Capítulo 8

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Estava olhando um ponto fixo na parede, concentrada o máximo possível. Não estava pensando em nada. Só fiquei encarando aquela parede que, para mim, é mais interessante do que a aula de história.

Suspirei de alívio quando o sinal tocou indicando o final da aula. Guardei minhas coisas na mochila e fui em direção a saída. Quando estava quase saindo da sala a professora de história me pediu para ir conversar com ela.

—Lindsey, você é uma excelente aluna. Mas hoje na minha aula você não prestou atenção em nada do que eu disse.

—Desculpe, professora. Prometo que isso não vai se repetir.— falei mas não tinha certeza das minhas palavras. Aquele diário que li agora a pouco tirou completamente a minha atenção.

—Eu espero que você cumpra sua palavra. És a minha melhor aluna e quero que continue assim.— Acenti com a cabeça e sai da sala.

Fechei a porta atrás de mim e tomei um grande susto, quando encontro Júlia na minha frente.

—O que foi?

—O que a professora falou?

—Ela só disse pra eu prestar mais atenção na aula dela.— Falei e ela retirou os olhos.

—Essa mulher é muito exigente.—resmungou enquanto andávamos lado a lado em direção a saída da escola.

—Pois é, mas não podemos fazer nada.

—Infelizmente.

—Como anda seu trabalho em dupla?

— De mal a pior. Larissa e eu não chegamos a conclusão nenhum sem discutir.

— Aí fica difícil.

—Com certeza... E o seu trabalho?

—Tá indo. Hoje o Lorenzo vai lá em casa pra gente ensaiar.

— Só vocês dois naquela casa enorme?— Perguntou e eu acenti.

—Sim.— respondi e no mesmo momento minha ficha caiu. Só iria ficar eu e Lorenzo sozinhos.

— Você se cuida. Sou muito nova para ser madrinha.— disse jogando o cabelo e eu ri.

— A gente só vai ensaiar, nada de mais.

—Eu vou fingir que acredito.— falou e eu neguei com a cabeça. Não poderia acontecer nada de mais. Ou poderia?

                                                ***

Estou quase pegando no sono quando a campanhia toca. Levanto do sofá e vou até a porta, abrindo-a.

—Oi—falei para um par de olhos pretos me encarando.

—Oi—disse e eu dei espaço para ele entrar.

—Então...Por onde a gente começa?—perguntei fechando a porta e virando para olha-lo.

—Vamos começar pela parte da cripta.— falou e eu acenti.

Romeu/Lorenzo

—Quantas vezes, no ponto de morrer, ledos se mostram os homens? É o clarão da despedida, dizem quantos o doente estão velando. Oh! poderei chamar clarão a esta hora? Ó meu amor! querida esposa! A morte que sugou todo o mel de teu doce hálito poder não teve em tua formosura. Não; conquistada ainda não foste; a insígnia da beleza em teus lábios e nas faces ainda está carmesim, não tendo feito progresso o pálido pendão da morte. Tebaldo, jazes num lençol de sangue? Oh! que maior favor fazer-te posso do que com esta mesma mão que a tua mocidade cortou, destruir, agora, também, a do que foi teu inimigo? Primo, perdoa-me. Ah! querida esposa, por que ainda és tão formosa? Pensar devo que a morte insubstancial se apaixonasse de ti e que esse monstro magro e horrível para amante nas trevas te conserve? Com medo disso, ficarei contigo, sem nunca mais deixar os aposentos da tenebrosa noite; aqui desejo permanecer, com os vermes, teus serventes. Aqui, sim, aqui mesmo fixar quero meu eterno repouso, e desta carne lassa do mundo sacudir o jugo das estrelas funestas. Olhos, vede mais uma vez; é a última. Um abraço permiti-vos também, ó braços! Lábios, que sois a porta do hálito, com um beijo legítimo selai este contrato sempiterno com a morte exorbitante. Vem, condutor amargo! Vem, meu guia de gosto repugnante! Ó tu, piloto desesperado! lança de um só golpe contra a rocha escarpada teu barquinho tão cansado da viagem trabalhosa. Eis para meu amor. Ó boticário veraz e honesto! tua droga é rápida. Deste modo, com um beijo, deixo a vida. (Morre.)

Julieta/ Lindsey

—Que vejo aqui? Um copo bem fechado na mão de meu amor? Certo: veneno foi seu fim prematuro. Oh! que sovina! Bebeste tudo, sem que me deixasses uma só gota amiga, para alivio. Vou beijar esses lábios; é possível que algum veneno ainda se ache neles, para me dar alento e dar a morte...— Quando eu termino de falar percebo que deveria beija-lo no momento da peça. Eu deveria estar apavorada com esse fato mas não estou. Ele está me encarando e eu à ele. O ar fica mais pesada a cada milésimo de segundo. Minhas mãos tremem e meu coração está acelerado a ponto de ser ouvido a centímetros de distância.

Ele se aproxima de mim e fica tão perto a ponto de eu sentir seu cheiro levemente adocicado. Quando estamos prestes a encostar nossos lábios um no outro ele se afasta, em um rapidez enorme.

—Eu tenho que ir.—fala nervoso e sai porta a fora me deixando confusa pelo que estava prestes a acontecer. Eu teria cedido? Teria deixado alguém entrar em meu coração tão fácil assim? Não posso acreditar que por pouco aconteceu. Era para ser uma coisa normal porque faz parte da encenação. Mas...Parecia tão real, pelo menos para mim, que...

Isso é coisa de sua cabeça.

Subi para o meu quarto e tomei uma banho gelado. O ar, agora a pouco, tinha ficado quente. Coloquei meu pijama mais confortável e desci para a cozinha.

Fiz um sanduíche com algumas coisas que tinham a geladeira e fui para a sala colocando em um canal de filmes. Escolhi o primeiro que apareceu.

Por coincidência, ou não, o filme que passava era justamente Romeu e Julieta. Tinha acabado de começar.

Já era noite e o sono veio chegando. Minhas pálpebras começaram a pesar e deixei meu corpo relaxar. Depois de um curto período de tempo, adormeci.

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Olá girls and boys.

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Meu Anjo da Guarda.Onde histórias criam vida. Descubra agora