No começo das eras, quando os deuses viviam apenas como poderosas entidades, um deles sentiu a necessidade de compartilhar seus poderes com seres além dos habituais deuses.
Essa entidade se tornou então, Fae Lumina, a Deusa criadora dos mares, responsável por toda vida marinha e além dela, com seu poder de controlar o elemento mais importante para a vida, a água.
Em conjunto com as outras entidades que se tornaram deuses, Lumina criou a terra, rodeada de seres vivos criados através de seus poderes ilimitados. Com seu reluzente sangue azul, ela criou o oceano, cobrindo toda a terra.
Após a criação, Lumina, continuou a cuidar de todos os seres vivos, pois se sentia no dever de proteger os seres mais indefesos, e oferecer conhecimento aos mais astutos. Com isso, todos passaram a adorar e agradecer Lumina pela dádiva da vida dada por ela.
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Seria interessante dizer que toda essa paz duraria para sempre, e que todos poderiam viver em harmonia, no entanto, lembro-me de que no momento da criação da terra, a consciência soberana, aquela da qual todos nós viemos, nos avisou de que isso não seria eterno, e que a coexistência de tantas vidas poderia trazer severas consequências.
"Aquela que a vida deseja criar,
com sua vida irá pagar.
Do desequilíbrio eminente,
o acaso será consequente.Através da variação,
a escolhida trará a salvação.
Para a terra já apodrecida,
a vida será devolvida.Com o sopro da vida,
a sua será restituída."Mas apesar de tudo, algo dentro do meu ser me dizia, que mesmo com as possíveis e eminentes calamidades, este caminho deveria ser trilhado, pois eu sentia que no final, tudo seria necessário para restaurar nosso universo. E que mesmo com os contratempos, a paz seria devolvida.
Talvez eu devesse ter ouvido ao conselho da consciência soberana, mas talvez, tudo que aconteceu, todas as experiências que tivemos, e que ainda teremos, talvez tudo isso não existisse. Acho que de certa forma, isso deveria ter acontecido, para reequilibrar as coisas.
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[Em algum lugar do oceano]
- Içar velas! Força total nos remos! - Ordena o capitão de uma enorme embarcação, com um tom marcante de borgonha, com varias partes esculpidas de ouro.
- Senhor, ainda podem estar vivos! - diz um dos tripulantes.
- Os tubarões cuidarão deles com carinho. - responde o capitão com uma risada perturbadora
O tripulante faz um sinal de reverência, colocando a mão direita em frente a boca, algo que apenas a tripulação sabia, e que tornou-se a marca registrada deles.
Enquanto o poderoso galeão se esvai no horizonte, fica para trás, um pequeno navio de viagem, de uma nobre família, que afunda de forma suave, enquanto algumas partes queimam sem parar. Sobre uma grande placa de madeira, está o homem, que para sua misericórdia, já está morto. Sua mulher, ao seu lado, enquanto luta para não afundar nas águas gélidas, acalma seu bebê sobre um timão enquanto ainda tenta respirar com seus pulmões fraturados.
Com sua voz doce e delicada, a mulher canta enquanto balança o bebê e seu rosto se enche de lágrimas, sentindo sua respiração cada vez mais pesada e o coração da criança bater mais devagar.
Não muito ao longe, as ondas do oceano começam a se alinhar de maneira suave e cintilante, formando uma pequena parede de água. Logo ao fundo, é possível ver um lindo ser de belos cabelos castanhos, longos e ondulados, se aproximando enquanto bate sua bela e radiante calda que parece formar uma onda de cores por toda sua extremidade quando se mexe.
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Fae Lumina - A Mãe do Oceano
FantasiaQuanto vale uma vida? Qual o valor real de bens materiais? Almos Balthazar, um destemido e frio pirata, capaz de matar qualquer um em busca do poder, sofre sua maior penitência por seus crimes. Em tempos antigos, quando os piratas e enormes embarca...