Não me lancem dúvidas,
Muito menos certezas.
Sou ingênuo o bastante.
E, apesar de velho viajante,
Ainda sou criança andante.
Posso, de boa fé, acreditar
Na certeza de uma dúvida,
Ou na dúvida de uma certeza,
Talvez até nas duas e, então,
O meu mundo descambaria.
Sem isso ou sem aquilo,
Basta ver a linha da vida.
Solta e instável como corda
Que é bamba,
Presa num sei lá ou num sei cá.
Segura entre o donde e o onde,
Tendo abaixo um abismo abismal.
E essa vida que é solta,
Vivendo entre os pontos do adivinho,
Perdida em meio aos vetores
Desenhados nas Rosas dos Ventos,
Entre seus pontos laterais e colaterais
Que desconhece o que eram,
Tudo fica a se equilibrar no invisível.
Surge um abismo
Onde não podemos despencar.
Seria queda longa, sem fim,
Nunca pensar ou imaginar.
É um perigo o avançar
Enfim, passo a passo,
A corda oscila de lá pra cá e
De cá pra lá.
Para se equilibrar,
Braços esticados e soltos no ar,
Compensando o vai não vai.
E esse ar não está pra segurar,
É um vazio que ocupa o lugar.
Mas, acredite, e vá.
Apenas vá!
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Poesias de uma vida
PoesíaViver é um desafio. Só os corajosos ousam transformar seus percalços, dúvidas, vitórias, alegrias e tristezas em poesia.