A princesa e o ladrão: Um conto de Paramythia

Disfarce, fuga e diversão- Ryan PoV

Enquanto aguardava a volta da princesa, Ryan continuava maquiando o porco. Conforme havia explicado para Envy, com apenas um manequim com rodinhas, um vestido, maquiagem e véu, iria permitir que a garota saísse pela primeira vez para fora do castelo. A proposta havia atiçado ela e tornado seu humor muito mais amigável para com o rapaz. Tinha que admitir, essa era de longe a ideia mais sem noção que já teve.

Envy por sua vez não demorou muito a aparecer usando calças e uma capa marrom escuro. Mesmo vestindo algo mais simples, era pareceu muito elegante. Ryan queria dizer algo. ele precisava dizer algo, mas era como se as palavras tivessem sumido. Tudo que conseguia pensar era que ela estava bonita e seu irmão fazia uma péssima imitação de mugido. Ela olhou o rapaz, o porco e revirou os olhos.

- Eu esperava algo mais convincente. Esse plano é ridículo.

- Todo truque é ridiculo. Noventa por cento da coisa toda é baseado na expectativa. apenas observe e se mantenha fora de vista, princesa. - Ele piscou e saiu empurrando a "princesa" em direção ao jardim. Fez sinal para Envy se enfiar atrás de uma moita e então se aproximou dos guardas.

- Ei guardas. A princesa está passando mal logo ali, é uma emergência! - E assim começava. atraiu os guardas até o porco disfarçado, fingindo desespero e fazendo sinal para Envy correr até o portão enquanto o porco gemia, fazendo sons que bem pareciam uma super dor de barriga. Quando notou que os homens se aproximavam da "princesa", ele emendou. - Parece ser contagioso, a cara dela tá rosa, um horror. Vigiem ela, eu vou buscar ajuda medica. E não a toquem, parece ser gripe suina.

O porco roncou de um modo bem assustador e os guardas recuaram. A distração não duraria muito. Ryan correu para os portões, assoviando para a guarita vazia. Logo viu o par de olhos azuis espiando a janela.

- Tudo certo, princesa. Está pronta para ver o mundo lá fora?

- Mas os guardas acreditaram mesmo naquilo?

- Logo vão perceber o Oinc. Sair primeiro, conversa depois. - Ryan se aproximou de uma porta menor junto ao portão, desarmou os trincos e a abriu. - Primeiro as damas.

Enquanto saiam, uma pequena questão incomodava o garoto. Por que apenas os trincos estavam segurando aquela porta? Mas a princesa correndo animada pela floresta era prioridade agora. E pensando bem, aquela floresta era meio sinistra. Ryan logo puxou a garota pela mão.

- Vamos, se apertarmos o passo, chegaremos rápido no vilarejo.

- Eu nunca vi o vilarejo sem ser pela janela da carruagem. Vamos logo, senhor má influencia.

- Má influencia? - Ele ergueu a sobrancelha e viu um sorrisinho no rosto da garota.

- Você é claramente como os badboys de alguns livros que eu li e que ficam jogando charme pra todas, mas no fundo é solitário e triste.

- Nah, sou mais do tipo aventureiro. Todo dia algo novo pra explorar. - Sorrindo, voltou a liderar a caminhada. As palavras de Envy haviam incomodado um pouquinho, mas não queria deixar ela perceber. Detestava admitir que talvez houvesse alguma verdade.

E nada fazia Ryan se sentir bem naquela floresta. Não era como Sherwood, que acolhia os que precisavam. Aquelas arvores pareciam algum tipo de proteção sinistra do castelo. Até pensou ouvir o uivo de lobos. Entretanto, o sorriso da princesa era bem reconfortante. Felizmente, depois de uma longa caminhada, acharam a placa indicativa na estrada e não muito depois as primeiras casas da pitoresca vila vizinha ao castelo.

O vilarejo em si era até que bastante rural, com direito a cabras e ovelhas andando nas ruas com as pessoas que enfeitavam tudo com flores e pareciam estar fazendo preparativos para algum evento mais tarde. Envy parecia criança solta em fabrica de brinquedos, olhando tudo maravilhada enquanto Ryan a acompanhava. Loja de flores, a padaria e a livraria foram algumas paradas obrigatórias. E a garota parecia mais animada a cada minuto. Estava quase chegando no fim da tarde quando a garota finalmente parou de explorar.