QUE A TORTURA COMECE - VIII

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Estava frio e húmido, mas não silencioso, não havia silêncio, ouvia meus camaradas chorarem, gritarem pelas torturas que lhes eram feitas por um único homem sem máscara, sem colete à prova de bala, pálido mas alto.

Ele arrancava-lhes os dentes e perfurava suas línguas com pregos, partia-lhes os pés com martelos!! Cortava o dedo mindinho a quem gritasse muito, meu coração dispara!

Batia cerca de dez mil vezes por segundo! Meu Capitão, cantava uma música para crianças, dissera que nunca mais poderia voltar a cantar para a sua filha, pois dizia: Os mortos não cantam - Eu não fui pego a matar ninguém, mas o fiz, e a minha vez chegou, a minha vez de morrer.

Naquele momento, tudo passou pela minha mente, pelos meus olhos, Bárbara minha mãe, Lia minha prima que tenho como irmã mais velha e Kátia meu eterno amor.

Eles molham-me com água gelada e em seguida põem um taser no meu pé, a dor era tanta, eu via flashes de toda uma vida que perdi naquele quarto escuro, longe do mundo!

Já nem ouvia minha própria consciência, do nada o taser é retirado de mim e põem um ferro de engomar na minha perna esquerda e fui atirado para uma cave cheia de escroto de cabrito com homens quase mortos, o sol não penetrava ali, estava escuro, sujo... Eu quero morrer.

Não sei há quanto aqui tempo estou, não se sabe quando é dia quando é noite, o pior. É que andamos as cegas esbarrando um com os outros, com fome e sede.

A comida é entregue uma vez por dia, pelo tempo que faz. Ou talvez mais.

Entregue com uma garrafa de água, uma tigela com série de cinco ovos cozidos totalmente salgados e uma tigela de legumes apodrecidos e quando ela viesse a luta começava, era o único momento que se via alguma luz, já que abria-se uma espécie de entrada para cães naquela porta de aço. Fria e grossa.

Quem achasse a comida no escuro primeiro comia, outros morriam a fome.

Ninguém conversava com ninguém. Depois de um tempo, não sei quanto eu fui levado de volta, posto frente à um espelho, não me reconheço! Eu estava... eu parecia outra pessoa, mais magra e mais velha, cheia de barba e cabelos desarrumados e um bigode horroroso.

Eles mandam eu correr, junto com dez outros e deixam a gente ir.

Muito bom né? Eu nem queria acreditar, sorri, eu sorri!!!

Na verdade eu alucinei, eu ainda estava frente ao espelho esperando por uma equipe de resgate, algo que só os tolos sonhavam.

Fomos pendurados outra vez e espancavam-nos com bastões de aço pelos pés e pelas mãos, levávamos socos e pontapés no abdómen, assim como levávamos chicotadas nas costas, batiam em nossos abdómens novamente.

Os banhos eram de água quente, atiravam para nós, umas três vezes seguidas e outros! Bem, outros faleciam ainda pendurados.

Um dia o homem magro veio até mim e disse: Você é muito jovem, quer uma oportunidade para viver? - Cuspi um dente cheio de sangue na cara dele e retalhou-me com um soco no estômago -Você não morreu. - Disse -você é forte, entre para a Yakuza Vermelha, liderada por Azuma Asuka e volte para casa - Continuou.

- O que tenho de fazer? - Pergunta quase sem fôlego, olhos em direções opostas, quase fechados.

- Vamos para Tóquio, Japão. Matar Orthus Manusof, um capitão Bratva! - Talvez, não devesse perguntar.

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