Capítulo 18 - Yohan

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- Yohan! O que você fez?! - Mosquito cochichava desesperado.

- Já disse que não foi minha culpa! - respondeu se defendendo. - Louco Joe se matou!

- Você não ia só perguntar sobre eles?!

- Mas foi o que fiz!

- Com uma arma na cabeça dele?! - Mosquito estava apavorado.

- Mosquito, esqueça isso! - disse Yohan. - Ninguém sabe que fui eu.

Ainda...

Com sorte ele conseguira se esconder na noite anterior, antes que os irmãos de ferro que estavam próximos achassem Louco Joe morto. Mas Bud ficou furioso e Milles preocupado, então estavam interrogando todos os irmãos da Forja.

- Mas vão nos interrogar! - disse ele levando as mãos na cabeça. - O que vou falar!? Faltam apenas dois anos para que eu volte pra minha vida! Não quero morrer!

- Mosquito! - Yohan o segurou pela camisa, próximos dos ombros para que se acalmasse. - Diga que não viu nada. Eu sei me cuidar.

Mosquito estava nervoso. Yohan imaginava que ele poderia denunciá-lo, não por vontade, mas pelo medo de acharem que era seu cúmplice. Mesmo assim não faria mal a ele, apenas contava com o silêncio de seu amigo. O rapaz concordou com a cabeça, mas Yohan não podia dizer se era porque de fato entendeu ou se ficou com medo de sua reação. Então ele soltou o operário lentamente, sem desviar o olhar. Mosquito, sem reação, saiu caminhando a passos largos pela porta principal da oficina.

Fiapo veio pouco tempo depois. Havia saído a pedido de Mosquito. O seu auxiliar magricela era uma das pessoas que ele mais gostava. Seguiu apertando os parafusos de um dos veículos, como se Mosquito e ele houvessem conversado sobre algo banal.

- Tudo bem, senhor?

- Ah, sim, Fiapo - respondeu ele, sem olhar para o rapaz. - Está sim. Mosquito queria saber se sei algo sobre Cisco e Fantasma.

Fiapo não respondeu nada. Apenas ficou observando com seus olhos de inocência.

- Já falaram com você? - perguntou Yohan, quebrando o breve silêncio estranho que Fiapo havia estabelecido.

- Não, senhor.

O rapaz continuava observando, com seus olhos curiosos, estáticos, quase aguardando uma autorização.

- Quer me perguntar algo, Fiapo? - Yohan não tinha porque esconder nada de seu amigo. Fiapo era confiável.

- Você matou ele mesmo, senhor? - perguntou Fiapo, envergonhado por duvidar dele.

Yohan parou o que estava fazendo e o encarou. O auxiliar se encolheu e era impossível dizer se foi de medo ou de vergonha da pergunta. Andou então em direção até onde ele estava e sentiu que o rapaz estremeceu.

- Eu não matei ninguém - disse olhando nos olhos de Fiapo. - Louco Joe se matou para não me contar sobre Milles e me incriminar, ainda por cima - fez uma pausa. - Você acredita em mim?

- Sim, senhor! - Fiapo balançou vigorosamente a cabeça concordando. Parecia convencido com a resposta.

- O que vai dizer quando falarem com você?

- Que não vi nada, senhor!

- Ótimo - disse Yohan, satisfeito. - Me traga algo para consertar.

Fiapo então trouxe uma moto de um dos coletores, Palito. A moto não tinha problemas graves, exceto que o freio não estava funcionando direito. Yohan consertou com facilidade enquanto colocava seus pensamentos em ordem. A manutenção dos veículos o mantinha concentrado. Ele gostava de fazer isso porque entendia como as máquinas funcionavam. Diferente das pessoas, instáveis e imprevisíveis.

As Crônicas do Apocalipse - Livro 1 - O Senhor do Tempo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora