Capítulo Um

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O despertador tocou, mas Lily já estava acordada. Ela tinha o hábito (péssimo, ela considerava) de acordar muito cedo quando estava ansiosa ou nervosa para alguma coisa.

O primeiro dia do rodízio de cirurgia definitivamente era algo que deixava Lily ansiosa.

Depois de passar por um longo rodízio de clínica médica, ela mal podia esperar para finalmente passar pelo que ela tanto amava.

Com um sorriso, ela se levantou e foi para o quarto de Marlene garantir que a garota também estivesse acordada – chegar atrasada simplesmente não era uma opção.

-Lene, tá na hora! – Lily disse, abrindo uma pequena fresta da porta.

-Lily, são 5 horas e 20 minutos da manhã. Você está delirando? – Marlene respondeu.

-Você sabe que temos que chegar antes, Lene!

-Não vamos passar pacientes hoje, Lil. É o primeiro dia!

-Você concordou com a hora ontem.

-Eu não estava com sono ontem.

-Eu vou preparar alguma coisa para a gente comer, mas só se você se levantar – Lily negociou (ela não gostava de usar o termo 'subornar'). Marlene xingou a amiga, mas a promessa de café da manhã era muito boa para ser ignorada.

Lily se apressou para fazer as tapiocas que Marlene tanto gostava – uma de queijo e presunto e outra de requeijão e peito de peru – devorou um sanduíche e botou a água na cafeteira, indo tomar banho e se arrumar.

A mochila já estava pronta desde o dia anterior, na cadeira ao lado da roupa previamente escolhida. Lily não gostava de molhar o cabelo de manhã pois enquanto estivesse no hospital usaria um rabo de cavalo, então o banho que tomou foi rápido. Quando voltou para a cozinha já vestida, Marlene estava lá, menos animada que ela.

-Não adianta ficar tentando me animar, garota – Marlene disse logo que Lily se sentou ao seu lado – Você está indo para seu paraíso, mas você sabe o quanto eu odeio essa história de cortar pessoas.

Lily apenas acenou com a cabeça e serviu café para a amiga. Estava checando sua mochila quando Mary apareceu, bocejando.

-Já estão saindo? – Mary perguntou, pegando uma xícara para tomar o café.

-Lily é psicótica e quer chegar antes dos pacientes – Marlene explicou, terminando de calçar o sapato.

-Não sabemos como é o esquema, então é bom sempre chegar cedo – Lily replicou. Marlene revirou os olhos e pegou uma garrafa térmica.

-Eu vou precisar de muito café, aparentemente.

Marlene foi acordando no caminho para o Hospital St. Mungo's enquanto Lily dirigia e acompanhava a música do carro. Passaram pela frente do hospital, mas não tinha vaga, então Lily entrou numa rua ao lado. O benefício de vagas de estacionamento no hospital não era concedido aos internos.

-Pelo menos achamos uma vaga mais perto – Lily comentou enquanto caminhavam para o hospital.

-Eu preferia meus trinta minutos a mais de sono – Marlene confessou. Lily sorriu. Sabia que o mau humor da amiga logo passaria – assim que o café fizesse efeito.

Como de costume em primeiros dias de hospitais novos, foram barradas na portaria por não estarem com crachá. O porteiro não sabia que naquele dia começaria um novo rodízio, então teve que ligar para o coordenador do setor de ensino – que, por ser 6h30min da manhã, ainda não havia chegado.

Elas provavelmente teriam ficado ali até a hora que o coordenador aparecesse, não fosse pela chegada de um médico, que viu Lily e Marlene ali e supôs corretamente que elas fossem do novo rodízio.

Internamente EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora