Our little wolf- Ft. Jeon Jungkook (EM REFORMA)

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A noite, longa e extremamente dolorosa, se arrastava. Seus cios solitários se tornavam cada vez mais difíceis de suportar. Como se não bastassem as dores físicas, sua loba se recusava a comer ou tentar se aliviar sozinha pois sabia que não seria o suficiente, por mais que tentasse, o desejo e dores eram insuportaveis e sufocantes.

Ao som de batidas na grossa madeira da porta de seu quarto durante a madrugada, Heuan se arrastou descendo de sua cama bagunçada até alcançar a entrada gélida do quarto. Os empregados do senhor Jeon sabiam a hora exata em que seus cios terminavam: geralmente na madrugada do quinto dia. A mulher escolhia não ser incomodada em seus cios, o risco de atacar alguém em um momento de furia.

Com imensa dificuldade, ela se ergueu, apoiando-se na porta. Sua genitália e órgãos internos pareciam ter sido pisoteados. Lágrimas escorriam por suas bochechas enquanto ela caminhava em silêncio para a cozinha. Temia acordar Jeon e levar uma bronca por sair do quarto tão tarde. Apesar de casados, o senhor Jeon a obrigava a dormir em um quarto separado. Apenas quando seus pais vinham visitar, dormiam juntos. Mas ele jamais a tocara. Selinhos eram tudo o que ela recebia, e apenas na presença de seus pais.

Ao entrar na cozinha, Heuan sentiu o cheiro do senhor Jeon. Provavelmente, ele o havia espalhado pela casa toda para não chamar atenção de alfas atraídos pelo seu odor no cio.

A vasta cozinha era mobiliada por móveis de inox prata. No centro, uma pequena ilha com fogão cooktop e uma pia. Heuan caminhou lentamente até a ilha, soltando grunhidos de dor. Ao segurar o copo de vidro, o deixou cair assim que viu o semblante sério e os olhos verdes do senhor Jeon.

Rapidamente, ela se ajoelhou para pegar os cacos de vidro, cortando seus dedos e joelhos. Tremia ao sentir Jeon se aproximar, por mais que se evitassem a presença alfa de Jeon aguçava um sentimento estranho de angustia a Heuan.

Caralho Heuan - rosnou ele com voz grossa e alta logo soltando um longo suspiro frustrado, o homem muitas vezes perdia o controle deixando seus instintos bestiais aflorarem em momentos de tensões. Era a voz que a perseguia em seus maiores pesadelos. Heuan gemeu baixinho, sentindo uma dor aguda em seus ouvidos sensíveis

Escorregou, Jungkook.

SENHOR JEON! Quantas vezes terei que repetir, senhorita Park?! - rosnou ele alto se contendo logo em seguida passando os dedos entre seus longos fios, fazendo-a encolher. Uma dor incomoda percorria seus tímpanos, causada por sua voz alfa. Em todas as suas únicas conversas, terminavam assim: dos dois discutiam por motivos futeis, jungkook perdia a razão e murmurava um pedido de desculpas rasos antes de desabarecer no vasto corredor da casa.

Heuan tinha a certeza de que a situação jamais se alteraria. Jungkook não lhe concedia a mínima chance de aproximação, sequer para que pudessem coexistir de forma cordial. Ela também não o desejava como homem, pois seu coração pertencia a outro. No entanto, a jovem mulher não conseguia entender os motivos da repulsa que o alfa nutria por ela.

Com passos bruscos e apressados, ele se dirigiu ao seu quarto, local onde passava horas incontáveis do seu dia. Finalmente, Heuan teria a paz que tanto ansiava para chorar sozinha.

A mulher percorria o largo corredor que levava à sala de televisão com passos lentos e cautelosos. Buscava pelo kit de primeiros socorros para limpar as feridas causadas pelos cacos de vidro. A televisão ligada em um canal aleatório servia de companhia enquanto ela cuidava de si mesma. Heuan só assistia quando o homem não estava presente, pois preferia expressar suas reações sem a presença dele.

Acreditava que seu lobo a odiava, e essa impotência a consumia. Em relação à marca Jeon, ele sempre usava a desculpa de "não ser o momento" para evitar questionamentos de seus pais. Mas essa desculpa não duraria para sempre, afinal, já eram casados há quase seis meses.

Ao chegar à sala, Heuan ouviu a campainha tocar desenfreadamente. Esperou que algum empregado atendesse, mas ninguém estava acordado. Suspirou frustrada, mas parou abruptamente. Um cheiro infantil adentrou suas narinas. Filhotes pela redondeza eram raros, pois moravam afastados da cidade e nem vizinhos tinham.

Assim que abriu a porta, receosa, não viu ninguém, o que lhe causou arrepios. Será que estava enlouquecendo? Estava prestes a fechar a porta quando viu algo. Algo que despertou um sentimento forte em seu peito, esse sentimento despertou também sua loba que se levantou em seu interior farejando curiosa.

"Céus", pensou ela.