- Meu pai não tinha o direito de ter feito isso comigo.
Mustafá jogou os papéis em cima da mesa, logo em seguida se levantou com todo ódio que sentia e serviu-se de um raki enquanto era observado por Stenio, seu advogado e melhor amigo.
- Fica tranquilo. –O homem disse. –Releia os papéis, talvez não seja tão ruim assim.
- Você só pode estar de brincadeira, eu não quero me casar, muito menos com quem eu não conheço.
- As pessoas fazem isso todo o tempo aqui em Istambul. –Stenio deu de ombros.
- Não sou todas as pessoas e você sabe disso.
Enquanto terminava sua bebida, Mustafá observava a janela. Seu pai, Demir Ayata, havia falecido há três meses, deixando um testamento à punho e letra, onde estava claro que o filho mais velho só poderia assumir a empresa de joias, tradição da família Ayata, se estivesse casado. Porém, casamento, era uma palavra que não estava no vocabulário do galã. Demir e Mustafá não se davam muito bem, sempre que estavam no mesmo ambiente, acabavam brigando e isso só poderia ser castigo. Ele estava se sentindo em um daqueles livros românticos que envolviam contrato e tudo mais.
- Esse foi o último pedido dele. –Stenio interrompeu seus pensamentos. –Casa logo e pronto, depois você se separa e volta sua vida de mulherengo, não precisa esse drama todo.
- Por acaso eu tenho cara de mulherzinha para fazer drama? –Murmurou voltando a ler os papéis. –Tudo bem, mas vou logo avisando que não serei o marido perfeito e deixe isso bem claro para essa tal mulher.
- Seu pai só pediu para que a respeite, Mustafá.
- Estou vendo que ele listou até as coisas que devo ou não fazer. –Debochou o homem de olhos azuis. –Isso não me choca.
- Ele não fez lista nenhuma, mas você poderá fazer.
- O que está querendo dizer com isso? –Perguntou interessado enquanto ajeitava um botão de seu paletó.
- Faça um segundo contrato. –Sugeriu o advogado. –Coloque as cláusulas, o que quer e o que não quer, seu pai deu um ano de casamento e caso desistam antes, pode fazê-la pagar pela quebra. Porém, ela também poderá incluir algumas regras.
- Isso pode ser uma boa ideia.
- Claro que sim. –Stenio respondeu convencido. –Sou seu amigo, farei o possível para que saia desse casamento antes do previsto.
- Conto com você.
- Bom, vou indo ajeitar tudo isso, nos falamos depois.
- Você a conhece? –Mustafá perguntou.
- Não, só sei seu endereço.
- E não pode me passar?
- Calma, rapaz, você terá tempo para conhecê-la. –Sorriu de canto.
Mustafá observou Stenio sair de sua sala e começou a digitar algo em seu computador, após ler e reler várias vezes o que havia proposto, enviou por e-mail para o advogado. Depois disso, ligou para Bianca, uma brasileira que havia ido fazer intercâmbio em Istambul e acabou ficando, ela era sua melhor amiga, depois viraram amantes e voltaram a ser amigos novamente. Bianca era uma grande companhia para Mustafá e ele queria sempre mantê-la por perto, muita gente pensa que são namorados ou noivos, mas no fundo eles sabem que não é verdade e acabam se divertindo com esses boatos todos.
- Estou chocada com isso. –Bianca disse se referindo a história do casamento, enquanto bebia um copo de água que ele havia acabado de lhe servir. –O que pensa em fazer a respeito?
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AMOR POR CONTRATO
ChickLitMustafá, único herdeiro da "Império Ayata", precisava de uma esposa para assumir os negócios da família após a morte de seu pai e vê sua vida de mulherengo ir por água abaixo. Berna Steinl, uma turca que viveu por anos em Manhattan, está de volta a...