre, era como se as palavra fugissem dela.
- Acho que não deveria ter perguntado. — Digo. — Foi indelicadeza da minha parte.
- Me desculpe. — Ela diz, corando. — Acho que fui grossa.
- É um direito seu não querer responder.
- Mas parece que você também não está gostando da festa.
- Não, são apenas meras formalidades. — Digo.
— Então diremos que estou aqui por mera formalidade.
- Sério? Está acompanhando o marido ou namorado? Acho que seja namorado, você parece jovem demais para ser casada.
- Nenhuma das opções. — Ela diz e sei, pois já tinha levantado a sua ficha. — Estou acompanhando meu pai.
- Então isso aqui deve ser uma tortura para você.
Ela sorri levemente e então sacode a cabeça. Ela volta seus olhos para a multidão e então suspira.
- São falsos. — Ela diz e não entendo. — Eles são todos falsos, todos tem um motivo para estarem aqui, todos falsos. Olha em volta, estão sempre procurando por algo; Alguém para impressionar, pessoas que possam sentir inveja do que elas têm, entre outras coisas. Sorrisos falsos e gentilezas mais falsas ainda. Eles vivem uma mentira todos os dias para tentar se convencer de que é real.
- Interessante. — Digo. — O que pensa de mim?
Ela me olha como se estivesse me analisando e então sorri gentilmente e bebe o resto do champanhe de sua taça.
- Eu diria que você é uma pessoa triste e solitária. — Ela fala e pisca os olhos como se quisesse afastar um pensamento. —  Desculpa, acho que fui grossa novamente.
- Acho que você viu minha alma, senhorita Clark.
- Swan. — Ela diz. — Eu gosto mais do sobrenome da minha mãe.
- E como se chama sua mãe?
- Eleonora Swan. — Ela diz, orgulhosa.
- E você é?
- Isabella, eu sou Isabella Swan Clark.
- Muito prazer, senhorita Swan. — Digo. — Sou Edward.
Ela sorriu gentilmente e suas bochechas coraram fortemente e ela desviou seus olhos dos meus.
- Bells, querida! — John chamou.
— Estou indo, pai! Até, Edward. — Ela diz e sai correndo na direção do seu pai.
Vejo ela ser levada e então sei que eles foram embora. Elas tinham o mesmo nome e o mesmo sobrenome, mas eram pessoas completamente diferentes, mesmo tão parecidas fisicamente.
(...)
Durante dois longos dias não consegui fazer nada direito, era como se a imagem daquela garota não saísse da minha cabeça. Mas eu sabia que o real motivo é que ela é a cópia fiel da minha Bella.
- Senhor Cullen. — Mike entrou na sala. — Aqui estão os papéis que você pediu.
- Obrigado. — Digo, pegando a pasta. — Sobre aquele outro assunto, já temos retorno?
- Ainda não. — Ele diz. — Mas já estamos contatando o senhor Black.
- Ok, me avisa quando tivermos notícias.
- Certamente, senhor.
Ele saiu me deixando sozinho. Mike era um ótimo funcionário, cuidava da parte de negociações da empresa e nesse momento estava tentando fechar uma campanha grande com as indústrias Black. Algo que sairia caro mas teria um final bem lucrativo para ambas as partes.
Levanto saindo da minha sala e seguindo para a sala do Clark, ele está trabalhando em um novo projeto que melhorará e muito nosso sistema técnico de informática, dando uma grande alavancada no mercado também.
- Suelen, o senhor Clark já se encontra na empresa? — Eu pergunto, parado em frente à sua mesa.
- Bom dia, senhor Cullen. — Ela diz, corando, ela sempre cora em minha presença. — Sim, ele se encontra e já está trabalhando. Devo avisar que está aqui?
- Por favor. — Digo e ela interfona.
- Senhor Clark, senhor Cullen deseja falar com você.
- Deixe-o entrar. — John diz.
- Pode entrar. — Suelen diz, muito corada.
Eu sempre peço para ser anunciado, não gosto de surpreender meus funcionários. Já passei por algumas situações que foram bastante constrangedoras.
- Olá, John. — Digo, entrando na sala. — Como estamos hoje?
- Em progresso, logo teremos uma ótima tecnologia que alavancará o mercado. — Ele diz, empolgado.
Desde a morte de sua esposa ele se trancou para o trabalho, por um lado seus inventos estão fazendo minha empresa crescer ainda mais, pelo outro ele se fechou para o mundo. Não o culpo, eu fiz o mesmo quando Bella morreu. Fiquei trancado para mim mesmo sem me dar conta de que existia vida à minha volta.
- Conheci sua filha no jantar de sábado. — Comento, enquanto vou lendo seus progressos.
- Bells, espero que ela não tenha sido grossa com você. — Ele diz. — Ela não gosta muito de multidões. Gente demais a incomoda, ela é sempre desconfiada, mas acredito que seja minha culpa, já que ela passava mais tempo com mãe em suas escavações. Pensei que ela seguiria a carreira da mãe e seria arqueóloga, mas pelo contrário, ela foi para mundo gráfico, é uma ótima desenhista.
- Imagino que sim. — Digo, vendo ele falar orgulhoso da filha.
- Mas nem sempre foi assim. — Ele diz. — Ela deu muito trabalho quando criança, sonhos e pesadelos, ela falava sobre coisas que não existiam. Dizia que existia outro mundo e animais e monstros perigosos. Ela fez terapia até os dez anos e nada ajudou, então sua médica achou melhor interná-la mas Eleonora não aceitou. Depois daí ela parou de ir às terapias e passou a ir escavar com a mãe, então tudo mudou. Mas depois que sua mãe morreu ela entrou em uma fase meio rebelde. Já perdi as contas de quantas vezes fui buscá-la em delegacias por estar se envolvendo em brigas.
- Parece que ela lhe dá trabalho.
- Às vezes sim. — Ele diz. — Mas é uma ótima garota.
- Imagino que você e sua esposa tiveram grande influência nisso.
- Bom, espero que sim. — Ele diz, totalmente absorvido em sua pesquisa.
- Bom, continue seu trabalho. — Digo, lhe entregando a pasta. —  Estamos tendo ótimos progressos.
Saio da sua sala mas paro assim que a vejo parada em frente ao elevador. Suelen já não está em sua mesa.
- Isabella. — Digo, chamando sua atenção.
- Edward. — Ela diz, sorrindo gentilmente. — Não esperava encontrar você aqui.
- Digo o mesmo sobre você.
- Saí mais cedo da faculdade. — Ela diz. — Vim almoçar com meu pai.
- Acho difícil ele parar agora. — Falo e ela me olha. — Está totalmente envolvido em sua pesquisa.
— Trabalho novo. — Ela diz. — Sempre deixa ele animado demais para lembrar de comer.
— Se não se incomoda, aceita comer comigo? — pergunto e depois me arrependo.
Ela pensa por alguns segundo e então volta sua atenção para mim.
- Tudo bem. — Ela diz. —  Só deixa eu dar um oi para ele.
- Claro.
Ela caminhou passando por mim e entrando na sala do pai, se passam alguns segundos e então ela voltou. Olho para ela de cima a baixo e está usando calças jeans rasgada nas pernas, camiseta de alguma banda que não conheço, seu casaco está amarrado em sua cintura e ela usa tênis.
- Vamos? — Ela diz, me olhando.
- Claro. — Digo, caminhando junto com ela para o elevador. — Onde deseja ir?
- Tem um restaurante italiano aqui perto. — Ela fala, animada. — Adoro a comida de lá.
- Então vamos lá.
Seu sorriso é genuíno, ela parece tão à vontade em minha presença que fico intrigado se é isso mesmo ou se estou imaginando coisas.
Continua...

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