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A batalha entre os jotuns e guerreiros Asgardianos continuava de forma intensa do lado de fora do palácio e em grande parte do reino. Uma rebelião havia começado e alguns jotuns haviam se unido aos asgardianos para derrotar os aliados de Hailstrum. Nenhum dos lados parecia estar ganhando, mas ambos exércitos já haviam perdido alguns de seus guerreiros.

Por todos os lados, lanças e flechas em chamas voavam pelos ares. Asgardianos lutavam no chão e usavam bombas especiais para acertar os gigantes de gelo traidores. Em outra parte, jotuns lutavam contra outros jotuns, num embate de gelo e fúria. Os arqueiros do exército de Asgard sobrevoavam rapidamente em seus pegásos, atirando suas flechas o mais rápido que conseguiam.

Knut e Mary voavam lado à lado, passando por cima das cabeças dos Gigantes. Por muito pouco o chefe da guarda não foi atingido por um jotun. Entretanto, Mary foi mais rápida e acertou o gigante com uma dúzia de flechas flamejantes. O jotun cambaleou e caiu no chão.

-Essa foi por muito pouco. - Knut comentou, respirando aliviado. Ambos ainda voavam ao redor do reino. Mary sorriu, fazendo seu pegáso o alcançar.

-O que seria de você sem mim? - Brincou. Ele soltou uma risada.

Não demorou muito e Valkyrie os alcançou, também em seu pegáso.

- Vocês dois viram o Thor? - Perguntou séria. Valkyrie parecia preocupada.

-Não. - Responderam em uníssono. A guerreira soltou um suspiro fraco.

-Isso não é um bom sinal. - Concluiu.

***

Cada segundo que passava o coração de Nerfi acelerava um pouco mais. Estava a ponto de pular de sua boca. O jovem estava agitado, sua mente girava e havia um peso enorme em sua cabeça. Era como se vozes sussurrassem coisas em seus ouvidos, deixando-o tonto. Mas, ele não podia parar agora. O plano dependia dele. A vida da sua irmã também. Ele não podia falhar. Seu pai contara com ele antes de morrer.

A sala subterrânea do palácio era igualmente gelada e silenciosa. O lugar era secreto e abrigava alguns artefatos perigosos. E lá estava, no meio da sala, o poderoso cetro dourado que um dia pertencera a Loki. Estava intacto e muito bem guardado.

Nerfi aproximou-se do objeto cautelosamente. Com muito cuidado e ainda zonzo, o príncipe tirou a jóia do espaço do seu colar, usando magia para não tocar no artefato. Ele levantou um pouco a pequena pedra azul, observando-a, quase hipnotizado. Seus olhos brilhavam de um jeito quase selvagem. Nerfi a encaixou dentro do cetro, sentindo uma energia percorrendo todo o seu corpo e suas entranhas. A jóia brilhou ainda mais, como se reconhecesse o objeto. Ele respirou fundo mais uma vez e segurou o cetro com uma mão. A hora havia chegado.

Então, de uma vez só, Nerfi bateu com o cetro dourado no chão. O brilho da pedra aumentou, dificultando sua visão. No mesmo instante, o chão e as paredes começaram a tremer, criando rachaduras para todos os lados. A energia que o cetro emanava crescia cada vez mais, fazendo todo o tremor aumentar. Nerfi nunca havia se sentido tão forte em toda a sua vida, ao mesmo tempo que parecia estar sendo consumido por uma força maior. O seu corpo parecia estar ligado diretamente à jóia e ele conseguia ver muito além de seu reino. Muito além do seu universo e daquela dimensão. Nerfi conseguia ver cada espaço, vazio ou não, e toda a sua linha. Foi então que ele entendeu por completo o plano de seu pai.

***

A sala do trono havia se tornado um verdadeiro campo de batalha para Jotuns. Gigantes de gelo lutavam entre si por todos os cantos. Haviam gigantes caídos, mortos e feridos, por todas as partes. Entretanto, aquela batalha parecia muito longe de terminar. Nenhum dos lados descansaria enquanto não tivessem vencido. Naquela luta só haveria um lado vencedor e Evie torcia para que fosse o lado dos aliados de seu pai.

A jovem não havia conseguido deixar a sala ainda para procurar por suas amigas. Obviamente, ela era um dos principais alvos de Hailstrum e seus guerreiros. Tudo que ela tinha que fazer era lutar por sua própria vida e destruir alguns de seus inimigos - coisa essa que era muito mais complicada com a roupa que estava vestindo. Mas, nada que Evie não pudesse dar um jeito. Ela só precisava manter sua mente focada, o que era algo difícil. Evie não parava de se perguntar onde estava Nerfi e o que ele estava fazendo.

Enquanto Ragnar lutava com dois jotuns, Evie tentava se livrar de um gigante de gelo que estava disposto a acabar com sua vida. O jotun tentou acertá-la com uma lança, jogando a arma contra ela com toda a sua força. A princesa teve de ser rápida ao progetar um campo de força ao seu redor para se proteger. Ela soltou um grunhido baixo quando a lança atingiu sua defesa e caiu no chão. Unindo toda a sua força, Evie liberou magia de suas mãos. A energia roxa atingiu o gigante de gelo, arremessando para longe. Ela mal teve tempo de respirar quando outra lança quase a atingiu.

No meio da batalha, dois rostos familiares apareceram. Thor e Tony Stark conseguiram invadir a sala do trono, entre os jotuns. Ambos pareciam procurar por alguém ou algo. No entanto, os dois logo tiveram que se separar pelo salão para lutar.

Evie havia acabado de derrubar outro jotun quando avistou, de longe, seu tio. Ela não pôde conter um sorriso. Era um sorriso de alívio no meio de tanto desespero. Era bom ver um rosto familiar. Thor lutava contra três gigantes de uma vez só e não demorou a derrubá-los com o martelo.

-Tio Thor! - Evie chamou a atenção do deus. Thor não demorou a encontrar a origem do chamado, mesmo que distante.

O deus deu um sorriso leve quando viu a sobrinha e, imediatamente, começou a caminhar em sua direção. Quando deu mais um passo à frente, entretanto, o chão embaixo de seus pés começou a rachar. Ambos fecharam os seus sorrisos, confusos. O som do chão e paredes se partindo aumentava assim como as rachaduras por todos os lados. Um tremor forte se iniciou e pedaços do teto e luxuosos lustres começaram a despencar no chão. Por causa do impacto, ambos Evie e Thor caíram, perdendo de vista um ao outro no meio dos escombros.

Jotuns cambaleavam por todos os lados, mal conseguindo ficar de pé. Evie tentou se levantar, cobrindo o braço machucado, mas caiu novamente. No instante seguinte, todo o salão começou a girar. Evie demorou a entender que não era a sua mente que girava, nem o palácio. Espaços iguais e diferentes daquele salão giravam ao redor deles, como milhares de espelhos e portais dimensionais gigantes. Evie jamais havia visto algo como aquilo. Era como se alguém estivesse manipulando o espaço. Como se alguém tentasse alterar a linha espaço-temporal de forma errada.

O tremor continuou e mais portais foram abertos, separando como muros os jotuns aliados de Hailstrum e os outros. Os portais dimensionais começaram a girar ainda mais rápido, provocando um vento forte. Evie teve de se agarrar ao chão, tentando não ser arrastada. Gigantes traidores começaram a ser sugados pelos portais para o espaço vazio. Um breu. Ou lugar nenhum, desaparecendo na escuridão sem fim. Um atrás do outro, os jotuns tentavam se segurar, e aos gritos, eram puxados pela força maior.

A ventania só aumentou, assim como a força misteriosa. Com dificuldade, Evie conseguiu se concentrar em seu poder, aumentando o campo de força ao redor dos aliados para que eles não fossem arrastados também.

De repente, da mesma forma que começou, tudo voltou ao normal. Os portais desapareceram, deixando para trás apenas a bagunça e os destroços.

Exausta e com o vestido amarrotado, Evie levantou-se, tentando entender o que havia acontecido. Ela tropeçou nas pedras, tentando encontrar seu tio no meio de tantos jotuns caídos. Olhando para todos os lados, ela o avistou. Ainda de pé, Hailstrum a encarava com uma expressão indecifrável. Estava sozinho, mas não parecia vencido. Estava furioso. A jovem ergueu o queixo, cerrando os punhos com força. Ela também estava furiosa. Parecia não haver ninguém mais ali. Absolutamente nada. Apenas o ódio mórbido entre os dois. Apenas um dos dois sairia vivo dali e Evie tinha certeza que era ela.

Princess-SitterOnde histórias criam vida. Descubra agora