Asgard
A notícia de que os dias de Odin poderiam estar chegando ao fim já tinha se espalhado por todo o reino. Havia um clima pesado no palácio. Um silêncio mórbido. Nem mesmo os servos conversavam entre si, como se não quisessem falar sobre nada.
Evie adentrou no quarto do pai de todos em passos lentos e silenciosos. Odin estava deitado em sua cama, com os olhos fechados. Sozinho. Estava fraco, bem diferente do deus poderoso e imbatível que havia sido.
-Aproxime-se, minha neta. - Ele pareceu ter sentido sua presença. Evie hesitou, mas se aproximou do deus. Ela tinha uma expressão rígida e fria, como se não se importasse com o que via.
-Curioso que me chame de neta. - Respondeu ácida. Odin a observava com dificuldade. - Nunca foi meu avô realmente.
-Temo que não. - Admitiu, fraco. - Mas, ainda assim, você está aqui.
-Precisava vê-lo. - Estreitou os olhos, gélida. - Você sabe que vai morrer logo. - Ele assentiu.
- Evie, você sabe que não é assim. - Balbuciou. - Herdou o bom coração de sua mãe. Não tente ser cruel, você sabe que não é. - Disse baixinho, um tanto amigável. Ela estremeceu, mas manteve a expressão fria. Jamais demonstraria qualquer emoção na frente dele.
-Sabe, por muito tempo eu tentei entender… - Começou. Dava para ouvir o rancor em sua voz. - Porque você me odiava tanto. Eu nunca fiz nada contra você! E, mesmo assim, você fazia eu me sentir como uma praga miserável. - Seus olhos brilhavam, num misto de raiva e tristeza.
Odin tossiu, fraco.
- Eu sei. Sei que nada que eu fiz é justificável. - Ele foi honesto. - Mas, estava louco por poder e quando ouvi sobre a profecia de que você herdaria o trono…
- Eu era só um bebê! - Lágrimas estavam prestes a se formar em seus olhos. - Você tentou matar um bebê. - Acrescentou, furiosa. Ela controlou suas lágrimas. - E depois, até os meus dez anos, você sempre me mandou um draugr no dia do meu aniversário. - Sorriu, amarga. - Pra me lembrar de que os meus dias estavam contados.
Ele respirou com dificuldade.
- Peço desculpas.
-Suas desculpas não vão trazer minha mãe de volta!
-Eu sei. - Arfou, cansado. - Não espero que me perdoe, Evie. Sei que não mereço.
Evie respirou fundo, engolindo o choro.
-Sabe, quando você morrer, eu darei uma festa! Para comemorar! - Disse, fingindo estar ansiosa. Mas, no fundo, não estava nem um pouco feliz.
- Sei que mereço. - Respondeu soltando uma risada fraca. - Mas, não creio que realmente queira isso.
- Você não sabe nada sobre mim!
- Sei o bastante para saber que jamais ficaria feliz de verdade com a morte de alguém. - Falou gentilmente. Evie engoliu seco, em silêncio. Aquilo era verdade e a fazia sentir-se fraca.
-Já perdi demais o meu tempo aqui. - Anunciou, seca. Ela não esperou por resposta. Precisava sair dali o quanto antes. - Adeus, majestade! - Completou com certo desdém.
- Adeus, Evie. - Respondeu baixinho.
Evie deu as costas e deixou o quarto sem olhar para trás. Do lado de fora, a jovem encontrou seu irmão, andando de um lado para o outro. Nerfi parecia aflito.
-Evie? - Perguntou surpreso. Evie apenas correu para o abraçar, caindo no choro.
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Princess-Sitter
FanfictionEvie Lokison é uma princesa, herdeira do trono de Jotunheim e Asgard. Após um ataque em seu reino e o suposto desaparecimento de seu pai, Loki, ela tem que se esconder na Terra, sob os cuidados de Peter Parker.