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O quarto do hospital era silencioso e iluminado. As janelas estavam fechadas para manter o ar frio do ar condicionado. A única TV, presa no teto, estava desligada. Na única cama que havia no espaço, estava Evie. A menina vestia uma roupa cirúrgica e mal conseguia manter os olhos abertos por conta da mediação que tomara. Ao seu lado, estava Natasha Romanoff e um médico com uma prancheta na mão. O homem examinava a paciente para ter certeza de que estava tudo em ordem. Evie soltou um resmungo baixinho, tentando se mexer na cama pequena.

- Está tudo em ordem agora. - Disse o médico casualmente, após medir o pulso de Evie. - Mas, se eu fosse você - Ele olhou o nome na ficha. - srta. Brien, não chegaria nem perto de nozes. É extremamente alérgica e por um triz não aconteceu algo pior. - Natasha cruzou os braços.

-Obrigada, doutor. - A ruiva agradeceu. O homem deu de ombros.

- Vou preparar a alta. - Anunciou. - Com licença. - Ele acenou com a cabeça antes de deixar o quarto.

- Essa foi por pouco, mocinha. - Natasha suspirou. Evie fez uma careta.

- Tenho um péssimo guardião, Nat. - Murmurou. - Eu quase morri. - Choramingou extremamente dramática. Natasha soltou uma risada pelo nariz.

-Evie - Repreendeu maternal. - Pegue leve com o Peter. Ele ficou bem preocupado com você. - Evie suspirou, contrariada.

- Por que eu não posso ficar com você?

Natasha deu um longo suspiro.

-Eu já lhe disse. - Responde pacientemente. - Eu estou numa outra missão, mal paro em casa. Você precisa de alguém para lhe ajudar a se adaptar. - Explico. - Pode não parecer, mas o Peter é a pessoa mais indicada para isso. - Evie encarou o nada. - Bem, eu tenho que ir agora. - A menina fez uma careta, resmungona. - Vou lhe visitar depois. - A ruiva depositou um beijo na testa de Evie.

-Tchau, Nat. - Deu um sorriso fraco. Romanoff acenou e deixou o quarto.

Um minuto depois, Peter adentrou no local cautelosamente. O garoto estava tenso, mas respirou aliviado quando viu que Evie estava acordada. Ele se aproximou da cama dela em passos lentos e calculados, temendo sua reação.

-Veio rastejar aos meus pés e implorar por perdão e misericórdia, midgardiano? - Perguntou como uma monarca diante de um criminoso. Peter franziu o cenho.

-Não.

Evie virou o rosto, emburrada, e cruzou os braços.

-Então, vá embora! - Murmurou. Parker não se moveu.

-Olha, não foi culpa minha! - Defendeu-se baixinho. Ela o encarou.

- Você disse que não havia perigo! - Rebateu. Peter suspirou, tranquilo.

-Mas como eu poderia saber que você é alérgica a nozes se nem você mesma sabia?

Evie abriu a boca, mas soltou apenas um suspiro. Odiava estar errada ou não saber o que responder. Ela desviou o olhar novamente. Peter encarou a garota por um longo momento, até que disse:

-Se você não quer falar comigo, então eu vou embora. - Disse movendo-se alguns centímetros em direção à porta. Evie hesitou por alguns segundos, orgulhosa.

-Espera! - Peter parou, ainda de costas, e conteve um sorriso. - Não quero ficar sozinha aqui. - Admitiu baixinho. O garoto voltou para onde estava.

-Tudo bem. - Ele sentou-se na cadeira de acompanhante, perto da cama. - Vou ficar aqui. - Decidiu. Evie ficou em silêncio, apenas o observando. Depois de alguns minutos, suas pálpebras pesaram e ela adormeceu.

***

Já era tarde da noite quando Evie acordou. Ela não abriu os olhos de imediato. Ainda estava muito sonolenta por conta dos remédios. Um voz quase sussurrada, entretanto, chamou a sua atenção. Era Peter. Evie não demorou a entender que seu novo guardião estava falando no celular e não parecia nada satisfeito. Ela fingiu ainda estar adormecida, escutando atentamente parte da conversa.

- Eu não vou aguentar isso! - Peter falava ao telefone, próximo à janela. - Ela é uma princesinha mimada. Completamente insuportável! - Acrescentou baixinho. Evie entendeu de imediato que se tratava dela. - Eu sei, eu sei. - Suspirou. - Eu queria que ela voltasse para a casa dela. - Disse impaciente. - Ela é chata e egoísta!

Evie quase prendeu a respiração. Mesmo que não entendesse exatamente porque, ouvir aquelas palavras doeu. Foi como uma facada no coração. Ela apenas fingiu continuar dormindo, mas sabia que não esqueceria aquilo. Nunca. 

Princess-SitterOnde histórias criam vida. Descubra agora