PRÓLOGO

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Ler ouvindo "Summer Girl" do HAIM

- May, onde está a fita? Falta fechar só mais essa caixa - Maris disse enquanto estava de joelhos no chão do meu quarto procurando a fita pra fechar a última caixa de minha mudança.

- Aqui, amiga. Pode fechar essa enquanto eu levo as malas pra sala. - eu disse, verificando se estava esquecendo de algo no quarto. Quando visualizei que tudo meu já estava empacotado, levei as malas pra sala e quando voltei, Maris estava sentada na minha cama mexendo no celular e levantou a cabeça pra me olhar assim que me viu parada na porta do quarto analisando ele por completo.

- Hey, ainda não é hora de ficar triste ok?! Você ainda têm 24 horas pra se despedir de tudo.

- 24 horas... Meu Deus, por quê vocês estão me deixando fazer isso? - eu indaguei

- Duh, talvez porque isso é a melhor coisa que poderia ter acontecido com você assim como também é a realização do seu sonho. - ela se levantou da cama e veio até mim na porta me puxando pelas mãos e me abraçando - Vai dar tudo certo, vais ver só o quanto vais ser imensamente feliz lá.

- Eu nunca quis tanto que estejas certa, amiga. - dei uma risadinha e me separei do abraço - OK, mas a pergunta que não quer calar é: o que iremos fazer hoje que é a minha última noite aqui? Porque eu tô louca pra colocar um pijama, ligar pras meninas e comprar doces e fazer brigadeiro. - Maris me olhou e deu uma risada.

- Ok mas antes temos que ir em casa pegar minhas coisas e de lá vamos no supermercado. Deixa que eu aviso as meninas, pega as tuas coisas. - Maris disse enquanto pegava a chave do seu carro recém-ganho e sua bolsa.

Dei uma última olhada no quarto e saímos de casa, fomos o caminho inteiro ouvindo funk porque segundo Maris eu precisava de uma "intoxicação brasileira antes de virar uma inglesinha". Assim que chegamos no seu prédio, descemos do carro e eu estava tão ocupada mexendo no celular olhando a minha lista de "COISAS PARA LEVAR" (sim, eu sou dessas que faz lista e notas para absolutamente tudo) que nem me toquei do caminho que estavamos tomando até ela me empurrar dentro do salão de festas do seu prédio e uma luz acender na mesma hora que todos os meus amigos e familiares gritavam

- SURPRESAAAAAAA!!!!! - levei a mão a boca e fiquei desconcertada com a surpresa. Eu passei a semana inteira tentando ver todos de quem eu queria me despedir e não conseguia e os mesmos estavam todos reunidos na minha frente, num salão de festa todo decorado com itens ingleses; bandeira da Grã-Bretanha, soldadinhos ingleses, fotos e miniaturas de cabines, uma foto da Rainha e algum punk inglês (provalvelmente meu pai que escolheu) compunham o ambiente da minha festa surpresa.

Senti Maris, Becca e Dri virem me abraçar forte e rir dizendo que eu era muito pateta para não ter percebido nada. Minhas três melhores amigas estavam me abraçando e isso me deixou mais desconcertada por perceber que eu ficaria um tempo sem receber esse abraço novamente. Assim que me separei delas, falei com cada um na festa e então a Maris me apareceu com uma taça cheia da minha bebida preferia: Tropical GIN, essa garotinha me conhece bem como ninguém.

Meus pais vieram na minha direção e quando eu senti que a minha mãe já iria começar a chorar, lhe dei um abraço dizendo:

- Ainda não é hora de chorar, ainda tenho horas com vocês. - lhe dei um sorriso meio triste

- Eu sei, minha filha, mas estamos muito orgulhosos de você e já sentimos a sua falta. - ela disse já com o nariz vermelho e os olhos molhados enquanto meu pai estava ao nosso lado segurando sua inseparável cerveja (e ele ainda me pergunta de onde eu arranjei o hábito de beber).

- OK, vamos deixar ela beber e aproveitar o dia de hoje sem melação. - meu irmão veio em nossa direção dizendo com aquele sorriso de "relaxa que eu vou te fazer chorar o mínimo possível". Sorri para eles e me separei assim que a Maris me puxou dizendo que precisávamos cantar a nossa música e Everybody do Backstreet Boys começou alto na caixa de som do salão.

Into The FireWhere stories live. Discover now