LIFE HURTS - XXXVI

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"Há coisas que simplesmente acontecem, e dores, que simplesmente não desaparecem."

STARS: A vida de Lawliet

Naquele dia Lid acompanhou Aurora até ao hospital, ela fez um teste, nada parecia normal, estava doente.

"A morte é algo lindo, quando você sabe para onde vai. E algo sombrio, quando você não vai."

- A Morte do Pequeno Leo.

- Nunca entendi essa estrofe Lid - Ela diz, um tanto triste pela notícia que recebera.

- Ali, conta-nos que morrer não é um problema, quando você é Cristão. Mas torna-se um problema, quando você viveu muito tempo e desiste do cristianismo.

- Como você sabe?

- A mãe de quem conta a história de Leo, é cristã. Bem, mudemos de assunto, o que o médico disse?

- Repouso absoluto, uma semana em casa por prevenção - Dizia enquanto suspirava amargamente por causa do futuro tédio - Isso vai ser chato - Murmurou.

- Bem, tenho de ir. A gente se vê então - Lid deixa o quarto e casa de Aurora, e volta para casa, no caminho vê Mike que ia em direção à casa de Aurora, Lid sentiu-se incomodado com aquilo, Mike fingiu não tê-lo visto.

- Ciúmes? - Ele pensou - Não, não deve ser isso - Parado na rua, naquela noite de super lua, e um seu estrelado, Kátia aparece, foi mesmo inesperado.

- Moon, observando a lua - Ela sorriu para ele.

- Sun... Olá - O clima estava pesado, com Lid de um lado e Kátia do outro, entre uns duzentos centímetros de distância, naqueles passeios. Ela mostrava um ótima aparência, com tamanha elegância.

- Você continua bonita - Elogiou-a.

- Você continua a usar chapéu - Lembrou dos bons momentos com Lid, então suspirou e disse: Pensei que não usava mais, senti falta dele na sua cabeça, para ser sincera.

- Há coisas que não mudam - Disse constrangido.

- Você mudou, desistiu de nós. Sem motivo algum - Ela disse, enquanto virava o olhar para o asfalto.

- Você ignorou tudo que havia entre nós, não atendia mais minhas chamadas, não respondia minhas mensagens e nunca ligou de volta, Kátia. Nunca! - Respirou fundo - Agora se você acha, que pode voltar e reconstruir tudo que o vento levou - Engoliu saliva - É mais fácil o Titanic ter destruido o Iceberg - Afirmou.

- Claro, eu fiz tudo que pude! Mas nem toda gente tem um pai que trabalha no governo dos EUA, ou uma mãe com negócios internacionais, há quem tenha de decidir, e foi isso que eu fiz Lid, eu decidi - Dizia enquanto olhava para ele na esperança de restaurar o amor destruído, por seus objetivos.

- Decidiu me esquecer - Lid abanou a cabeça - Quer saber?! Eu achava que você era o amor da minha, mas enquanto eu faço a figura de louco apaixonado, o meu verdadeiro amor pode estar tirando a sua própria vida agora - Imaginou por breves instantes, enquanto tinha seu coração ferido por não ter Kátia consigo agora.

- Lid! - Exclamou surpresa e profundamente magoada - Decidi viver, viver com você! Mas eu não podia fazê-lo se fosse uma simples mulher, eu tinha que ser mais, Lid - Aponta para sí mesma com a mão direita, ao usar o dedo indicador.

- Eu sempre te amei, pouco importa seu padrão social - Falava enquanto movia a cabeça para os lados, para o céu e para baixo.

- Algum dia, nós teríamos filhos, você falaria de suas conquistas pessoais, académicas e profissionais. E eu Lid? O que diria? Que o importante é o amor? Como eu os inspiraria? - Ela o enfrentou.

- Já deu Kátia. Eu vou embora. - Lid dá às costas.

- Sabe, você não passa de um menino mimado Lid! - Kátia o chamou a realidade - Acha que o mundo gira à sua volta, acha que é a única pessoa com problemas e que sabe o que é realmente amar, mas quer saber?! Eu, cansei!!! Lid, eu cansei!!! Vê se cresce!!! - Ela vai embora, com a calça jeans azul escura uma blusa preta com uma estrela amarela no centro, e cabelo liso, e uma camisa jeans escura aberta. Estava sem batom, apenas usava sombra, Lid estava de uma T-SHIRT de mangas compridas de cor preta, uma calça azul marinho, tênis pretos e um boné preto, com um relógio prateado no pulso esquerdo.

Lid chega revoltado em casa, bate com a porta ao entrar na sala.

- Ei! Cuidado Poeta! - Repreendeu-lhe Lia, que comia batatas fritas sentada no sofá com os pés cruzados. Enquanto via um documentário sobre as dez maiores obras da arquitetura moderna.

- Não, me, estresse, Lia! - Diz furioso, entra no seu quarto e bate a porta igualmente furioso.

Atira o boné na cama, senta no chão do quarto junto à parede.

Medo! Desespero! Ansiedade, e depressão. Os sintomas de um coração ferido, por um amor vivido.

- Lid - Lia bateu a porta com a mão esquerda, estava de shorts azuis claros, uma blusa amarela apertada com um coração branco no centro - Você está bem.

- Eu estou - Respondeu friamente com uma voz rouca.

- Lid, o que foi - Ela insistiu.

- Eu, eu só quero estar sozinho - Respondeu mau humorado.

- "Hey! O que você faz aqui sozinha?! Não é bom estar sozinha, nunca é bom. " - Ela repetiu a frase que Lid um dia dissera a Raquel.

- Você leu "A morte do pequeno Leo?" - Surpreso questionou.

- Eu li, por você. Para entender você Lid - Ele levantou e abriu a porta. A luz do corredor entrara em seu quarto, e fez uma linha de luz da lâmpada fluorescente, no meio de toda aquela escuridão. No quarto de Lid.

- Eu - Suavemente Respirou fundo - Você acha que tudo que eu sinto é mero egoísmo? Talvez eu não deva ser escritor, ou tentar encontrar o amor, talvez eu deva desistir desse sonho ridículo - Disse cabisbaixo. Enquanto levava em conta as últimas palavras de Kátia.

- Hey! - Ela levanta a cabeça dele pelo queixo, com o dedo indicador da mão direita - Você é a pessoa mais talentosa e dedicada a literatura que conheço, você não merece uma mulher qualquer, você merece mais do que imagina.

- Acho que todo mundo vê isso, menos eu - Olhava fixamente com o olhar triste nos lindos e claros olhos de Lia.

- Lid, se você desistir agora, ninguém saberá aquilo que você começou - Sorriu, e o abraçou. - Agora, descanse - Lia lhe sugeriu.

- O que você vai fazer agora Lia? - Perguntou.

- Um retrato digital seu, e você? - Pergunta Interessada.

- Vou escrever - Afirmou, decidido.

- Ore antes de dormir, isso faz bem - Aconselhou-o.

- Beijos Lia.

- Beijos Lid - Lid deixou a porta aberta, sentou em sua cama e tirou um caderno de sua mochila preta, pegou numa caneta de filtro e então escreveu:

DEPRESSÃO

Sinto que existo
Mas não me sinto vivo

Mas, eu existo

Sei disso

Nesse mundo vazio, triste e sombrio
Eu existo
Sinto isso
Mas não me sinto vivo

- Porque a vida mágoa, e eu o sinto, de amar Kátia De Carvalho. Eu desisto!


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