FICA COMIGO - II

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Era noite, e Lid estava no hospital, sentado no banco de espera. Observava as pessoas, com semblantes faciais tristes, pela perda de seus familiares, amigos e colegas. Entre elas adultos e crianças, jovens e mais velhas.

Enquanto Kátia, estava a ser atendida pelos médicos nos cuidados intensivos, tudo o que Lid queria, era ter um amor, um amor para a vida toda.

Mas recebe a notícia de que Kátia está em coma, sem previsão de recuperação, e Lid abatido pela dor em seu coração, volta a sua antiga rotina, escondido na escuridão, alguns achavam que era depressão, na verdade era apenas desilusão.

Já não usava o boné azul escuro, pois mal saía do quarto. Mas todos os dias, ele ia para o Hospital Geral do Zango 4, para saber como ela estava. Uma vez, ele disse: Antes de te amar, eu tenho que te perder. Mas não agora, ainda não chegou a hora. A dor nos seus olhos, é o que eu quero sentir, à dor nos seus olhos. Kátia! Você tem de resistir! - Dissera em lágrimas.

Você lembra de seus sonhos? - Continuou - Você lembra do que me contou? - No monólogo interrogou - Sobre um dia ser aeromoça, e voar sobre os mares, conhecer lugares, por muito tempo estar fora, e quando voltar... - Engoliu saliva - Toda gente ao sentir sua falta, a receberem com abraços, beijos e sorrisos sinceros, de amor e alegria. Então porquê que faz isso comigo? Pensei que fossemos amigos, então fica comigo!!! Kátia, fica comigo - Dizia desesperado com lágrimas a descerem sobre o seu rosto molhado por elas.

Então, Lid foi embora, era hora da escola, quando chega ao colégio, ele senta no final da sala, e olha pela janela, e vê as nuvens brancas do céu, a tornarem-se laranjas, rosas e roxas, como prometeu para Kátia. Ele as viu.

Já fazia duas semanas, que Kátia estava em coma, mesmo assim, ele ainda ia lá, e contava como foi o dia anterior. Uma vez ela sorriu, outra vez parecia chorar. Ele sabia que ela ainda estava lá, mas ao chegar à casa, tudo iria mudar.

- Wilson, eu e seu pai temos algo para lhe contar - Disse Bárbara, sua mãe, um tanto nervosa. Sentada no sofá, enquanto apertava firmemente suas mãos em suas pernas.

- Pode dizer mãe - Lid atira a mochila preta para o sofá.

- Tu és norte-americano juridicamente - Bárbara afirmou.

- Sim, eu sei - Lid respondeu.

- Então, o governo convocou-te para servires no Afeganistão. Não é obrigatório, tens dupla nacionalidade. Mas ao recusar a chamada pelo dever, deixas de chamar pátria aos EUA. A escolha é sua - Contou-lhe Bárbara.

- Que escolha Bárbara?!! Claro que ele vai para a guerra, afinal ele é meu filho!!! - Disse Frank, pai de Lid.

- Calma Frank, não te alteres que assustas o rapaz - Disse Bárbara arrependida.

- Não! Não!!! - Lid Wilson saiu a correr de casa, em direção ao hospital. Corria mesmo sabendo que não poderia chegar lá a pé. Ele lembrou de como conheceu Kátia, de como quase a perdeu, e abando-la agora, seria... Ele não queria deixá-la para trás, mas também não queria desiludir o pai.

Então C68 liga, e ele atende:

- Alô? Como você está? - Acenou pela chamada de vídeo.

- Bem, e você? - Lid respondeu.

- Estou de boa, desculpe desaparecer assim. Fiquei sem computador por um tempo.

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