Capítulo 5

1.5K 156 65
                                    

Gentem, não aguentei e (a pedidos das leitoras mais lindas do mundo) eis aqui um capítulo extra. Agora só vamos nos ver na terça feira. Espero que gostem! Beijos no coração de vocês e tenham um ótimo final de semana.

Seus olhos brilham tanto

Eu quero salvar as suas luzes

Quando você sentir o meu calor

Olhe dentro dos meus olhos

É onde meus demônios se escondem

Demons – ImagineDragons

Amber Collins

Iniciei uma corrida pelo rancho, passando em alta velocidade entre os cavalos que se moveram assustados. O gosto amargo e rançoso do vômito se espalhava por minha boca, aumentando a vontade de continuar vomitando.

Foi demais para mim!, pensei e abri a porta de vidro da casa em um rompante. Smigoul se assustou e iniciou uma crise de latidos altos e agudos. Ele parou ao me ver, como se notasse que algo estava diferente e não demorou muito para começar a pular em minhas pernas.

— Agora não, Smigoul. — Continuei a busca pela maleta de primeiros socorros. Eu precisava ser rápida. Tinha um homem morrendo em um quarto no meu celeiro e a expressão mórbida em seu rosto só me apavorava ainda mais.

Uma porta à direita da cozinha dava acesso ao quarto mais frio da casa, onde eu costumava deixar os medicamentos e meus materiais já esterilizados.

Passei pelo batente da porta e encarei as duas grandes prateleiras colocadas uma de cada lado da sala criando um corredor no meio. Comecei a tatear as prateleiras em busca da maleta.

— Vamos lá, vamos lá! — Uma lágrima teimosa transpassou meus olhos e escorreu por meu rosto, terminando dentro do decote da minha camiseta. Podia sentir a gota gélida se desfazendo em minha pele suada e impregnada de sangue. — Graças a Deus! — gritei ao encontrar a maleta vermelha com vários desenhos de cachorrinhos ornamentando-a.

Agarrei-a sem pensar e comecei a correr com Smigoul em meu encalço. Passei pela cozinha mais uma vez e alcancei a sala. Trombei no sofá de couro à direita, derrubei um porta-retratos onde eu e meu irmão, Alex, estávamos brincando no estábulo aos cinco anos de idade e me amaldiçoei por ser tão desastrada.

O desespero ameaçava me cegar. Eu não podia perder o controle. Não agora. Já tinha tanto tempo que eu havia me esquecido da sensação horrível que era. O peito inflando sem ar, as mãos movendo-se por vontade própria, o descontrole, a vontade de gritar. Um ataque forte de ansiedade, misturado ao medo.

Tentei escapar de tudo aquilo, mas enquanto me desvencilhava de Smigoul, passei em frente a um espelho que ficava pendurado no meio da sala e vi o meu estado. Não contive o grito que subiu por minha garganta.

Levei a mão ao rosto, observando as manchas vermelhas tingindo minha pele clara e minha visão embaçou.

Seja forte, Amber!

Engoli a sensação desoladora que me cercava e bati a porta às minhas costas.

Entrei no celeiro aos tropeços, para variar. O Tenente, ou seja lá quem fosse aquele homem, mantinha-se de olhos fechados, como se dormisse um sono profundo.

— Tenente! — chamei, jogando-me ao seu lado. Ele não respondeu, ou sequer abriu os olhos. — Tenente. — Ergui a mão e toquei o seu rosto. Estava gelado. — Droga, droga. — Será que ele estava morrendo? — Não! — Balancei seu corpo. — Você não vai morrer! — Meu coração batia acelerado, meus ouvidos pareciam ter perdido a capacidade de ouvir.

O Tenente - Um espião, um amor, uma escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora