41: Nada mais

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Nada mais faz sentido.
Já não tenho mais tanta vontade de estar aqui, como eu tinha antes. Ou melhor, já não me resta vontade alguma.
Minha cabeça vive pesada e as insônias se tornaram mais constantes. As vezes não consigo distinguir o real do imaginário.
Não aguento mais isso !
Eu me sinto presa dentro de mim mesma, grito por socorro, mas ninguém me escuta.
Todos se afastaram. Não aguentaram, nem conseguiram lidar com a tempestade que eu era.
Algo me doía na alma. Me destruía por dentro.
A falta que você me fazia era maior do que eu esperava. A solidão era pior do que antes.
Antes de você entrar na minha vida, a solidão não era tão ruim. Mas, quando você me deixou, além de só, tudo ficou sem cor, sem vida, sem sentimento. Até a solidão se havia se tornado mais vazia, silenciosa, assustadora.
Aquele vazio silencioso me causaca muito medo, mas me chamava. Mesmo com medo, fui me aproximando dele e ele entrou em mim como se fosse um espírito em busca de um cavalo para se estabelecer.
Era meu fim !
Já não restava mais nada.
Vivendo por viver, sem motivo, sem ânimo. Em meio a tantas pessoas que me rodiavam, era horrível me sentir sozinha. Meu travesseiro se era meu diário e minhas lágrimas as palavras escritas.
Chega !
Aquela dor precisava ter um ponto final.
E esse ponto final foi representado por uma navalha atravessando meus pulsos, os fazendo jorrar sangue. Aquele sangue vermelho, vivo, que claramente ao escorrer e pingar, tinha mais vida que eu. Até que fui desfalecendo, e os meus olhos se fecharam.
Deixei meu adeus !
Mas digo aos que ficaram, que a vida não foi tão ruim enquanto eu tinha minha mãe e você para me protegerem de mim mesma. Em algum momento fui feliz, sim, eu fui. Mas a felicidade se foi quando vocês duas saíram da minha vida e me deixaram a deriva, prestes a me afundar. Até que afundei no mar de tormentas que me cercavam e me afoguei.
Nesse momento já sou um ser sem luz, procurando a luz no fim da estrada para um lugar onde nada mais dói tanto, como doía a minha solidão em vida. Agora nada mais me resta, a não ser, seguir nesse novo plano.

A garota que suspirava poemasOnde histórias criam vida. Descubra agora