E ela dorme....

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Sobre o colchão
De uma cama de casal,
Dormimos lado a lado
Posições que o sono orienta
E, às vezes, nos desorienta,
Pois, nas aflições,
O corpo mexe e remexe.
Hoje, para minha felicidade,
Acordando antes dela,
Em posição simétrica à minha,
Fiquei atento na minha imobilidade,
Notando que ao meu lado
O sono dela era dos deuses,
Já que descansava nas
Profundezas da calma.
Fiquei estático, parado sobre
O lado do meu corpo, com
Perna sobre perna,
Joelhos semi articulados,
Dois braços dobrados,
Uma das mãos apoiada
Em forma de concha,
Onde a cabeça descansava
E o ombro latejava.
Um movimento por mínimo que fosse,
Uma junta que estalava, me preocupava,
Pois podia quebrar aquele silêncio.
O liga-desliga da geladeira,
O corre-corre de crianças,
Suas algazarras e alaridos, os
Ruído vindos dos motores nas ruas
Atrapalhariam aquele descanso,
Nascido de um cansaço
De vida prolongado e pesado.
Enquanto acordado e deitado,
Passeavam pelo teto  reflexos de luz
Que vazavam pelas frestas, e os
Móveis se perdiam nas formas e,
Nas cores indefinidas perdidas
Na  penumbra indefinida.
Ela respirava ritmada,
Numa sucessão de tempos
Entre um ressoar forte e outro fraco, ou
Cadencias que se alteravam aleatoriamente.
Eu aguardava apreensivo o despertar dela,
A dor da minha imobilidade incomodava,
Entretanto eu pensava, o alívio representava
Aquele sono, um inverno da natureza.
Ela ainda dormindo, se vira para meu lado,
Aperta meu corpo e fica assim,
Por algum tempo e diz:
Meu amor!
Me abraça, abraço apertado e
Relaxa do descanso descansado.

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