Capitulo 4 - A Dama da Noite

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[Los Mares - Próximo a costa da Espanha]

Por quase todas as cidades, a notícia de que Lumina estaria se voltando contra os humanos se espalha na boca do povo, com frequência cada vez maior, assustando qualquer um que saiba das histórias envolvendo ela e Balthazar.

Em uma floresta iluminada apenas pela melancólica luz da lua, um grupo de devotos a Fae Lumina se alinham em círculo, traçando-o no chão a medida em que vão andando.

- Perdoe-nos mãe dos mares, criadora da vida! - Gritam as vozes em uníssono. - Perdoe seus filhos hereges que vagam por esta terra!

Ao completarem o círculo, as doze pessoas jogam suas estacas de madeira no centro, enquanto uma delas se aproxima com uma tocha. No mesmo momento, o fogo acende majestosamente, como se estivesse vivo, enquanto os devotos levantam seus braços ao centro.

- Venha até nós Eridanos, salve-nos deste mundo abandonado. Faça-nos imortais novamente.

Em união, todos sacam uma faca de seus robes e tiram seus capuzes. Em seguida, cortam a palma de suas mãos e deixam o sangue escorrer até o fogo. Ao entrarem em contato, a fogueira se transforma em um tom azul pálido, até que começa a perder sua cor a beira de se tornar uma chama cinza.

Um após o outro, eles vão caindo e seus corpos se envelhecem como se toda sua vida e alma estivessem sendo arrancados a força. A chama pálida começa a possuir corpo da pessoa que levava a tocha e a única coisa que se pode ver no escuro capuz é um sorriso amedrontador em seu rosto, a medida em que a fogueira se apaga.

[Na beira de uma ilha secreta próximo a costa de Portugal]

- O que está fazendo comigo sua desgraçada?! - Berra Balthazar atirando em vão no vidro inquebrável que prende Lumina. - Porque me ignora sua inútil?

Lumina por sua vez, permanece imóvel na caixa de vidro enquanto parece estar fora de seu corpo. Nem mesmo as balas que ricocheteiam no vidro a tiram de seu transe.

Mas não é atoa que pareça distante. Embora sem a pedra de Solun, que faz parte de seu ser, ela ainda é capaz de se comunicar com seus semelhantes mesmo que de uma forma debilitada.

Em um plano alternativo, ela conversa com a consciência universal juntamente com Oniris.

- Da entropia gerada pelo desequilíbrio, uma nova entidade surgirá, Lumina. - Diz a voz onipresente.

- Um grupo de seguidores seus chegou até Midhein, mas pareciam contentes por estarem mortos. - Complementa Oniris enquanto mostra um vislumbre da cena no espaço entre eles.

- O que isso significa?- Questiona Lumina mesmo sem poder se mexer.

- Uma nova profecia se inicia, Lumina. - Responde Oniris. - E com isso, um novo mal também se aproxima. Esteja atenta, infelizmente não há como lhe ajudar. Sabe que não podemos interferir diretamente no destino de nossos semelhantes.

- O alvorecer traz a escuridão da noite, levando a esperança e dando lugar ao medo. - Diz a voz onipresente. - Mas lembre-se que este universo é regido por Aequalitas, e tudo possui seu devido retorno.

Inesperadamente, Oniris se desfaz em uma poeira de cristais e a escuridão passa a dar lugar a figura tenebrosa e furiosa de Balthazar, atirando sem parar contra a caixa de vidro, descontando sua raiva que parece nunca ter fim em cada bala disparada.

- Finalmente acordou seu pedaço de sardinha imprestável. - Grita Balthazar com tom de desprezo enquanto embainha sua arma na cintura.

- Não gostou do presente que lhe dei? - Responde Lumina com um sorriso irônico. - Achei que lhe seria útil em sua caçada pelo próprio rabo.

Fae Lumina - A Mãe do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora