(20) Pray

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Sair daquela situação não seria fácil. Embora as circunstâncias estivessem a nosso favor, e mesmo que isso já estivesse claro para Seungri, ele não queria sair de mãos vazias, seja lá qual fosse seu objetivo.

Todos nós estávamos apreensivos, ansiosos para que quando o dia amanhecesse, tudo isso não passasse de um pesadelo apavorante.

Notava a exaustão e a tristeza nas expressões de cada um, e mesmo me sentindo mais segura com todos os aliados ali presentes, o medo e a dor me perseguiam.

E em algum momento, antes do término do conflito, eu apaguei. Todos os meus sentidos se desligaram, e eu podia finalmente dizer que pelo menos para mim, acabou.

-Onde ele está? O que aconteceu com ele?

-Lili, espere, você não pode entrar!- Prince disse, me segurando.

Minha garganta queimava, sentindo o choro ir e vir com violência, perfurando minhas forças.

-O que aconteceu, Junhoe?-perguntei.

-Foi um acidente, Lili!-ele respondeu, me abraçando.

Que sensação terrível. Minutos atrás eu falava com Taeyang pelo celular, combinando o que iríamos jantar no seu aniversário.

E agora, ele está na emergência, após sofrer um acidente de trânsito.

-Ele vai ficar bem! Seu pai é o homem mais forte que eu já conheci, você sabe!

-Eu quero vê-lo!-eu repetia, em meio a soluços dolorosos.

-E você vai, Lalisa...é só seguí-lo!

-O que?

-Abra os olhos, Lili!

-Junhoe...

-Acorde!

A forte luz no cômodo fazia com que eu deixasse minhas pálpebras contraídas. Aos poucos, minhas pupilas se adaptaram a luminosidade, e eu pude enxergar onde estava.

Um quarto de hospital.

Haviam diversas coisas conectadas a mim, e aquilo me assustou de tal forma que fez com que eu ficasse decidida a arrancá-las.

Ouvi a maçaneta da porta girar, e Jungkook passou por ela, com uma expressão nada boa.

-O que está fazendo?

Seu tom de voz era totalmente reconhecível. A entonação era a mesma de todas as vezes em que ele esteve com raiva e irritação.

-Por que estou aqui?

-Você não se lembra do que fez?-ele perguntou, ríspido.

De costas para mim, observando através das persianas azuis e com as mãos nos bolsos, ele aguardou que eu dissesse alguma coisa.

Quando notou que eu não abriria a boca para dizer nada, Jeon se virou para mim com o pior semblante que poderia portar naquela hora.

-Vou conversar com o Hui para ele te dar alta!-e essas foram suas únicas palavras.

Enquanto ele caminhava até a porta, notei que em sua mão direita, não havia mais aliança.

E aquilo me matou.

Não tinha ideia do que havia acontecido depois que perdi a consciência, e Jungkook não era a pessoa mais indicada para me explicar nada.

Sempre quando minhas dúvidas vagavam na minha mente sem respostas, eu me sentia a pior pessoa do mundo. Ficava confusa, agoniada.

Reconheci que estava naquela cama por causa do tiro que levei, mas não saber como cheguei nela era exatamente o ponto.

E, talvez por causa de remédios, meu corpo ainda estivesse fraco para que eu conseguisse me levantar e tentar ir atrás do Jungkook, que já havia ido ao encontro do doutor há mais de vinte minutos.

Contei mais de diversos minutos, e toda vez que o ponteiro do relógio caminhava lentamente para mais um minuto, minha ansiedade aumentava.

Hui entrou pela porta, com uma prancheta em mãos.

-Está melhor, senhorita Lalisa?-ele perguntou, arrumando o óculos.

-Sim, ela está! Obrigada por tudo, mas vamos embora!-Jungkook disse, entrando rapidamente.

-Mas preciso contar a ela o que aconteceu!-Hui falou, sem entender o Jeon.

-Não precisa! Vamos Lisa, se levanta! Suas roupas estão no banheiro, eu te espero no carro!-Jeon disse e se foi, forçando Hui a acompanhá-lo.

Soul Criminal: BLACK - Vol. II [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora