Capítulo 02

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Olha só quem está na área de novo?  Betito!!!! Desculpe se houver erros e bora lá!!!

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Beto Cabral

Acordo enterrando o meu rosto nos lençóis da minha cama, esse cheiro de amaciante de bebê é tão familiar que faz com que meu cérebro sonolento lembrar onde realmente estou. Sorrio virando meu corpo pra que minhas costas se acomodarem perfeitamente no colchão. Olho para o teto do meu quarto na casa dos meus pais e penso no quão bem eu me sinto ao estar aqui, confesso que adoro morar em Portugal, mas nada se compara a sentir o cheirinho delicioso que só a casa dos pais tem. Muitas das vezes eu me sinto um bastardo tão sortudo pela vida que tenho, mas que também eu tive que lutar bastante para poder chegar onde estou. E só de pensar nisso o meu sorriso morre no rosto, porque sim, minha vida não foi fácil, mas eu nunca deixei me abater pelas porcarias que a vida me jogou.

Ainda na minha adolescência eu tive que começar a trabalhar para poder ajudar meus pais, lembro perfeitamente quando minha irmã mais velha se mudou para morar com o seu recente namorado e papai tinha acabado de descobrir a sua diabetes. Renata ajudava com as contas de casa quando papai foi hospitalizado com uma infecção que não curava de forma nenhuma no seu pé. E quando o quadro de meu pai se gravou a sacana da minha irmã pulou fora de casa deixando minha mãe sozinha com as contas. Porra cara, eu só tinha 15 anos na época, estava recentemente enfrentando o ensino médio quando eu vi minha mãe chorando no quintal de casa, por que estava preocupada com o marido hospitalizado, em como iria pagar as contas, e ao mesmo tempo tinha que alimentar um filho no auge da adolescência.

Lembro de dizer a minha mãe que não deveria se preocupar por que a minha irmã mais velha iria ajudá-la. Mamãe olhou para mim e sorriu com o rosto cheio de lágrimas frescas e disse que tudo iria ficar bem e que eu não deveria me preocupar. Foi aí que descobri que enquanto papai estivesse no hospital seria somente nós dois e eu tinha que fazer de tudo para ajudar a minha Dona Vera. E assim fiz, eu não perdi tempo em fazer qualquer tipo de bico para ajudar com qualquer trocado. Foi assim que eu comecei a trabalhar de meio período em uma padaria que ficava perto de casa. Era muito cansativo trabalhar ali e ter que ir para escola, mas o que compensava era que eu tinha pão fresquinho todo os dias para levar para casa.

Claro que minha mãe não queria que eu me esforçasse tanto com tão pouca idade, mas eu não poderia ver minha velha se desdobrando em pegar serviços e mais serviços com suas clientes e ter que ficar no hospital com o meu velho. Nessa época meu pai foi duro consigo mesmo, ficou totalmente relutante com a amputação. Mas quando finalmente conseguiu lidar com isso, sua recuperação fluiu muito bem e logo ele estava em casa. Mesmo com meu pai em casa isso não quer dizer que os nossos problemas financeiros iriam melhorar da noite para o dia, e realmente acho que piorou. Não me arrependo de trazer dinheiro para casa, eu ajudei meus pais, eles são incríveis e eu não poderia deixar eles na mão.

Passei três anos trabalhando na padaria de seu Alfredo e quando completei dezoito anos estava conseguindo o meu primeiro trabalho de carteira assinada, no Benedetti. Dou uma risada ao lembrar da minha total falta de delicadeza para trabalhar como garçom por isso eu fui ser manobrista, mas que Luti se deu muito bem com aquele sorriso tímido. Sim, eu sabia que o Benedetti poderia ser o lugar certo para ele na época. Nossa, lembrar do meu amigo me dá vontade querer falar com ele, por isso não perco tempo e pelo meu celular.

- Lutito, vamos fazer algo juntos. - Falei assim que ouvir o típico "Alô" vindo do outro lado da linha.

- Olá Beto, como você vai meu amigo? Eu vou bem, obrigado por perguntar. - O tom sarcástico de Luti me fez rir.

RENDENDO-ME AS SUAS PROVOCAÇÕES - Spin-off da Série Irmãos Aandreozzi DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora