04. A Presciência e a Graça

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Com certeza entre seus tantos e notáveis atributos de Deus, um dos que mais me impressiona pela forma de sua atuação é a Onisciência. Esta é definida como o estado de ter conhecimento total,a qualidade de saber de tudo. Sendo Deus Onisciente , possui portanto plena e perfeita sabedoria e está ciente de tudo o que ocorre, e é a própria fonte de todo o conhecimento.

Cícero,grande filósofo da antiguidade, ao falar sobre a Onisciência de Deus escreve:

"A minha sabedoria é inexistente se for colocada em comparação à onisciência de Deus."

Concluímos que , Ele sabe de todas as coisas (Sl 139.1-16; 147.5). Ele conhece não somente nosso procedimento, mas também nossos próprios pensamentos.
Ao falarmos da presciência segundo as Escrituras, significa dizer que Ele conhece com precisão como se dará a condição de todas as coisas.

Isaías escreveu dizendo:

" Eis que as primeiras coisas passaram, e novas coisas eu vos anuncio,e , antes que venha à luz, vo-las faço ouvir." (Is 42.9)

Apóstolo Pedro diz em sua primeira epístola que somos "eleitos segundo a presciência de Deus". Assim sendo, coletivamente eleitos, somos o conjunto dos verdadeiros crentes, escolhidos em harmonia com a resolução divina de redimir a igreja pelo sangue de Jesus Cristo, em santificação do Espírito.
Deus,o Eterno, está por dentro de todos os acontecimentos exequíveis,reais, possíveis, futuros, passados ou predestinados.
Importante lembrar ao leitor, que a presciência de Deus não subentende determinismo filosófico. Deus é plenamente soberano para tomar decisões e alterar seus propósitos no tempo e na história, segundo sua própria vontade e sabedoria. Noutras palavras, Deus não é limitado a sua própria presciência.

Para exemplificarmos, Moisés no Salmos 90 verso 2, diz que Deus é de eternidade a eternidade. Esta declaração de Moisés,suplanta o fato de dizer que Deus é tão somente eterno, se traduzimos ao pé da letra a expressão original, entendemos que claramente Deus não só é Eterno, Ele transita na Eternidade. Isaías proclama que Ele é o Pai da Eternidade,ou seja a Eternidade foi criada por Deus. Jesus conversando com a Mulher Samaritana, na beira do poço de Jacó diz em João 4 que "a hora vem, e já é...". O momento que Cristo se referia de adorar ao Pai em Espírito e em Verdade,viria junto com o advento da Cruz e do rasgar do véu,porém Ele como transita na Eternidade, puxa o futuro para o presente, e a hora que ainda viria Ele faz acontecer agora!

Talvez , o leitor se pergunte a relação disto tudo com a graça. Ora, bem simples. Se Deus é Presciênte, como explicamos,e ainda transita na Eternidade, Ele sabe exatamente o pecado que cometeremos amanhã.
Isto é tão evidente, que a Bíblia declara que antes da queda de Adão, o Cordeiro já tinha sido sacrificado (Ap 13.8). Ou seja, embora que para estabelecimento da lei moral, Deus tivesse concedido o livre arbítrio, Ele não é governado por sua presciência, o homem poderia escolher não pecar e mudar o curso da história, todavia Adão usa do livre arbítrio para transgredir a lei de Deus e as consequências pós-queda são aparentemente irremediáveis.
Digo assim pois, o Deus de toda a graça, já havia sacrificado o Cordeiro, já havia determinado o Sacrifício de Cristo e mesmo sabendo que continuaríamos pecando,e nos afastaríamos dEle, não ousou em nos amar, antes de nós pecarmos,Ele na sua presciência, mesmo sabendo dos nossos atos nos amou primeiro.

Eric Weil, filósofo político, afirmou que:

"A obediência só é exigível moralmente,como adesão livre e razoável,se a lei corresponde ao princípio da moral, vale dizer,não o contradiz."

Ou seja, só podemos segundo a moral, exigir que alguém obedeça a lei se está obediência vir de livre aceitação. Assim é a forma que Deus trabalha , nos concede o livre arbítrio para com ele fundamentar a lei moral!

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