Capítulo 2 - A morte do oceano

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[Alguns anos depois]

Uma pequena cidade costeira arde em chamas, enquanto a tripulação de Balthazar saqueia cada canto possível em busca de tesouros. O caos, os gritos de socorro e o sangue se espalham por todos os lugares enquanto o capitão analisa suas aquisições em busca de coisas realmente valiosas.

Com certo ódio, Balthazar sai de sua cabine e dispara para cima. O som ecoa por toda a costa, e então a tripulação retorna com os objetos que estão em suas mãos deixando apenas o rastro de sangue e vários corpos jogados entre as chamas e escombros da cidade.

Poucos minutos depois, toda a tripulação de Balthazar se alinha na enorme proa do navio, com a mão direita sobre a boca enquanto o capitão desce a escadaria do timão com sua águia no ombro.

- Mais uma vez, vocês falharam. Bando de incompetentes! - Diz Balthazar com sua grossa e marcante voz.

- Se nos dissesse o que deveríamos achar... - sussurra um dos tripulantes.

Balthazar mira seu olhar na direção da voz.

- Alguém tem alguma pergunta a fazer?

Após o grito de ira do capitão, a tripulação dá um passo para trás revelando o homem que acabara de sussurrar. Ele olha para os lados sem mexer a cabeça, enquanto seu corpo começa a tremer. O capitão se aproxima, um passo de cada vez com cautela, até ficar frente a frente com o homem.

- A quanto tempo está aqui? - Pausadamente, Balthazar pergunta ao homem enquanto alimenta a águia com algumas sementes.

-Tre... Três semanas se... senhor. - Responde o homem com a mão trêmula sobre a boca, enquanto o suor toma seu rosto.

- Muito bem marujo.

Balthazar expressa um perturbador sorriso enquanto arruma a camisa do homem que continua a tremer.

- Me diga. - diz o capitão enquanto dá uma semente a águia - Você teme a noite?

O homem olha confuso para o capitão, enquanto seu sangue escorre pela lâmina da espada de Balthazar atravessada em seu peito. A tripulação assiste a cena em silêncio enquanto o corpo cai como uma pedra no chão e Balthazar limpa sua espada na roupa do homem.

- Creio que nenhum de vocês ainda esteja com dúvidas.

Em uníssono, a tripulação responde com um não, enquanto jogam o corpo do homem ao mar e o navio parte a toda velocidade mar adentro, desaparecendo no horizonte deixando para trás, uma cidade em chamas.

[Em um plano alternativo]

- Vocês sabiam que isso aconteceria quando criaram este planeta. - Diz uma voz onipresente.

Lumina e seus semelhantes, todos em suas formas divinas, se observam, enquanto discutem sobre os acontecimentos mundanos.

- Perdemos uma irmã para o egoísmo de homens que ela deu sua vida para que eles pudessem existir. Isso é inaceitável. - Diz Oniris furioso enquanto seu cabelo de fogo se agita.

- Creio que devo lembrá-lo de que suas ações também resultaram em drásticos acontecimentos para todos. - Responde a voz.

Uma luz de tom azulado, brilha entre as divindades e então Viridae, a deusa da noite, se materializa ao lado de Oniris.

- Todos nós cometemos nossos atos com total ciência dos resultados, diferentes dos seres humanos. Devemos apenas prosseguir, fazendo o que devemos fazer. - Diz Viridae com sua voz serena.

- Viridae!?

Surpreso, Oniris olha para Viridae, a deusa da qual deu sua vida para salvá-la, e que ama desde os primórdios do universo.

Fae Lumina - A Mãe do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora