Escolha

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Aos poucos, não houve mais o que reclamar, afinal, Leon compreendia que sua birra em nada acarretaria naquele momento. Acidentes aconteciam a todo instante, principalmente em lutas de jovens que pouco sabem se portar. E que perdem com extrema facilidade o controle.

De pouco em pouco, em meio a constrangedora risada do Rei, Leon acanhou-se. Sua postura, antes curvada, tornou-se reta. Seu rosto raivoso tomou em menos de um segundo um aspecto sereno.

Os passos do velho ressoaram pelo salão quando se colocou ao lado do soldado ajoelhado. Um olhar calmo fora mais que o suficiente para que conseguisse fazer o homem levantar-se.

—Agradeço por ouvir minhas queixas Vossa Majestade—Então Leon mais uma vez se dirigiu ao homem—Vamos—Virou para a minha direção, e em passos lentos caminhou.

Os sons de seus passos foram acompanhados por todos naquela sala. Sua caminhada era elegante, mas carregava ainda raiva nos olhos. Todos ali punham as mãos em suas armas, prontos para qualquer ação impensada do Arquiduque, apesar de nenhum acreditar que ele fosse atacar.

Senti meu corpo sendo puxado quando o velho caminhava relativamente próximo. Os longos cabelos dourados de Isis taparam boa parte da minha visão. Dos lados, Ling Su e Akemi observavam cautelosamente a aproximação.

Assim que chegaram logo a frente de Isis, deu uma rápida parada em seus passos. Com o canto dos olhos, observou-me com intensidade, mas logo continuou sua caminhada para a grande porta dourada ao findar da sala. O homem que acompanhava Leon ainda dera uma última olhada para mim antes de continuar pelo corredor. O baque da porta se fechando no mais breve momento despertou todos ali do transe. O Rei, que há muito havia cessado sua risada, olhou diretamente na minha direção.

—Com a saída de Leon, daremos um real inicio a esse julgamento—Proclamou, e no mesmo instante, todo o ar mudou.

As grandes janelas que iluminavam a sala, e davam a ela uma belíssima vista das terras além dos muros foram fechadas. As cortinas moveram-se sozinhas, e de maneira tão rápida que nem mesmo eu pude acompanhar o movimento.

Com o fechar abrupto, a sala foi tomada pela escuridão, que graças as matrizes sobre o pano, nem minha visão poderia ver através. Tudo que poderia fazer era ouvir o som de pessoas movendo-se. Então, um brilho intenso oriundo do teto iluminou a sala.

Nesse instante, todos os representantes do Império havia postos em duas filas nos lados do tapete vermelho. A direta era tomada por homens, enquanto a esquerda por mulheres. E ao lado do rei, outra surgiu, segurando uma pena e uma folha.

—Meu jovem, poderia me dizer seu nome—Perguntou-me o rei, com um olhar incisivo sobre mim, impondo pressão, mesmo que seu cultivo estivesse perfeitamente escondido. Apenas sua voz imponente já era o suficiente para que minha mão tremesse.

—Sou Tatsuo... Desculpe-me... Não possuo sobrenome—Todos colocaram olhos ainda mais ávidos em mim. Não sei o motivo, acho que já havia dito algo do gênero. Foi então que lembrei. Olhei calmamente para trás, e Isis segurava a pedra.

—Muito bem—O rei olhou em minha direção por mais alguns segundos, então, levantou a mão e estalou os dedos fazendo surgir um papel–Você está sendo acusado, em resumo, de saltitar pelos prédios da cidade. Causar distúrbios em um dos becos em uma luta. E por uma tentativa culposa de assassinato. Relate com suas palavras os ocorridos anteriormente citados.

Paralisei por alguns segundos, não pensei que eles realmente saberiam o que fiz, basicamente, o dia inteiro. Acalmei meu coração rapidamente, então, olhando diretamente para o rosto do rei, relatei tudo, omitindo obviamente apenas a dimensão e as falas de Seiryu. Fora isso, tudo fora relatado.

Deus Dragão: O DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora