revelações, pretendentes e apostas - Ryan PoV

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- Então, aqueles andaimes no hall, são pra reformar o que?

- Estão instalando um novo encanamento pro sistema anti-incêndio, por causa do incidente de uns dias atrás. E qual é a desse porco?

- O nome dele é Oinc. foi presente de um amigo. É o porco mais inteligente do mundo, sabe até abrir portas e janelas. - Repentinamente, a princesa parou no meio da escada que subiam. O movimento das mãos, a leve torção do corpo pro lado da bainha da espada, os sinais foram claros. Ryan se abaixou e a espada passou cortando o ar, bem na altura em que deveria estar o seu peito. O mesmo olhar de fúria da noite do roubo estava no rosto da Envy.

- Foi você. - Ela falou entre dentes, erguendo a espada em uma posição que tentava intimidar. O rapaz bateu os pulsos entre si, fazendo as laminas ocultas das suas manoplas se revelarem. Enquanto a princesa lhe golpeava com a lamina vindo de cima para baixo, Ryan cruzou suas laminas, erguendo e formando um X para aparar o golpe.

- Não sei do que está falando, mas não sei de nada. - Oinc passou para trás da princesa, e Ryan fez um empurrão extra para derruba-la. A garota tropeçou no porco e no degrau, mas o príncipe dos ladrões foi ágil o bastante para segura-la pelos pulsos. - E nunca devemos duelar sem conhecer o adversário.

Ela soltou a espada, parecendo estar surpresa. Ryan nem imaginava o que se passava pro trás daqueles olhos azuis que o encaravam. A espada, por sua vez, já deveria ter descido a escada toda em sua queda.

- Oh, l'amour está no arrr. - Lumière estava subindo as escadas, testemunhando a cena inusitada. - De mãos dadas na escadarria, tan rromantique. Pena estrragar o momento, mas o jovem Wood aguarrda no salon de chá. Seu adorrável companheirro pode irr também.

Seja o que for que Envy estava pensando, ela se ajeitou, apoiada em Ryan e lhe deu um tapa no rosto. Apesar de ouvir em sua cabeça a voz do irmão imitando um boi mugindo, decidiu acompanhar a princesa, que parecia estar fervilhando de raiva por dentro. Seguiram o maitrê pelos corredores até a sala de chá, enquanto o rapaz elaborava uma nova ideia em sua cabeça.

- Se eu te disser que consigo me livrar do seu pretendente e garantir a tarde inteira para você fazer o que quiser, o que eu ganho em troca? - Ele sussurrou ao ouvido de Envy, que logo retribuiu falando ainda mais baixo.

- Não te matar por invadir o castelo e causar um incêndio.

- Perfeito. Segue minha deixa. Te prometo que será inesquecível. - Talvez isso não a convencesse agora, mas Ryan tinha um plano.

Lumière os deixou a porta do salão, onde o pretendente da princesa aguardava. Cabelos loiros, olhos verdes, uma cara de burguês safado. Este era Christian Wood, um um importante herdeiro de uma família da realeza. Ryan o conhecia de vista, um autoproclamado melhor arqueiro que existia. Isso ia ser bem divertido.

- Christian Wood, rapaz, que bom ver você aqui. - Ryan se aproximou tentando abraçar o surpreso pretendente.

- Quem é você?

- Sou o assessor da princesa Envy. Meu camarada, vou ser sincero contigo. Olha essa mulher, maravilhosa, não concorda? - Nem ousaria olhar na cara da princesa, isso poderia estragar o plano todo. - A situação é a seguinte, meu parceiro. A nossa adorada princesa aqui acha que é perda de tempo esse encontro e propõe um desafio. Se você vencer, ela casa contigo sem questionar. Claro que se perder, vai ter que passar a tarde toda nessa sala, sozinho, enquanto ela vai participar de um compromisso importante. Lembrando que você escolhe o desafio. E ai, o que acha? É um homem corajoso para encarar essa e ganhar o grande premio? Ou não se garante?

Acertou bem no ego. O pretendente se levantou imediatamente, quase como se tivesse levado um choque, olhando daquela forma nojenta pra princesa. Ryan só não falou nada por que já sabia que iria ser uma humilhação essa disputa de arco e flecha.

- Obvio que eu aceito. Então vou sair daqui de casamento marcado.  Mas quero que o desafio seja de arquearia. Sou o melhor arqueiro que há, a princesa vai ficar impressionada.

- Como o senhor desejar, futuro rei. - Ryan piscou. o idiota engoliu a isca, o anzol e a vara. girou nos calcanhares, finalmente encarando uma Envy chocada. - Princesa, precisamos de um local para o desafio. E arcos e flechas neutras, não queremos trapaças. - E piscando para ela, completou movendo os lábios para o outro não escutar: "confie em mim. Minha especialidade é fazer milagres".

- Me acompanhem ao patio de treino da guarda. - Ela estava cerrando os punhos com tanta força que os dedos pareciam mais brancos do que eram. Ryan se manteve ao lado dela e ouviu um sussurro suave. - Se eu tiver que casar com esse idiota, considere-se morto, Hood.

E assim seguiram os três ao patio. Envy liderando, quase espumando de raiva. Ryan logo atrás, cantarolando "kiss the girl" e Christian no final murmurando algo sobre o arranjo de flores ideal para o casamento. Passaram por quadros, salas trancadas e vários empregados até finalmente chegarem no patio, que estava deserto. A princesa pegou um arco e uma aljava para cada um no arsenal.

- A regra é apenas uma: acertem o alvo e impressionem de forma que seu adversário não possa igualar ou superar. entenderam? Ryan vai me representar. - Havia uma ameaça velada bem clara naquelas palavras. Os dois rapazes pegaram as armas e Christian se posicionou primeiro.

- Admire, futura esposa. O melhor arqueiro que existe. - Ele preparou a flecha no arco e disparou. atingindo bem no centro do alvo. Era preciso admitir, o cara era muito bom. Mais duas vezes ele repetiu o movimento, colocando mais duas flechas bem no centro, disputando espaço com a primeira. - Há. Supere essa, plebeu.

Ryan olhou ao redor. Envy parecia prestes a voar em seu pescoço e estrangula-lo. Acertar o alvo de forma impressionante. Olhou para as torres do castelo, fazendo uma sombra sobre o patio, as maquinas de guerra ali mantidas chamando sua atenção, com uma muito interessante posicionada num angulo mirado aos alvos de treino.

- Só vou precisar de uma flecha. - declarou, esvaziando a aljava no chão. Christian começou a gargalhar enquanto o jovem Hood preparava a flecha no arco e mirava na direção oposta aos alvos.

- Ei, é pra acertar no alvo, plebeu.

- Eu sei. - Disparou a flecha, mirando a alavanca daquele escorpião móvel. - Mas não me chame de plebeu. Eu tenho nome.

- E por acaso seria tiro torto?

- Hood. Ryan Hood. -  Três grandes dardos de ferro foram disparados do escorpião, atingindo os três alvos de treino e trespassando-os, deixando apenas um buraco circular. - Acho que vai ser difícil superar essa, mas se quiser, vamos ao próximo round.

O queixo de Christian agora estava no chão. Três alvos perfeitamente perfurados com um único disparo. E nem podia reclamar que era trapaça, afinal a regra era pra acertar o alvo, mas nunca foi dito como. 

- E o vencedor é Ryan Hood. - Envy aplaudiu e olhou o ex-futuro marido. - Acredito que sabe o caminho para voltar, senhor Wood.

Christian voltou para dentro do palacio, derrotado. E Envy encarou o arqueiro, sorrindo.

- Então eu tenho a tarde inteira para fazer o que eu quiser. Você tem mais algum plano em mente?

A princesa e o ladrão: Um conto de ParamythiaOnde histórias criam vida. Descubra agora