LUAR - XII

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— Mãe, ele morreu — Dizia Kátia junto à varanda do apartamento de sua mãe, observando as ruas, na esperança de ver Lid voltar da mesma forma que o viu partir.

Todas aquelas pessoas, caminhavam felizes, umas sozinhas mas com sorrisos largos no rosto, pois tinham visto a mensagem de quem elas amam e de quem ama elas, outros aos pares, outros aos grupos.

Dentre todo mundo, ela tinha perdido tudo, voltou-se para a mãe, olhou para ela, apertou os seus punhos com tanta força que partiu algumas unhas.

— Filha você é linda, você é jovem e vai encontrar alguém melhor — Helena tenta consolar a filha com um olhar de tristeza.

Kátia vira-se para a mãe com aquela expressão no rosto que diz " Você sabe do que tá falando?!!" — Kátia não foi o que eu quis dizer, só que já faz 11 meses e meio que ele morreu, suas notas estão boas mas não te vejo sorrir desde então...

— Ele tinha um casaco escuro... — Kátia disse com o rosto para baixo, enquanto tentava não explodir, seu rosto era tapado por um capuz roxo, as mangas do casaco quase que tapavam os seus punhos.

— Filha...

— Ele usava aquele casaco e um boné preto, todas vezes que saía à noite,  ele usava aquele casaco enquanto caminhava pelo Zango 4, eu o via pelo táxi sempre ao voltar da universidade, e pensava: "Por que será que ele faz isso? Não tem para onde ir?" Mas tinha, só não tinha amor e quando ele o encontrou, sabe o quê? O mundo tirou isso dele, a vida tirou isso dele, em pouco tempo eu senti-me viva! E mãe, ele visitou-me no hospital todos os dias, fez-me feliz mesmo sem alegria, Lid não era um rapaz normal — Respirou fundo — Às vezes eu só queria saber porquê que ele morreu, porquê que ele foi até, por uma nacionalidade americana ou pelo nome de um Major que não fez nada para salvá-lo?

Vou sair mãe, eu preciso sair.

— Volta antes das 10h:30 p.m. filha.

— 'Tá bem mãe — Kátia adotou o estilo de Lid, comprou um casaco preto, um boné azul marinho e um ténis roxo, saiu para respirar ar puro, naquela noite de luar.

E todas as outras noites dos últimos 3 meses depois daquela conversa, ela caminhava pelas ruas de Zango 0 enquanto ouvia  "Natural de Imagine Dragons", todas as noites que saía para caminhar, e ficava a espera do outro lado da estrada, na esperança de Lid voltar algum dia, parecia que estava tudo bem com ela, mas não estava, não estava depressiva mas sim revoltada contra o mundo, contra a vida, contra tudo e os auscultadores abafavam o som de tudo na rua, por breves instantes abafavam até a dor.

Ao atravessar a estrada vê-se quase atropelada por um caminhão, mas salva por um polícia de trânsito, ele era bem jovem, uns dois anos mais velho com 1.78 de altura.

— Você não devia correr esse risco — Diz com um ar sedutor.

— Você não manda em mim! — Dizia enquanto ia embora.

— De nada!! — Gritou o polícia, branco de cabelos castanhos e olhos azuis.

— Idiota, pensa que sou qualquer uma — O telemóvel chama e ela atende.

— Alô mãe, o que foi?!

— Vê como fala criança!! — Responde a mãe — Passa na Petshop e compra comida para a Priscila, a minha bebé está com fome.

— É uma gata mãe, não um bebé e a Petshop fica muito longe daqui, cerca de 47min. até lá, não vai dar jeito.

— Ainda bem que você vai filha, beijos — Termina a chamada.

— Aaaah! Droga!

Enquanto Kátia caminhava, olhava para a lua, tão linda, tão majestosa e tão só.

Lembra das vezes que Lid lhe contara sobre a lua e sobre o quanto a amava, e se tivesse de realizar um sonho, seria de ver o mundo sentado na lua, enquanto a luz do sol batia no lado direito do rosto dele e nem que durasse alguns minutos, seria a morte perfeita — Porquê, porquê você está tão só lua? Porquê não namora o sol lua? Sei, é mais difícil do que parece, você nos dá 7% da luz dele. E quer dizer, não importa o quão longe estejamos. Nós teremos sempre algo de quem nos amou, aqui e agora.

Assim como você tem a luz do sol e a dá ao mundo, eu tenho o legado de Lid e o darei ao mundo, mesmo que haja um abismo entre nós.

                LUA

O que foi
O que fez
Para você sofrer

Branca como a neve
Sua beleza ninguém teve
O sol não te amou
Mas o mar te transformou
No que mais odiou

Então me deixa

— Me deixa te amar,
Te ter e te beijar
Esquece seu corpo
E vem me amar
Minha alma incendiar

Com seu olhar
Não me esqueça, até eu voltar

Eu só quero te amar. Lua.

— Lid? — Ela virou-se para ele.

— Olá Sunset.

— Me beija Moonlight! — Ele a beija, seus lábios tocavam no dela e seus beijos sabiam a algo mais doce que o mel, seus braços a tinham presa, ao seu corpo, os peitos dela o deixavam sem fôlego, ele a aperta ainda mais forte e ela gemia de tanto prazer, que diz: Pára, não agora guarda isso para o casamento. Como você vive não entendo?

— É uma longa história, mas fica comigo e aprecie este luar.

— Você voltou, meu Deus eu devo estar louca! Ó céus!! Foi a lua? O que eu fiz? Não devo falar com astros como se fossem pessoas! Estou a enlouquecer!

Voltei, e voltarei quantas vezes forem necessárias. Por te amar — Ele tenta acalma-la, ao segura-la pelos ombros.

— Lid... — Os olhos de Kátia enchiam-se de lágrimas, mas não as soltaram.

— Eu estou aqui — Ele sorri, e a abraçou. Forte, ele a abraçou.

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