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Era madrugada em Asgard. A escuridão era densa e silenciosa. Um vento frio atravessava a janela aberta do quarto da pequena Evie, uivando. As luzes do quarto estavam apagadas, deixando a escuridão ainda pior.

A pequena Evie acabara de completar sete anos. Ela dormia, agarrada à sua girafinha de pelúcia - um dos poucos brinquedos midgardianos que tinha - deitada em sua enorme cama. Sua aparência era serena e despreocupada, como uma criança que tinha sonhos bons.

Um ruído vindo do chão, como unhas sendo raspadas, a fez abrir os olhos. Sonolenta e com a visão reduzida por causa da escuridão, Evie esfregou os olhos com uma mão. Ela esticou os pequenos pés, ainda deitada, olhando para o teto. Novamente um ruído ecoou. Desta vez, vindo debaixo de sua cama. Correntes pareciam estar sendo arrastadas no chão, fazendo um barulho estrondoso. A pequena Evie sentou-se imediatamente.

-Nerfi? - Chamou, acreditando ser mais uma das brincadeiras de seu irmão caçula. Não houve resposta e mais silêncio se fez. Evie olhou para todos os lados, mas só viu uma escuridão profunda.

O ruído aumentou e sua cama começou a tremer. Evie agarrou a girafa de pelúcia contra o peito, amedrontada. Então, algo saiu debaixo de sua cama lentamente. Uma criatura com a pele dura como ossos, como o breu. Seu rosto era como uma caveira, largo e assustador. Em sua cabeça, haviam dois chifres como os de um touro. A criatura tinha garras nas mãos e dentes pontiagudos como adagas. Ele crescia cada vez mais, tornando-se enorme. Evie prendeu a respiração, com medo.

A criatura bateu as garras nas barras da cama, e partiu na direção da menina. Evie gritou, apavorada, com todo o fôlego que havia dentro de si.

-PAPAI! - Seus gritos agoniados não fizeram o ser recuar. A criatura avançou mais uma vez na sua direção, passando as garras violentamente na frente do seu rosto. As garras afiadas rasgaram a girafa de pelúcia ao meio, como se fosse um pedaço de papel. - PAPAI! - Chorou. O ser abriu a boca, exibindo seus dentes, como se fosse devorá-la. Evie se encolheu, cobrindo os olhos com as mãos. - PAPAI! - Mais um grito agudo saiu de sua garganta.

Em poucos segundos, as luzes do quarto se acenderam. Loki e uma dúzia de guardas invadiram o lugar. Frigga veio logo atrás, com o olhar preocupado. Evie estava encolhida na cama, escondendo o rosto, em prantos.

- Evie! - Loki correu até ela, sentando-se na cama. Os guardas permaneceram onde estavam, olhando para todos os lados para ver se encontravam algo fora do normal. - Evie! - Disse mais baixo. Ela não se moveu. Todo o seu corpo tremia enquanto ela chorava. - Criança tola, é o papai. - Sussurrou. Ele segurou suas pequenas mãos, tirando-as do rosto. Evie tentou respirar fundo, mas caiu no choro de novo. Seu rosto já estava encharcado.

-Tem um monstro aqui. - Soluçou, apertando Loki num abraço. O deus retribuiu, dando batidinhas em suas costas.

- Está tudo bem. Foi só um pesadelo. - Loki trocou um olhar rápido com a mãe e depois encarou os guardas. - E vocês, saiam daqui! - Ordenou, impaciente. Os guerreiros fizeram algumas reverências e deixaram o lugar.

- Ele é horrível. - Evie chorou.

-Sssh! - Tranquilizou-a. - Já passou. - Evie não o soltou.

Um gato preto adentrou no quarto, correndo. No meio do caminho, o bichano se transformou, com uma dificuldade imensa, num menino de quase sete anos. Seus cabelos castanho claro caíam em sua testa e seus olhos eram verdes, intensos. Nerfi ainda tinha dificuldade em se transformar, era muito jovem. Agarrado a um elefante de pelúcia, ele se aproximou da irmã e do paii.

-Papai? - Chamou. Loki o encarou.

-Agora não, Nerfi. - Pediu baixo. Loki soltou Evie, que choramingou, ainda com medo. - Eu já volto. - Prometeu. O deus trocou outro olhar com Frigga e os dois saíram do quarto, deixando Evie e Nerfi.

O menino sentou-se ao lado da irmã, observando-a.

- Você tá com medo? - Perguntou baixinho. Evie assentiu, contendo mais lágrimas. Nerfi encarou o brinquedo em sua mão. - Pode ficar com ele, se quiser. - Ele entregou o elefantinho para a irmã. Evie abraçou a pelúcia fortemente contra o peito. Nerfi encarou a irmã por um tempo até que a apertou num abraço. - Não chora, Evie. - Ela deitou a cabeça no ombro do irmão.

Do lado de fora do quarto, Frigga e Loki conversavam.

- Loki - Frigga estava séria. - você sentiu o mesmo que eu? - O deus não a encarou. Estava com os pensamentos longe dali. - O cheiro, a magia no quarto. Minha neta não estava tendo um pesadelo. - Completou cautelosa.

- Eu sei. - Respondeu frio. - Eu senti. Foi um draugr. - Trincou o maxilar, contendo a raiva. - A mesma criatura que matou a mãe da Evie, tentou matá-la hoje.

Princess-SitterOnde histórias criam vida. Descubra agora