Capítulo 8 _ Tradição

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Karan

Minha família sempre foi extremamente conservadora e tradicional. Então eu só poderia me casar em um casamento arranjado e preferencialmente só deveria conhecer a noiva de vista. Obviamente meu baldi não aceitaria a sugestão de uma noiva que eu já tinha beijado. Por isso eu teria que mentir quanto a esse fato. Na Índia, apesar de lutarmos bravamente para tentar acompanhar a modernidade do resto do mundo, ainda havia muita resistência dos mais velhos. E como são eles que regem a fortuna e a cultura do país, eram sempre obedecidos.

— Isso está errado, Karan, você não pode me beijar. — Lalita murmurou após um longo beijo que tivemos.

Seus lábios naturalmente rosados me causavam sensações que eu não sabia explicar, eu apenas queria poder prolongar o máximo possível nossa estadia um com o outro.

— Não se preocupe com nada. Em breve nossos destinos serão acertados por nossos baldis. — Tentei tranquilizá-la, porém, minhas palavras não surtiram o efeito que eu esperava.

Lalita me olhou atordoada, seus olhos brilhavam como milhares de lamparinas unidas e ela recuou se afastando de mim, me deixando intrigado.

— Me perdoa! — Disse com a voz vacilante tão baixa que tive que fazer esforço para entender. — Eu não quis enganar você.

— Do que está falando? — Perguntei confuso a abraçando novamente, porém ela tentou me empurrar.

— Eu gosto de você, Karan. Você foi o sonho colorido que os deuses me deram no meio do meu mundo preto e branco. — Respondeu estranhamente e eu franzi a testa. Então ela tocou meu rosto suavemente, acariciando a minha barba. — Eu nunca irei te esquecer, mas seu baldi não vai aceitar que eu me case com você.

Notei uma lágrima grossa deslizar pela bochecha dela e morrer em seu pescoço. Me apressei em secar as outras lágrimas que vieram em seguida.

— Não diga isso!

— Ele não vai aceitar porque eu...

— Você é minha futura esposa. — A interrompi calando seus lindos lábios com um beijo quente. Eu precisava ir embora, pois estava atrasado para o trabalho, entretanto, antes precisava beijá-la novamente. — Não se preocupe com nada, eu não contarei a ninguém o que aconteceu aqui. — Completei a frase e ela me abraçou apertado, chorando copiosamente.

Sentir o calor de seu corpo unido ao meu, era a certeza de que havíamos passado de todos os limites dos nossos costumes. Porém, ali eu já a considerava minha noiva.

Retornamos para a cidade em silêncio, minha mente fervilhava e eu penso que a dela também estava inquieta. Nos despedimos com a saudação habitual e eu segui animado para o meu trabalho.

🍃🍃🍃

— Tudo pronto? — Mamadi perguntou entrando no meu quarto com um enorme sorriso.

Puxei a mão dela, a rodopiando e ouvindo sua doce risada.

— Mais que pronto. Está na hora de visitar minha noiva.

— Are, vamos com calma! Ainda precisamos avaliar se é mesmo uma boa moça que segue os nossos costumes. — Me advertiu séria.

— Tenho certeza que a senhora aprovará.

— Só de ser uma brâmane eu já gosto dela. — Respondeu animada.

— Que Lord Ganesha lhe dê sabedoria para optar por um bom casamento! — Abhniav desejou, também entrando no meu quarto.

Meu irmão nem sequer podia esconder o sorriso de satisfação por finalmente eu me comprometer com uma noiva, assim o caminho para ele se casar com Damini, a moça que ele viu apenas uma vez e se apaixonou perdidamente, se abriria.

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⏰ Última atualização: May 17, 2022 ⏰

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