(29) If I Had A Heart

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Depois de tudo o que aconteceu, estávamos distantes, como se nunca tivéssemos sido amigos.

Principalmente, depois de saber que Lalisa morreu nas mãos de Seungri. Ficamos sabendo que meu novo motorista trabalhava para ele, e a levou para sua cova.

Fiquei destruído, sem forças.

Como podia ter deixado isso acontecer, depois de tê-la mandado embora para que pudesse ficar a salvo longe de mim?
Era impossível acreditar que eu acabava de perder mais alguém importante.

Tudo, feito por uma só alma demoníaca: Seungri.

Dessa vez, não haveria vingança, não havia mais nada a perder, nada a defender. Eu tinha o mundo em minhas mãos, e agora ele me tem. Me privei de abrir as portas e janelas, porque não há luz que possa iluminar minha vida, se não for ela.

Minha mãe ainda tenta me consolar, mas nada adianta.

Todos me abandonaram, ficaram bravos comigo, me culpando pela morte dela e dos outros, estava sozinho, como nunca havia pensado.

Foram dois anos, me embebedando, me matando, chorando, entregando meu legado de mão beijada.

Foram dois anos inteiros, deixando de existir para Atlanta.

Como eu, definitivamente me odeio.

Nesse exato momento, estou olhando as coisas que quebrei na minha própria casa. Luminárias, quadros, portas, copos, garrafas e por último, meu piano. De nada ele serviria sem a única coisa que me fazia querer tocá-lo.

Uso o mesmo roupão há dias, e faz tempo que não corto meus cabelos. Quem me visse agora, diria que estou irreconhecível.

Me joguei no sofá da sala, parcialmente manchado de vinho, e respirei fundo, ouvindo, em seguida, batidas na porta da frente.

Não batidas normais, como o entregador costuma fazer, ou quando um dos únicos seguranças que me restaram, também fazia.

Eram batidas agoniantes, ansiosas, chatas.

Me levantei furioso, pronto para dar o meu maior grito ao abrir, pisando forte sobre o piso, desviando dos cacos espalhados.

Até contraí meu rosto por inteiro, ao sentir a luz do dia espancar meu rosto.

Mal conseguia vê-los ali. Parecia que eu tinha morrido, e estava indo diretamente para uma pintura triste.

-O que querem?-perguntei, passando a mão no rosto.

-Temos que falar com você, é importante!-Jin começou.

-Cruzes, que coisa horrorosa!-Hobi foi o último a sair do carro, me olhando.

-Não é hora para brincadeira, Hoseok!-Jimin disse, sem me olhar, com as mãos no bolso.

Me surpreende ver como está mudado, e que o comentário zombeteiro não partiu de sua boca.

-Seja lá o que for, não tenho interesse, vocês sumiram por dois anos e só lembraram de mim agora! Eu liguei para vocês, deixei recados durante meses!

-Aqueles em que você estava bêbado, onde não se entende uma palavra do que você fala?-Taehyung questionou.

-Devem ser aqueles do ano passado, onde ele gritava toda vez, dando a ordem da nossa volta!-Yoongi acrescentou.

-Vão embora!-empurrei a porta para fechá-la, mas a enorme mão de Jin, a segurou.

-Lalisa não está morta, Jeon!-ele disse.

Segurei a maçaneta com força e escancarei a porta, irritado.

-Vieram aqui zombar de mim? A cidade toda acompanhou o memorial dela no centro, todos viram o caixão descer, viram a melhor coisa que me aconteceu ir embora! Vocês nem estavam lá, não venham brincar comigo, não somos amigos, não somos mais nada, se mandem daqui!-gritei.

Eles deram um passo para trás, se preparando para ir embora, menos Jin, Yoongi e Jimin.

-Você acha que ela também não é importante para nós? Já demos centenas de motivos que fazem Lalisa ser melhor que você, e perder a única pessoa que conseguiu esse feito, parecia ser uma das piores coisas dessa vida! Você é um estúpido, sempre te achei forte, inteligente, e agora é só um bêbado fedido com uma barba horrível que prova mais uma vez o quanto não se importa com o que tem! Não viemos aqui para pedir desculpas ou brincar de sermos amigos como fazíamos antes, viemos porque temos a certeza de que você, por incrível que pareça, pensa em outra pessoa além de si mesmo!-Jimin disse, em minha frente.

Essa foi a primeira vez que Jimin fez com que eu me calasse diante dos demais. Sua postura, se compara a minha no início de tudo. No final das contas, talvez eu tenha os abandonado, e eles precisaram de reconstruir sozinhos.

Eu sou o mais velho, devia ter cuidado deles.

Me virei e entrei, deixando a porta aberta para que eles pudessem fazer o mesmo.

Soul Criminal: BLACK - Vol. II [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora